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BITS, BYTES & BATOM

EDIÇÃO ABRIL 2009

Google Prêmio Brazil Women in Technology Award

Conheça as ganhadoras da primeira edição do prêmio no Brasil

Com o baixo índice de mulheres que terminam cursos de Computação e Engenharias, a Google lançou em 2008 o Prêmio Brazil Women in Technology. Confira neste artigo as alunas ganhadoras da primeira edição deste prêmio no Brasil.
Troféu da Google entregue às premiadas

É notório o baixo índice de mulheres que terminam cursos como Ciência da Computação e Engenharias. Por esse motivo foi lançado pelo Google o Prêmio Brazil Women in Technology (Mulheres brasileiras na Tecnologia), que visa incentivar mulheres em cursos de graduação, mestrado e doutorado nas áreas relativas a Ciência da Computação e Engenharias. O concurso brasileiro, que tem apoio da Sociedade Brasileira da Computação (SBC), é inspirado no prêmio Anita Borg, que premia mulheres envolvidas com tecnologia em outras partes do mundo. A entrega dos prêmios ocorreu em dezembro na cidade de Belo Horizonte, MG, onde fica a sede de pesquisa e desenvolvimento da Google no Brasil.

“No Google buscamos talentos e notamos que há um baixo índice de mulheres na área de tecnologia. [Nesse mercado] há falta de incentivo para que mulheres que iniciam faculdade ou cursos técnicos concluam seus estudos. É um espaço em que ainda existe uma grande predominância masculina”, afirmou Patricia Prieto, gerente de captação de talentos do Google Brasil.

As finalistas passaram por três etapas até serem selecionadas. Na primeira, foram analisadas suas cartas de recomendação e projetos enviados em inglês. Na segunda etapa, as estudantes foram entrevistadas por pesquisadores do Google e, na terceira fase, discutiram seus projetos. As vencedoras receberam laptops e realizaram uma visita especial ao escritório de engenharia do Google em Belo Horizonte. A iniciativa brasileira é inspirada no prêmio Anita Borg que, em diversos países, destaca ações de mulheres envolvidas com tecnologia.

“Ficamos felizmente surpreendidos com o número de inscrições e com a qualidade dos trabalhos recebidos já no primeiro ano do prêmio”, diz Berthier Ribeiro-Neto, diretor da Google Brasil. “Para o Google é uma satisfação muito grande poder incentivar o desenvolvimento dessas jovens”, completa.

Conheça a seguir, um pouco mais das alunas extraordinárias que conquistaram este prestigiado prêmio.

Conheça as Alunas Premiadas

Carla Geovana do Nascimento Macário

Doutoranda em Ciência da Computação – UNICAMP/SP

Carla fez faculdade em Brasília, na UnB e mestrado na Eng. Elétrica da Unicamp. Atualmente, é aluna de doutorado no IC/Unicamp, sob orientação da Profa. Claudia Bauzer Medeiros. É pesquisadora da Embrapa, lotada na Embrapa Informática Agropecuária, que fica aqui em Campinas também. Desde 2006, está afastada de suas atividades para desenvolver seu curso de doutorado. Vários fatores a motivaram para participar deste concurso: o objetivo, que era de motivar mulheres na computação; a empresa patrocinadora, que é o sonho de consumo de várias pessoas; a Claudia que está sempre incentivando suas alunas a participarem de eventos semelhantes (em 2007 tentou o Grace Hopper). Carla continua impressionada com o efeito que este concurso tem. Até hoje pessoas a cumprimentam pelo prêmio. No seu caso, foi feita uma matéria vinculada na Embrapa e em outros jornais relacionados à agricultura, o que foi interessante. Além disso, o presidente da empresa enviou uma mensagem lhe parabenizando. Carla acredita que isso abrirá portas para outros eventos. Para incentivar a participação de outras meninas nas próximas edições do concurso, só existe uma dica: acreditar sempre. Carla não esperava ser uma das ganhadoras, mas mesmo assim se inscreveu. Acredita que a oportunidade de conhecer outras meninas e discutir sobre a mulher na computação foi demais. Além, é claro, da viagem, presentes e visita à Google. Seus planos atuais de carreira incluem publicar trabalhos, defender seu doutorado, retornar à Embrapa (no próximo ano), desenvolver projetos de pesquisa na Empresa e se der tudo certo, iniciar algumas atividades de motivação para mulheres.

