A experiência de um bolsista de iniciação científica apresentando lá fora

Os simpósios internacionais são apenas para os professores e alunos de pós-graduação? Não mesmo! Neste artigo mostro um pouco sobre a minha experiência apresentando um trabalho em um evento na Coréia do Sul.

Sou bolsista de iniciação científica há pouco mais de dois anos. Desde então, tive oportunidade de participar no desenvolvimento, publicação e apresentação de artigos científicos em eventos. Estas participações costumam estar limitadas a eventos nacionais ou em solo brasileiro. Entretanto, este ano, tive a experiência de apresentar um artigo científico em um evento internacional na Coréia do Sul.

Eu fui escolhido pelo meu orientador, Prof. Dr. Philippe Navaux (UFRGS), e co-orientador (com o qual trabalho desde o começo da minha iniciação científica), doutorando Rodrigo da Rosa Righi, para apresentar a nossa publicação em workshop junto ao HPCC-09 (11th IEEE International Conference on High Performance Computing and Communications) na cidade de Seul, Coréia do Sul. Para isso, contamos com o auxílio financeiro da Microsoft. Esta foi uma experiência única, a qual descrevo aqui. Nas seções seguintes, apresento a minha visão dos acontecimentos, separando-os em três partes: a participação no evento, a apresentação do artigo e a viagem à Coréia.

Foi muito interessante estar ali, junto a importantes nomes da área. Presenciar as discussões sobre temas presentes e futuros, acompanhar as tendências de pesquisa e o que vem sendo estudado em outras instituições, compartilhar as próprias idéias e opiniões. Tudo isso acaba somado à experiência e conhecimento.

Além disso, momentos como os coffee breaks e o jantar do evento são grandes oportunidades para conversar. Com isso, pude ampliar minha rede de contatos no meio científico. Foram ótimas chances para conhecer melhor pesquisadores de outros lugares e ouvir um pouco sobre suas universidades. Acabei conversando com pesquisadores de nacionalidade francesa, alemã, chinesa, malaia, norte-americana, entre outras. Sendo um graduando, esses momentos ganham ainda mais importância, mostrando novos caminhos e opções para a realização de mestrado e doutorado. O mais engraçado em todas essas conversas era quando me perguntavam onde eu estava fazendo o meu ‘doutorado’!

Perante o prédio do evento, na Korea University

Em matéria de apresentação em eventos, a única diferença entre os eventos nacionais e os internacionais é o idioma. Mesmo assim, isso tem mudado, pois alguns eventos nacionais estão adotando o inglês para apresentação de trabalhos. Os ouvintes daqui possuem o mesmo nível daqueles de outros países, e eu não preciso dizer como a língua inglesa é essencial para as pessoas no mercado de TI.

Eu percebo que mais importante que ter um inglês impecável é sentir segurança no que se está apresentando. A confiança no conhecimento sobre o problema e a pesquisa faz toda a diferença. Esse é o tipo de coisa que vem com o tempo de estudo e, claro, muito ensaio.

O melhor da apresentação foi ver que as pessoas presentes conseguiram captar a idéia da nossa pesquisa. Elas o demonstraram através de perguntas interessantes e comentários pertinentes. Tudo isso se mostra relevante no processo de pesquisa, além de gratificante. As idéias e dúvidas dos ouvintes podem resultar em novos caminhos de pesquisa e em melhorias no trabalho atual.

Sendo a minha primeira viagem ao exterior, tudo me era muito novo. Tendo ido com tempo de folga para o caso de qualquer imprevisto na viagem, acabei conseguindo passear e conhecer um pouco da cidade de Seul. A beleza do lugar e todas as suas diferenças me marcaram com belas lembranças. Além disso, conhecendo novos lugares, pude perceber as qualidades de onde vivemos, assim como os problemas que podemos resolver.

O povo coreano é muito solícito. Mesmo pessoas que não entendiam inglês tentavam me ajudar nos momentos em que estava um pouco perdido. Tudo me pareceu bem organizado e limpo. Não tive problemas com a alimentação por lá (apesar da comida ser realmente apimentada). Uma característica interessante que descobri em um restaurante de comida coreana é que eles não utilizam a faca em suas refeições, tendo à mesa apenas o garfo, a colher e os tradicionais pauzinhos.

As dificuldades com o idioma coreano não atrapalharam o meu passeio, tendo em vista que sempre havia informações em inglês no metrô e em placas de trânsito, entre outros. A Coréia do Sul me passou a impressão de ser um lugar moderno, mas que mantém viva a sua cultura e história.

Eu passei toda a minha estada em um albergue. Isto é algo comum entre os estudantes que viajam a trabalho ou passeio. Tive uma ótima experiência hospedado lá. Além do custo reduzido, tive a oportunidade de conhecer pessoas de diversas nacionalidades. Com isso, acabei fazendo novas amizades com os bons momentos de descontração.

Perante o prédio do evento, na Korea University

Essa experiência me fez crescer tanto como acadêmico quanto como pessoa. Aconselho a todos que tiverem chances como esta a não deixá-las passar. Mesmo bolsistas de iniciação científica tem as suas oportunidades! Para começar como bolsista, busque informações com seus professores ou grupos de pesquisa de interesse.

Site da conferência

Site da Korea University, anfitriã da conferência em 2009

Lista de albergues internacional, com sistema de reserva

Informações de turismo na Coréia do Sul e em Seul.

GPPD: Grupo de Processamento Paralelo e Distribuído

NDOS: Núcleo de Desenvolvimento Open Source e Interoperabilidade

Laércio Lima Pilla é aluno do curso de Bacharelado em Ciência da Computação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Membro do Grupo de Processamento Paralelo e Distribuído – GPPD – no Instituto de Informática da UFRGS. Atualmente, é bolsista de iniciação científica em Projeto de Interoperabilidade junto à Microsoft. Suas áreas de interesse são alto desempenho, arquitetura de computadores, GPGPU e modelos paralelos.

»Esta é uma publicação eletrônica da Sociedade Brasileira de Computação – SBC. Qualquer opinião pessoal não pode ser atribuída como da SBC. A responsabilidade sobre o seu conteúdo e a sua autoria é inteiramente dos autores de cada artigo.