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DEZEMBRO / 2008

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FIM

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BETWEEN

EDIÇÃO Dezembro 2008

Inglês e a atuação em computação

Para quem trabalha em computação, a língua inglesa é mais importante que a última versão do JAVA

Para os alunos de computação, comunicar-se em inglês é fundamental, com benefícios para a atuação no mercado, na academia e no desenvolvimento pessoal.

A questão é clara, é tiro certo sob qualquer aspecto que se analise.

Aprenda, fale, comunique-se e escreva em inglês. Já. Ontem. Não disponho de uma teoria unificadora ou de uma prosa capaz de juntar os diversos aspectos que justificam o estudo da língua, assim defendo cada ponto separadamente. Leia os que lhe apetecerem.

Não existe vida na academia sem inglês. As principais conferências brasileiras, repito brasileiras, pelo menos em TI (Tecnologia da Informação), aceitam artigos em inglês. Algumas delas só aceitam artigos e apresentações em inglês. Não preciso nem dizer que o material de ponta, seja ele feito nos EUA, Reino Unido ou na China, literalmente, está em inglês.

Treine a fala também. Em um dos últimos congressos que fui, aqui no Brasil, as apresentações eram necessariamente em inglês. Uma excelente iniciativa. No entanto, alguns palestrantes eram péssimos. Tenho certeza que eu só os entendia por ser brasileiro e estar acostumado com brasileiros falando inglês. Eu não entendia quando eram mexicanos ou argentinos falando inglês (com exceções, encontradas entre representantes de todas as nacionalidades). Os convidados estrangeiros não entendiam nada também. Mas é um começo. Não há dúvida que, no ano seguinte, serão melhores.

O inglês não é mais a língua dos americanos… E nem a língua dos súditos da Rainha [da Inglaterra]. Lingüistas já detectam influência no inglês vinda de falantes de outros países. Essas pessoas utilizam o inglês, muitas vezes, como interface entre dois outros idiomas, mesmo quando não há nenhum falante nativo de inglês no processo. É com o inglês que converso com um amigo alemão.

Se é bom para a Alemanha… E falando em Alemanha, ainda que Caetano advogue que só é possível filosofar em Alemão, diversas universidades alemãs já oferecem cursos superiores parcialmente ou mesmo integralmente em inglês. Isto faz parte de um esforço do governo para atrair alunos estrangeiros. Para muitos destes cursos há disponibilidade de bolsa. Para os interessados, o governo financia cursos de alemão, mas o inglês é mais uma porta de entrada.

É uma vantagem competitiva. Por enquanto. Se você está no mercado ou na academia, falar a língua do outro, além da óbvia ampliação da sua área de atuação, reduz a possibilidade de erros e aumenta a sua produtividade. Já há espaço suficiente, no que quer que você faça, para cometer erros colossais. A língua desconhecida só potencializa.

Você pode não ser o mais rápido da turma ou o mais brilhante, mas se você domina a língua do outro, você pode ser a melhor opção. Não sou bom em analogias de boleiros, mas o capitão do time não é o que mais faz gol, e sim o que melhor se comunica. E na computação, o outro provavelmente irá falar inglês, seja nativo ou não. O manual do novo software ou linguagem provavelmente estará em inglês, seja ele escrito na Índia, Brasil ou Japão. Se você nem ao menos lê em inglês, estará fadado a só ter contato com boa parte das novas tecnologias em um segundo momento, quando houver uma tradução disponível. Se você buscar uma solução para aquele problema do seu servidor e não falar inglês, não terà à sua disposição milhares de fóruns e chats de usuários de todo o mundo. Talvez você tenha um colega que solucione o problema mais rápido, não pelo seu domínio do Ubuntu, mas por ter acesso a mais recursos que você.