Ingrid Oliveira de Nunes

Doutoranda em Informática – PUC-Rio

Ingrid Oliveira de Nunes obteve recentemente o título de mestre em Informática e iniciou seu doutorado em Ciência da Computação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), orientada pelo Prof. Carlos Lucena. Sua área de pesquisa é Engenharia de Software, focando principalmente em Sistemas Multi-agentes e Linhas de Produto de Software. Sua participação no concurso foi motivada pelo seu orientador e professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), universidade na qual fez seu curso de graduação. Dentre os professores, o Prof. Carlos Lisboa foi um grande incentivador. Além disso, Ingrid já havia discutido algumas vezes o assunto de mulheres na computação com seu pai, Prof. Daltro Nunes, que é professor na UFRGS e foi palestrante no “II Workshop on Women in Information Technology” realizado no Congresso da SBC de 2008. A participação no concurso promovido pela Google trouxe muita satisfação para ela. Além de ter recebido o prêmio e o reconhecimento pela sua atuação na área, ela diz ter sido muito importante debater situações específicas e dificuldades que mulheres na computação geralmente passam, tais como o preconceito. Assim, a experiência no concurso foi tão satisfatória, que Ingrid aconselha fortemente que estudantes de computação que sejam elegíveis para o concurso participem das próximas edições: “A viagem à Belo Horizonte foi excelente. Conheci gurias muito legais, com as quais ainda mantenho contato e visitei a sede da Google situada na cidade, e ainda por cima ganhei um laptop novo. Acredito que estes incentivos já sejam suficientes para motivar a participação das alunas”. Após completar seu doutorado, Ingrid ambiciona continuar trabalhando com pesquisa, seja em universidades ou no setor de pesquisa de empresas.

Glaucia Boudoux Peres

Mestre em Ciência da Computação – UFPE

Glaucia defendeu o mestrado antes do Carnaval de 2009 e agora atua como consultora na área de definição de processos, qualidade e testes, no Paraná. Sua expectativa é de entrar em contato com 10 empresas e por em prova as idéias que desenvolveu na universidade. Para se inscrever no concurso, recebeu um email com a divulgação através de um amigo e seu interesse foi instantâneo. “O que mais me motivou foi a curiosidade de conhecer o Google, de entrar em contato com mulheres de outros lugares que trabalham com tecnologia e a chance de trocar idéias com elas. Acho muito importante a existência de concursos desse tipo para mostrar a cara das mulheres de TI aqui no Brasil.” Com a sua participação no concurso, descobriu várias iniciativas no mundo todo de grupos de mulheres que se organizam para discutir sobre o assunto. “Melhor ainda foi ver que as pessoas na empresa onde eu trabalhava reconheceram a importância do prêmio. Meus professores do mestrado me deram total apoio desde o começo do concurso e ficaram muito orgulhosos. Saí bastante feliz e com vontade de divulgar o papel importante da mulher no mundo de TI. O impacto na minha carreira mesmo, profissionalmente, ainda não deu para sentir, muita coisa aconteceu de lá para cá, mas a expectativa é de colher bons frutos daqui pra frente.” Para as alunas que estão pensando em participar das próximas edições do concurso, a dica é simples: nem pensem duas vezes antes de se inscreverem! “A experiência é engrandecedora. Conheci muita gente interessante e mesmo em tão pouco tempo aprendi bastante com elas. E, caramba, visitei uma empresa de ponta, que cria produtos importantes para a vida de milhões de pessoas, que trabalha de uma maneira inovadora e atrai profissionais extremamente qualificados.” Seus planos atuais de carreira também são igualmente simples: “fazer todo dia uma coisa que me assuste; continuar aprendendo; e crescer.”

