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DEZEMBRO / 2008

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FIM

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BITS, BYTES & BATOM

EDIÇÃO Dezembro 2008

Mulheres em Computação

Uma questão estratégica

Este é o primeiro de uma série de artigos sobre um novo problema enfrentado por empresas: a falta de mulheres interessadas em seguir carreira na Computação. Por que as empresas consideram isto um problema? Por que universidades importantíssimas nos EUA, Canadá e vários países europeus estão tentando atrair mais alunas em seus cursos?

O que é a coluna Bits, Bytes & Batom?

Este artigo inaugura a coluna Bits, Bytes & Batom, que aborda a necessidade estratégica de atrair mais mulheres para a Computação. A coluna não é dirigida só a mulheres, mas a todos os leitores da SBC Horizontes, pois trará muitas novidades de interesse geral. O objetivo principal é discutir os vários tipos de problemas associados a questões de gênero em Computação e apresentar iniciativas brasileiras e internacionais para resolvê-los. Além disso, a coluna irá tratar de vários assuntos ligados à presença feminina em Tecnologia da Informação – quem somos, quantas somos, no que trabalhamos. Quais as opções de carreira, quais os eventos promovidos e que oportunidades estão surgindo no Brasil e no mundo para atrair mulheres para a Computação.

A SBC vem organizando desde 2007 um evento específico neste tema, chamado WIT (Women in Information Technology). Procurem no site da SBC pelas páginas do WIT, que têm inclusive cópias das transparências apresentadas pelas convidadas – pesquisadoras e profissionais da Computação no Brasil e no mundo. Olhem também os links na seção de Recursos, ao final desta coluna.

Por que mulheres em Computação? Não é “história da Luluzinha”, não!

Muita gente pode achar que é exagero dedicar tanta atenção a questões de gênero em Computação. Afinal, não faltam só mulheres – falta gente qualificada. Em todo o mundo, está diminuindo o número de alunos candidatos a cursos em Tecnologia de Informação, enquanto a demanda está aumentando. No Brasil, por exemplo, estima-se que há uma demanda anual por mais de 20 mil profissionais, enquanto os cursos de nível superior formam muitíssimo menos gente.

Se o mercado está aquecido, por que a falta de interesse? Uma das razões é que os jovens não conhecem todas as opções de trabalho existentes. Na verdade, hoje em dia, qualquer carreira exige conhecimentos de computação. E é preciso gente especializada para ajudar os demais. Um dos objetivos da SBC Horizontes é ajudar este tipo de divulgação.

Por que, então, a ênfase em mais mulheres? Não é “clube da Luluzinha” – muito pelo contrário. Há muitas razões econômicas, que têm origem em estatísticas sérias, realizadas em dezenas de países, por universidades de renome. Em primeiro lugar, estudos abrangendo dezenas de países e centenas de empresas vêm mostrando que equipes mistas (com homens e mulheres) desenvolvem trabalho mais eficiente em Computação. Em segundo lugar, os empresários costumam dizer que homens e mulheres se preocupam com aspectos diferentes de um produto. Em terceiro, o mercado consumidor é de no mínimo 50% de mulheres – e, portanto, as equipes que produzem precisam pensar como pensam as consumidoras. Aliás, nos EUA, quase 70% das compras por produtos de informática são feitas por mulheres. Finalmente, um estudo realizado sobre patentes em computação entre 1980 e 2005 mostrou que produtos desenvolvidos por equipes compostas por homens e mulheres sempre têm mais patentes que aqueles desenvolvidos só por homens ou só por mulheres – por exemplo, 42% mais patentes em periféricos, ou 29% mais patentes em software.

Há, também, razões sociais. Se mulheres não optam por cursos em Tecnologia da Informação por acharem, por exemplo, que não são interessantes, então vão educar seus filhos com a mesma idéia. O resultado será a diminuição constante de profissionais na área. E todos nós sabemos que o progresso tecnológico de um país exige muita gente qualificada – e muitos especialistas em computação.

O que podemos fazer? Há muitas iniciativas. Uma tarefa importante é promover VISIBILIDADE – mulheres têm muitas oportunidades de carreira interessantes na Computação. E a coluna Bits, Bytes & Batom vai se preocupar com isso… Por exemplo, a carreira de pesquisa. Veja um exemplo a seguir.