Contatos facilitados. Conto aqui dois casos, facilmente transpostos para outros contextos. Resolvi aprender francês. Talvez tenha contado o fato de que cada vez mais gente fala inglês, e o meu domínio da língua de Shakespeare já não basta para garantir alguma vantagem competitiva. Mas, o fato é que, meu pouco conhecimento do francês foi o suficiente para causar uma boa impressão em um professor francês e garantir minha aceitação em um programa de doutorado na França. Não defendo que o mérito foi exclusivo da minha [pobre] capacidade de jogar conversa fora na língua de Balzac, mas ajudou na transmissão das minhas idéias e, sobretudo, mostrou minha boa vontade para com sua cultura, país etc e, especialmente a intenção de aprender.

Noutra ocasião, num congresso, o conferencista convidado, americano, ficava muitas vezes só (no coffee break por exemplo) e sempre disponível. Fui lá e fiz o contato. Aprendi muito e tenho mais alguém a quem consultar.

Rapport. Agora repito o tópico anterior para os adeptos da programação neurolingüística. Nela, é importante transmitir a mensagem no meio preferido pelo freguês, seja ele visual, cinestésico etc. É crença minha que uma transmissão mais adequada passa pelo uso da língua do outro, ou pelo menos, leva o jogo para um campo neutro, como acontece comigo e o meu amigo alemão. Ele fez um esforço para aprender uma nova língua e pode ficar mais à vontade se eu também fizer o mesmo.

Serviços em inglês no Brasil. Há cada vez mais espaço para a prestação de serviços para o exterior, e não só na indústria do turismo. Em TI, isto acontece tanto no atendimento de clientes estrangeiros quanto em empresas de atuação global. Nestes ambientes, com equipes espalhadas pelo mundo, o inglês é requisito fundamental. Com a expansão da nossa economia também começamos a ver empresas brasileiras de TI abrindo filiais no exterior. Nem preciso insistir muito nisto. Há uma abundância de artigos na nossa imprensa atacando o assunto.

É lógico que é possível aprender. Se você aprende C, Java, Assembly, PHP, Python e não sei mais quantas línguas, não vai se intimidar por uma língua que não tem nem um terço das conjugações verbais do português. Comece falando de qualquer jeito. Assista filmes sem legenda ou com legendas em inglês. Visite sites em inglês. Com prática e dedicação, não é difícil se comunicar, ainda que o sotaque sobreviva. Não é isto o mais importante. Às vezes sinto que meu domínio do inglês está ficando “enferrujado”. No entanto, sempre que volto a praticar, o avanço é rápido, como andar de bicicleta.

Concluindo

Sei que “É bom para você” é o supra-sumo da auto-ajuda, mas que fique claro que o que digo vale no contexto da minha experiência. Se 10% servir para você, estou no lucro. Mas acompanhando meu próprio aprendizado, acho que aprender outra língua é o Biotônico Fontoura, ou Viagra (para ser mais moderno), do cérebro: fortalece o raciocínio e expande horizontes, culturais ou de soluções. Aprender uma nova língua é necessariamente ver que as coisas podem ser diferentes. As diversas formas de aprendizado usualmente incluem contato com elementos da outra cultura. Por fim, acredito também que o próprio domínio do português seja beneficiado. Ver como são as estruturas e estratégias de outra língua facilita o reconhecimento das belas estruturas e estratégias do nosso bom, e nem tão velho, português.

Sobre o autor

Roberto Pinho é doutorando em ciência da computação no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo, onde desenvolve pesquisas em Visualização de Informação. Gosta de exercitar o português no seu blog pessoal, www.ascoisas.com. Em 2009, pretende iniciar os estudos de chinês.


»Esta é uma publicação eletrônica da Sociedade Brasileira de Computação – SBC. Qualquer opinião pessoal não pode ser atribuída como da SBC. A responsabilidade sobre o seu conteúdo e a sua autoria é inteiramente dos autores de cada artigo.

v01n01/20.txt · Última modificação: 2020/09/22 02:31 (edição externa)

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