Anna Izabel João Tostes Ribeiro

Mestranda em Informática – PUC/MG

Anna recentemente se formou como bacharel em Ciência da Computação pela PUC Minas e iniciou o mestrado, também na PUC, no Programa de Pós-graduação em Informática (PUCMG). Participou do concurso promovido pela Google porque acha interessante esta iniciativa de incentivar mulheres na tecnologia e gostaria de fazer parte desta experiência. “Acredito que as mulheres têm um grande potencial para a computação. Elas são naturalmente mais organizadas e sensíveis devido à (talvez) sua natureza intrínseca. Entretanto, faltam informações reais sobre como é o trabalho dessas profissionais no dia-a-dia.” Anna relata que foi muito importante participar do concurso para a sua carreira. É um incentivo a mais para continuar se empenhando nos trabalhos desenvolvidos e em novos projetos. “Este concurso reconhece todo um trabalho, esforço e estudo na tentativa de se tornar uma boa profissional, seja como pesquisador ou na indústria. Em todo lugar que vou, sempre há a pergunta: ‘E como foi o prêmio da Google?’ É um privilégio ter participado. Às vezes parece impossível ganhar um prêmio desses. Mas quando acontece, você se pergunta: ‘Por que eu?’” Anna recomenda que outras meninas de tecnologia do Brasil participem do concurso! É uma experiência indescritível e que vale à pena. Sua dica para as futuras candidatas é: preparem-se estudando muito, atingindo boas notas (média acima de 80%), aprendendo inglês, tendo contato com pesquisa, seja através de iniciação científica, mestrado ou doutorado naquilo que lhe interesse. Se possível, procurem algo inovador. Anna lembra que ainda dá tempo de preparar sua participação para este ano. Depois desta experiência, seus planos são fornecer palestras sobre mulheres na computação e terminar o mestrado o mais rápido possível para poder iniciar logo o doutorado. “É época de estudar, adquirir o máximo de conhecimento que eu conseguir para me preparar melhor para o futuro que me aguarda.”

Karina Mochetti de Magalhães

Doutoranda em Ciência da Computação – UNICAMP

Karina está terminando seu mestrado em Marcas d'Água para Mapas Vetoriais e iniciando seu doutorado em Criptografia Pós-Quântica. Ambos no Instituto de Computação da UNICAMP, onde concluiu sua graduação em 2006, em Engenharia da Computação. O principal motivo para se inscrever no concurso foi o fato de se orgulhar de ser uma mulher na computação e de sempre tentar incentivar outras garotas a estudarem essa área. “Desde o meu primeiro ano na graduação eu tento unir as poucas mulheres do meu curso para entender porque esse número é tão baixo e como podemos modificar isso. Para tanto, tento sempre participar de eventos direcionados a estudantes do ensino médio e fundamental, como a UPA (Universidade de Portas Abertas) e a OBI (Olimpíada Brasileira de Informática).” Karina relata que a principal importância em participar no concurso foi a experiência de estar ao lado de mulheres tão bem sucedidas na área de computação. “Isso me deu ainda mais paixão e vontade de trabalhar nessa área. Foi uma experiência de vida muito gratificante.” Para incentivar outras alunas a participarem de iniciativas como esta, Karina diz que um prêmio como este é importante na vida de qualquer profissional e as experiências trocadas durante os dias de premiação são de grande valia. “Acho que por sermos poucas garotas na computação temos que unir forças e tentar modificar esse quadro. A Google preza muito qualidade de trabalho, e a criação deste prêmio para mulheres demonstra que elas podem ser tão boas quanto os homens, tanto em pesquisa quanto em tecnologia.” Atualmente, Karina está focada no seu doutorado, e gostaria muito de realizar parte da pesquisa em outro país – principalmente para conhecer outras culturas e formas de trabalho e pensamento. Após o doutorado, Karina gostaria de continuar trabalhando com pesquisa, ou em uma grande empresa de tecnologia como a Google ou a Apple, ou em alguma grande universidade. Também planeja fazer uma segunda graduação em artes ou humanas, possivelmente em Cinema ou Literatura. “Acho a interdisciplinaridade importante na vida de qualquer profissional.”

Concluindo

As premiadas no escritório da Google em Belo Horizonte

Este artigo apresentou as ganhadoras da primeira edição do Prêmio Brazil Women in Technology. Patricia Prieto ainda ressalta que o prêmio também foi desenvolvido para discutir como reverter as estatísticas atuais e ter mais mulheres trabalhando na área de tecnologia. “Sabemos que faz diferença ter mulheres envolvidas nos processos de desenvolvimento de produtos e serviços que terão mulheres como parte do grupo de consumidores”, diz ela. **A realização da edição do Prêmio em 2009 já foi confirmada! Então, fiquem atentos às notícias da SBC e da SBC Horizontes!!*

Recursos

Website da Google

Google Brazil Women in Technology Award

The 2009 Google Anita Borg Memorial Scholarship

Esta é uma publicação eletrônica da Sociedade Brasileira de Computação – SBC. Qualquer opinião pessoal não pode ser atribuída como da SBC. A responsabilidade sobre o seu conteúdo e a sua autoria é inteiramente dos autores de cada artigo.
v02n01/24.txt · Última modificação: 2020/09/22 02:31 (edição externa)

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