O CLEI (Conferência Latino americana de Informática) completou neste ano a sua trigésima quinta edição, a qual foi realizada na cidade de Pelotas/RS. Até então, nenhum evento no nível latino americano sobre mulheres em computação havia sido realizado. O Primeiro Workshop Latino Americano de Mulheres em Computação foi realizado no dia 23 de setembro com o objetivo de promover e incentivar a participação de mulheres nas áreas da computação de forma ativa. Eventos deste tipo, como o Grace Hopper Celebration nos Estados Unidos e o Women in Information Technology (WIT) no Brasil, nos mostraram que existe interesse da comunidade de computação em discutir a presença feminina na área e que esse é um assunto a ser tratado e discutido amplamente.
A programação do evento foi dividida em duas palestras, um painel e uma mesa redonda. Nesta primeira edição, não houve abertura para submissão de artigos científicos na área, mas acreditamos que, para próximas edições, essa atividade deva estar presente, visto que diversos participantes mostraram interesse em apresentar suas experiências e trabalhos sobre o assunto.
A palestra de abertura do evento foi ministrada pela professora Claudia Bauzer Medeiros (UNICAMP) e intitulada “Questões de Gênero no Ambiente de Ensino e Pesquisa em Computação no Brasil”. A palestra apresentou fatos históricos sobre a inserção da mulher no meio acadêmico (graduação, pós-graduação e pesquisa) e mercado de trabalho, em diversos domínios, como engenharia, matemática, política, economia e computação. Também foram salientadas formas de “trazer” mais mulheres para as áreas de tecnologia de informação. Um aspecto abordado foi a questão de “estereótipos” formados para as áreas de exatas, e uma barreira que é formada para escolha destas profissões.
Em um segundo momento, aconteceu o painel intitulado “O Papel das Mulheres nas Diversas Áreas da Computação e sua Inserção no Mercado de Trabalho”, coordenado pela professora Silvia Botelho (FURG). Participaram do painel: Karin Becker (gerente de projetos da DELL), Paula Pruski Yamim (Cordenadora do Centro de Informática – UCPEL), Claudia Bauzer Medeiros (Professora, UNICAMP), Amanda Argou (Analista de sistemas e Estudante de computação) e Martha Mello (diretora-presidente da Coinpel - Companhia de Informática de Pelotas). Cada convidada contou um pouco da sua história e sua inserção nas áreas da computação. Também foi apresentado como e em que áreas há maior visibilidade para as mulheres. Por exemplo, Engenharia de Software (principalmente em Gerência de Projetos, Análise de Requisitos e Testes de Software) onde há necessidade de inter-relações pessoais e maleabilidade, que são características intrínsecas a mulheres. Também foi ressaltado que o mercado de trabalho busca diversidade, tanto de qualidades técnicas quanto de gênero e que há grandes oportunidades em aberto. Um aspecto abordado pelas convidadas e por diversos participantes é que o mercado diferencia capacitação, e não gênero. O importante é que a educação formal (escola) e informal (família, amigos, etc.) estimule, desde a infância, o estudo em todas as áreas do conhecimento.
No período da tarde, ocorreu a palestra da professora Gabriela Marin (Universidad de Costa Rica), intitulada “O que Motiva e Desmotiva as Mulheres a Estudar Computação?”. A palestra apresentou uma série de estudos e três artigos publicados pelo seu grupo de trabalho, os quais tratam de pesquisas junto a estudantes de computação (graduação e pós-graduação) na Costa Rica relacionando gênero com atividades que envolvem raciocínio lógico, atenção e conhecimento matemático. Também foi realizada uma comparação com outros países, mostrando que a redução do número de mulheres em computação é um efeito mundial.
Em seguida, ocorreu 2a mesa redonda intitulada “Família, Trabalho e Ciência: o Desafio das Mulheres”, coordenada pela professora Lucia Giraffa (PUCRS). Participaram da mesa as professoras Ana Carolina Bertolletti de Marchi (UPF), Gabriela Marin (Universidad de Costa Rica), Leila Ribeiro (UFRGS) e Mara Lucia Carneiro (UFRGS). Cada participante apresentou sua história de vida, mostrando como conciliar o trabalho acadêmico com filhos, marido, casa, e, além disso, realizar pesquisa de alto nível. O ponto principal foi como gerenciar o tempo, extremamente escasso, para a quantidade de tarefas exigidas. A solução apresentada por todas foi a de planejar e organizar as atividades e de buscar o auxílio da família como um todo, sejam os maridos, os filhos ou os pais.
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