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DEZEMBRO / 2008

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Chamada

Prefácio

Primeira Edição

Corpo Editorial

[BETWEEN] -1

[BETWEEN] -2

[BITS, BYTES& BATOM]

[E AGORA, JOSÉ?]

[EM DESTAQUE]

[EM DEBATE]

[EM SOCIEDADE]

[INDÚSTRIA]

[HOW TO]

[LÁ DE FORA]

[O2] - 1

[O2] - 2

[ETC & TAL]

[EVENTOS]

FIM

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BETWEEN

EDIÇÃO ATUAL - Dezembro 2008

Benefícios da Experiência Científica na Graduação

Um Depoimento do Ponto de Vista do Aluno

Este documento relata a experiência de uma aluna de graduação que participou de uma competição do simpósio de IHC (Interação Humano-Computador). Qual a importância de uma participação de simpósio para alunos de graduação? Como os professores e a instituição podem ser colaboradores do crescimento profissional do aluno?

Sou aluna da graduação do curso de Ciência da Computação da UFMG. Estou cursando o meu último ano do curso e no início deste ano estava vivendo o dilema que tantos alunos do último ano vivem: o que fazer depois de formado? Devo partir para o mercado de trabalho ou continuar na área acadêmica? Estava assistindo a maioria dos meus colegas com o mesmo dilema. Talvez você já tenha passado por isso e saiba que não é fácil tomar decisões que alterem todo o curso de uma vida. Acredito que nesse momento, a angústia de não saber o que é realmente o melhor a se fazer pode nos levar a tomar decisões pura e simplesmente por uma questão de status social ou questões financeiras.

Decidi fazer mestrado porque acreditava ser importante para a minha qualificação profissional. Porém, ainda não conhecia bem a área científica nem tinha idéia de qual área de pesquisa seguir. Eu já tinha trabalhado em uma empresa na área de desenvolvimento de sistemas e foi uma experiência muito enriquecedora, mas ainda não tinha feito nada na área de pesquisa. Tive então a oportunidade de começar um projeto na área de IHC como bolsista de iniciação científica. No início era tudo muito novo e diferente do que eu estava acostumada. Durante as minhas primeiras horas no laboratório lia artigos científicos e começava a experimentar um mundo novo.

Fiquei encantada com a diversidade de assuntos que envolvem uma área de pesquisa e como a mente parece voar a cada nova descoberta. É um encontro com um infinito que motiva discussões, questionamentos, reflexões e uma sede de conhecimento. Estava gostando da experiência e sentia que estava indo bem no grupo de pesquisa.

Foi nesse momento que, juntamente com outros dois alunos bolsistas (José Ricardo Moura e Vitor Oliveira), recebemos a proposta da nossa professora orientadora Raquel Prates para fazer parte de uma competição de avaliação de sistemas dentro de um simpósio brasileiro de IHC, o IHC 2008. Uma proposta assim me pareceu ousada demais. Nós três tínhamos acabado de começar a estudar métodos de avaliação de interfaces. Mas a professora Raquel estava tão empolgada com a idéia que propôs focar o nosso projeto de pesquisa nessa competição.

Sendo assim, começamos a nos preparar para a competição. Eu sentia que era mais uma obrigação a ser cumprida do que de fato algo que tinha o interesse em fazer. Mas depois que, junto com a professora Raquel, definimos analisar o Orkut e utilizar os métodos da Engenharia Semiótica, percebi que estávamos trilhando um caminho inovador e desafiador. A nossa equipe ficou motivada, tínhamos um sistema grande e muito popular para analisar. Trocávamos idéias com amigos até de fora da área da computação. A escolha pela Engenharia Semiótica nos fez aprender muito também. Acabou abrindo espaço para discutirmos com os mestrandos do departamento que estavam pesquisando na área. Não demorou para que nós nos empolgássemos. Fizemos um grupo de discussão, criamos um nome para a equipe e todo dia no laboratório nos divertíamos contando um para os outros os problemas que tínhamos conseguido encontrar. Fazíamos vários testes com o Orkut, partilhávamos as dificuldades com a aplicação dos métodos. Era uma troca contínua de telas do Orkut de um lado para o outro.

