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BITS, BYTES E BATOM

EDIÇÃO ABRIL 2010

A Barbie é Engenheira de Computação

Artigo traduzido por Claudia Bauzer Medeiros

Após as muitas mensagens que circularam na SBC-L para incentivar a votação na nova profissão da Barbie Computer Engineering, após todas as mensagens de apoio e de críticas a essa votação, a coluna Bits, Bytes & Batom publica a tradução autorizada de um post do blog do presidente da IEEE, James Isaak. Os interessados em se comunicar diretamente com o professor Isaak, entrem no seu blog: http://www.computer.org/portal/web/cspresident/1/-/blogs

Temos boas e más novidades.

Boas novidades: a próxima profissão da Barbie acaba de ser escolhida. Uma votação arrasadora indicou que a Barbie deve ser Engenheira de Computação. Isto pode parecer trivial – mas na verdade, temos um problema.

Más novidades: 7% dos membros da IEEE Computer Society (o ramo da IEEE voltado para a área de Computação) indicaram seu gênero como feminino. Minha alma mater, Stanford, tem basicamente 10% de mulheres trabalhando em atividades de computação, e aproximadamente 14% de seus alunos de computação são mulheres.

E porque deveríamos nos importar com estes fatos? – Há batalhas animadas que podem ser travadas para discutir se mulheres são diferentes dos homens ou, talvez, de forma mais correta, de que formas são diferentes, e porque. O que é claro é que mulheres têm experiências de vida muito diferentes dos homens (para fatos e argumentos que justificam esta afirmativa, veja a revista IEEE WIE, em que mulheres relatam suas experiências).

Não estou escrevendo isto para pedir simpatia, estou falando de ignorância versus inovação e de desperdício de massa cinzenta.

Quando aumentamos os pontos de vista e a diversidade em um diálogo, aumentamos a inovação e as possibilidades de criatividade. Quem não leva em consideração aspectos de diversidade ao construir sua rede de colaboradores informais mostra que ignora vários fatos chave. O primeiro é conhecimento dos fatores catalistas da inovação, e o segundo é o papel que tais redes têm, a longo termo, no progresso dentro da carreira. Se as mulheres não fazem parte da entrada do pipeline dos cursos de computação, ou das nossas empresas, ou associações profissionais e grupos de interesse onde podemos criar e desenvolver estas redes informais … então estamos sendo privados do acesso a um conjunto de pontos de vista chave.

O desperdício de massa cinzenta é o outro lado da moeda. Muitas mulheres não estão encontrando o seu caminho para a “Alegria da computação” (em inglês, joy of computing). Aliás, isto não é alegria para todos, e já sabemos que apenas um subconjunto daqueles ligados à área pensa assim. Mas eu me recuso a aceitar que este subconjunto seja tão restritivo no que se refere ao gênero como os números que vemos indicam. Naturalmente, se a percepção dos jovens é baseada em algo que não seja alegria – por exemplo, imagens de Halo3 ou excesso de leitura de Dilbert – então obviamente algumas crianças perderão o interesse.

Engenheiros e tecnólogos resolvem problemas para a humanidade. Profissionais de computação têm envolvimento direto e são responsáveis pelo software, as aplicações e mesmo os computadores e dispositivos aplicados a pesquisa médica, análise de DNA, soluções logísticas para atendimento a desastres, personalização da educação para atingir todas as crianças, e mesmo por divertir audiências com animação ou efeitos especiais usando sistemas online ou cinema digital. Os dispositivos legais que permitem a você saber onde estão seus amigos e se envolver em interações sociais (provavelmente inclusive em situações em que você não deveria se envolver) são originários dos mesmos mágicos.  Será que eu cheguei a mencionar que os mágicos de verdade não estão em Hogworts – eles estão trabalhando em programas de engenharia, ciência da computação e tecnologia da informação e alguns outros mais. Um médico pode salvar centenas de vidas, e eliminar a dor de milhares. Os inventores de máquinas portáteis de diálise, ressonância magnéticas, sistemas de diagnóstico computadorizados e outros, salvam milhares de vidas e aliviam a dor de milhões. Acho que você, leitor, entendeu onde quero chegar.

Porque, então, eu me importo com isto? Porque a qualidade de vida do meu futuro (e do futuro dos meus netos, também) depende de conseguirmos envolver o espectro integral da experiência humana na “alegria da computação”. Ora, dirá você, mas este argumento se aplica também a outros eixos da diversidade – econômica, linguística, racial, nacional — é claro!

Será que a Barbie pode nos ajudar? Sim – se ela conseguir atrair o interesse de meninas que vejam que ser uma mágica da computação é “ok” ou “legal”, então vencemos a parada. Mas será que precisamos de mais maneiras de atrair e atingir as jovens? Sim, pois a Barbie não pode fazer tudo sozinha.

Se você tiver alguma sugestão para este problema, responda ao meu blog. E fique atento para oportunidades locais. Algumas, como competições de robótica, feiras de ciência e outras que podem já estar sendo oferecidas na sua região. Dê uma olhada no “National Lab Day” , e veja se pode encontrar um lugar onde você possa ajudar professores a ajudar alunos a descobrir a alegria na (e da) tecnologia.

Recursos

Press Release da Mattel sobre a nova profissão da Barbie: http://www.barbiemedia.com/admin/uploads/ComputerEngineerBarbie.pdf

IEEE WIE Magazine: http://www.ieee.org/web/membership/women/index.html

National Lab Day: http://www.nationallabday.org/


»Esta é uma publicação eletrônica da Sociedade Brasileira de Computação – SBC. Qualquer opinião pessoal não pode ser atribuída como da SBC. A responsabilidade sobre o seu conteúdo e a sua autoria é inteiramente dos autores de cada artigo.

v03n01/19.txt · Última modificação: 2020/09/22 02:31 (edição externa)

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