Uma visão geral sobre a área de informática biomédica e seu mercado de trabalho.
A coluna Perfil desta edição uma entrevista com o professor Carlos José Pereira de Lucena: professor e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e um dos pioneiros da área de computação no Brasil. Ao longo de sua trajetória profissional, o professor Lucena tem contribuído de forma significativa para o desenvolvimento e consolidação das pesquisas em computação, tanto no cenário nacional como internacional. O reconhecimento à sua atuação marcante reflete-se, sobretudo, nos inúmeros prêmios, títulos e homenagens recebidas. Trata-se, sem dúvida, de um nome de destaque na área e motivo de muito orgulho a todos os pesquisadores brasileiros!!!
O professor Lucena fez seus estudos de graduação na PUC-Rio entre 1962 e 1965 nas áreas de Economia e Matemática. Desde 1962 e durante toda a graduação, foi estagiário do Centro de Computação da PUC-Rio, o primeiro do gênero no Brasil (criado em 1960). A partir de 1965 foi contratado pelo Departamento de Matemática da PUC-Rio para coordenar a área que na época era chamada de Matemática Computacional. Em 1968, junto com um pequeno grupo de colegas, fundou na PUC-Rio o primeiro departamento de Informática do país, desde 1977 o primeiro do ranking no Brasil segundo a CAPES - Ministério da Educação. Mais tarde, obteve o grau de mestrado na Universidade de Waterloo (1969), Canadá, e o doutorado pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (1974), Estados Unidos.
Na PUC-Rio, a partir de 1965, foi o primeiro coordenador de pós-graduação e duas vezes diretor do Departamento de Informática, Decano do Centro Técnico e Científico e Vice-Reitor. É professor titular de Informática desde 1982 e participou de todos os colegiados da Universidade. No Computer Science Department da Universidade de Waterloo, no Canadá, que visita regularmente desde 1975, o professor Lucena é “Adjunct Professor” e “Senior Research Associate” do Computer Systems Group.
Seu serviço à comunidade acadêmica brasileira incluiu, dentre outras coisas, sua participação como membro do Comitê Assessor da área de Computação e do Conselho Deliberativo do CNPq (dois mandatos), como presidente da área de Computação na CAPES (dois mandatos: 1980 a 1984) e como coordenador brasileiro da cooperação científica em Informática com a Alemanha de 1972 a 1997 (convênio CNPq/GMD). Recentemente, no triênio 2005-2007, o professor Lucena foi novamente representante da área de computação na CAPES. A partir de 1995 e 1996, respectivamente, representou a comunidade acadêmica no Comitê Gestor do Projeto Internet no Brasil (até dezembro de 1996) e há 11 anos representa a comunidade científica no Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) da Presidência da República.
A atividade de pesquisa do professor Lucena na área de Ciência da Computação, com ênfase em Métodos Formais, Engenharia de Software e Sistemas Multiagentes, está documentada em mais de 450 publicações arbitradas e 19 livros. Até 2009, o professor Lucena orientou 36 teses de doutorado e 97 dissertações de mestrado. Seus alunos de doutorado são professores em centros de pesquisa e universidades no país e no exterior (EEUU, Canadá e Inglaterra). Destaca-se também sua atuação em comitês de programa de dezenas de conferências nacionais e internacionais e em comissões editoriais de revistas centrais da sua área, tanto no Brasil como no exterior.
O professor recebeu, dentre outros, o Prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciências e Tecnologia, do Ministério de Ciência e Tecnologia, em 1987, o prêmio Nacional de Informática (duas vezes: 1988 e 1991) e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, da Presidência da República do Brasil, em 1996. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências e membro da Academy of Sciences for the Developing World, desde novembro/2008.