Dedicamos até parte das nossas férias para escrever o relatório. Tivemos ajuda do mestrando Rodrigo Silva e da professora Raquel para escrever o nosso artigo. Nunca tinha escrito um artigo nos moldes de uma conferência antes e foi muito bom contar com as experiências deles para ficarmos atentos ao escopo do trabalho, se estávamos sendo claros e objetivos nas nossas colocações e para lidar com a questão de espaço. Às vezes, escrevia várias linhas de texto e quando chegava para discutir com a equipe o meu texto, recebia um “corta isso” para lá, “isso não é um problema” para cá, “seu texto não está claro o suficiente”, “talvez seja melhor colocarmos o problema do Vitor ao invés do seu”… Enfim, um aprendizado muito além do que eu poderia imaginar. Percebi a dificuldade de perder as minhas idéias para dar espaço para a dos outros, perder horas para escrever um texto e chegar a conclusão que ainda não estava bom. Receber críticas para aprimorar, discutir para chegar em uma meta comum. Hoje posso ver a beleza de um trabalho em equipe, o quanto cresci como profissional e também como pessoa.

Quando recebemos a notícia que o nosso artigo era finalista da competição, fiquei muito feliz! Percebi que todo esforço tinha valido muito à pena e que alegria era compartilhada com toda a nossa equipe. Tínhamos recebido o reconhecimento do nosso trabalho e isso, além de muito motivador, era também gratificante.

Nem todos puderam ir ao simpósio apresentar o nosso artigo, então fui escolhida pela equipe para apresentá-lo. Foi a primeira vez que participei de um simpósio. Foi uma experiência única dividir o mesmo auditório com tantas personalidades da área de IHC que só conhecia dos livros e artigos. Gostei de assistir aos trabalhos de pessoas que já têm mais experiência em pesquisa, pude perceber o estado da arte dos trabalhos científicos e também ouvir os relatos da indústria. Aproveitei os momentos do coffee break para conhecer pessoas novas, para trocar idéias de temas de trabalho, tirar dúvidas e discutir sobre os trabalhos apresentados.

No momento da minha apresentação, senti um pouco a adrenalina de estar apresentando o nosso trabalho dentro de um evento tão importante. Não foi fácil, mas depois que terminei senti uma satisfação muito grande pela oportunidade que recebi.

Sinto que a participação no IHC 2008 superou todas as minhas expectativas. Consegui chegar onde nem podia imaginar, estabeleci contatos importantes para a minha vida profissional, aprendi mais sobre os méritos, desafios e expectativas para a área de IHC, entendi melhor o que é fazer pesquisa científica e finalmente pude tomar uma decisão mais consciente sobre a minha vida profissional.

Escrevendo esse artigo, refleti sobre o papel importante que um professor tem na vida de um aluno. Inicialmente nem queria participar dessa competição e também pela orientação que recebi pude ir além e aprender tanto. Um professor orientador deve estar pronto a informar e motivar seus alunos a adquirir conhecimento também em atividades extras classes. Para mim como aluna, foi muito gratificante perceber o empenho da minha professora em auxiliar o trabalho da nossa equipe.

O apoio das instituições também é fundamental, as oportunidades geradas pelos projetos, bolsas de pesquisas e simpósios concorrem para que o conhecimento seja mais democrático e possam auxiliar os alunos inexperientes que querem crescer profissionalmente e buscam uma qualificação melhor para um mercado de trabalho tão concorrido.

A todos os alunos gostaria de deixar o convite para se lançarem nas atividades extras curriculares durante o curso. Acredito que além de ser uma oportunidade muito boa para complementar o processo de aprendizagem, pode ajudar a esclarecer dúvidas e a tomar decisões quanto aos próximos passos profissionais.

Boa sorte!

Sobre a autora

Raquel Lara dos Santos é estudante do curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Conclui o curso esse ano e é bolsista da FAPEMIG de iniciação científica na mesma universidade. É orientada pela professora Raquel Prates, e o tema do seu projeto final é Métodos de Avaliação de Sistemas Interativos Baseados em Engenharia Semiótica.


»Esta é uma publicação eletrônica da Sociedade Brasileira de Computação – SBC. Qualquer opinião pessoal não pode ser atribuída como da SBC. A responsabilidade sobre o seu conteúdo e a sua autoria é inteiramente dos autores de cada artigo.

v01n01/18.txt · Última modificação: 2020/09/22 02:31 (edição externa)

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