Recentemente recebeu os seguintes prêmios e títulos: o Prêmio do Sexagésimo Aniversário da PUC-Rio e a medalha CAPES 50 anos, em 2001; o Prêmio de Mérito Científico da Sociedade Brasileira de Computação, em 2002; o Título de Research Fellow do Fraunhofer Institute for Computer Architecture and Software Technology (FIRST, Berlim), em 2003; IBM Faculty Award and IBM Eclipse Innovation Award, em 2004; a Medalha Carlos Chagas Filho de Mérito Científico (indicada pela Diretoria e pelo Conselho Superior da FAPERJ), em 2005; IBM Eclipse Innovation Award, em 2006; o Prêmio Personalidade Assespro 30 anos, também em 2006, e o reconhecimento como Distinguished Scientist da ACM, em 2009.
Nessa entrevista, o professor Lucena fala sobre carreira, premiações e sua visão a respeito do futuro da Computação. Agradecemos à disponibilidade em dividir com nossos leitores um pouco de sua história e experiências na área.
Prof. Lucena: Vou inverter a ordem das questões. No início dos anos 60 a PUC-Rio recebeu um sistema Burroughs (Datatron) que foi o primeiro grande computador instalado numa universidade da América Latina. Em torno de um único professor (Prof. Jacques Cohen) foi formado um grupo de 15 estagiários, estudantes de engenharia e matemática, selecionados dentre os que frequentaram, com destaque, os primeiros cursos ministrados pelo professor. Eu estava entre eles. Pouco depois o professor se transferiu para Brandeis, nos EEUU, e os estagiários se tornaram auto-didatas. O que me atraiu para a computação foi o meu gosto pela matemática numérica que passou a ganhar uma nova dimensão com o advento dos computadores.
Minha carreira envolveu a passagem para a recém-criada área de Ciência da Computação (meados dos anos 60) no mestrado e no doutorado. Ajudei a criar o primeiro programa de pós-graduação na área em 68 e posteriormente passei a me dedicar à pesquisa na nova área de Engenharia de Software com ênfase, inicialmente, em métodos formais. Dediquei toda a carreira à formação de alunos nessa área, a projetos de grande porte neste novo campo do conhecimento e ao serviço eventual, em cargos da universidade e em comissões de agências governamentais de Ciência e Tecnologia, atuando, neste caso, como conselheiro. Nos últimos vinte anos me dediquei à direção do Laboratório de Engenharia de Software (LES) que além da produção acadêmica clássica, dedicou-se também à inovação tecnológica e cooperação com o setor produtivo.
Prof. Lucena: Fui eleito em 1996 (há 13 anos) para a área de Ciências da Engenharia. A missão do acadêmico é divulgar a relevância da Ciência para a sociedade em geral e promover o diálogo interdisciplinar. Da interação entre as diferentes especialidades surgem os resultados científicos de maior impacto. Como membro do corpo editorial do Journal da Academia procuro divulgar a boa pesquisa na área de Ciências da Engenharia.
Prof. Lucena: Dou um valor especial ao primeiro prêmio Álvaro Alberto dado para um especialista da área de Informática pela Presidência da República e para o recente prêmio de Distinguished Scientist da ACM, que é a mais antiga e maior sociedade científica da nossa área.
Prof. Lucena: O reconhecimento da existência de grupos de pesquisa de primeira linha em Ciência da Computação no Brasil é hoje fato bem conhecido pelos principais cientistas da nossa área em todo o mundo. O número de jovens pesquisadores brasileiros já reconhecidos internacionalmente por seus trabalhos mostra que a inserção da comunidade brasileira no panorama internacional tende a crescer muito nos próximos anos.
Prof. Lucena: Minha grande área de interesse é a Engenharia de Software de Sistemas Multiagentes. Quanto ao futuro, arriscaria no impacto esperado da recém inaugurada Ciência da Web e em mobilidade.
Prof. Lucena: Tecnologias mudam todos os dias. Bons fundamentos em teoria de algoritmos e métodos formais da computação, dentre outros conhecimentos básicos da área, permanecem e permitem a migração suave para novas tecnologias.
Página do professor Lucena: http://www-di.inf.puc-rio.br/~lucena
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