Pesquisa em Bancos de Dados – Há muitas mulheres nesta área?

Durante o Simpósio Brasileiro de Bancos de Dados (SBBD), em outubro, em Campinas, as professoras e alunas de pós-graduação que estavam presentes decidiram tirar uma foto em conjunto. Vejam as fotos a seguir – de professoras, de alunas de pós e do conjunto. Notem que, nessas fotos, há muitas professoras e poucas alunas. Isso poderia ser usado como mais um exemplo da falta de mulheres em Computação. No entanto, temos que lembrar que as professoras são “perenes”, enquanto alunas de pós permanecem nesse status por 2 a 5 anos apenas. Desse modo, seria esperado que houvesse menos orientandas do que professoras. Ainda assim, o número é pequeno. A iniciativa das fotos é um exemplo de como as professoras e orientandas nesta área estão conscientes da necessidade de tornar o problema visível.

Professoras reunidas no Simpósio Brasileiro de Banco de Dados em Campinas em outubro/2008. Da esquerda para direita, primeira fila: Fernanda Baião, Mirella Moro, Cláudia Bauzer Medeiros, Carmem Hara, Maria Claudia R. Cavalcanti (Yoko), Ana Maria Moura, Marta Mattoso, Renata Galante, Marina Pires Vieira, Ana Carolina Salgado, Maria da Graça Tomazelli; segunda fila: Elaine Parros M. de Sousa, Valéria Times, Agma Traina, Maria Camila Barioni, Bernadete Loscio, Cristina Ciferri, Carina Dorneles, Vanessa Braganholo, Helena Grazziotin, Marilde Santos, Vania Bogorny.
Alunas de graduação e pós-graduação que trabalham com Bancos de Dados
Todas juntas – professoras e alunas tentam dizer “bancos de dados” em conjunto

E vejam que esta área de pesquisa, no Brasil, tem a fama de atrair muitas mulheres. Por que seria? Não sabemos, mas tenho uma hipótese: o trabalho em bancos de dados exige contato muito grande com usuários, para levantamento de requisitos, testes, entendimento do problema. Muitos estudos mostram que mulheres costumam ter mais prazer em atividades que tenham interação social. Outros estudos inclusive dizem que mulheres têm geralmente mais habilidades sociais que homens. Desta forma, áreas de pesquisa que requeiram este tipo de interação atrairiam mais mulheres. Seria só isso? NÃO!!!!!! Pode haver também o efeito do chamado fator role model – alguma pessoa influente que sirva de modelo para nossas atitudes – na carreira ou na vida. Se alunas conhecem mulheres bem sucedidas em alguma área, poderão seguir no mesmo rumo. Assim, como há um número relativamente grande de pesquisadoras em Bancos de Dados no Brasil, isso poderia atrair proporcionalmente mais orientandas.

Aliás, faça um exercício. Escolha algum curso de sua universidade e veja como é a proporção de alunos e alunas. E o corpo docente, segue tal proporção? Será que o efeito role model funciona aqui também? Independente da razão, as fotos estão aí E mostram apenas aquelas presentes no momento – ainda outras professoras e orientandas não puderam participar.

Concluindo - O que podemos fazer? Você tem notícias? Avise-nos!

O que podemos fazer para atrair mais gente para a computação? E mais mulheres? Para manter a coluna viva e interessante, precisaremos de material e novidades! Além do resumo de meu currículo ao final da coluna, acabo de me tornar uma das embaixadoras da ACM (Associação Americana de Computação, com milhares de membros em todo o mundo) para assuntos relativos a mulheres em Computação. Esta atividade da ACM se transformou em um dos grupos especiais daquela sociedade (ACM-W). A ACM produz um boletim na Web, contando novidades sobre tais assuntos em todo o mundo – veja http://women.acm.org/cis-newsletter.html.

Se você estiver participando de alguma atividade voltada a mulheres em Computação, me envie um email! A notícia poderá aparecer no SBC Horizontes e/ou no Boletim da ACM.

Recursos

Sobre a autora

Claudia Bauzer Medeiros é professora titular do Instituto de Computação da UNICAMP, com graduação em Engenharia Elétrica pela PUC-Rio (1976), mestrado em Informática também pela PUC-Rio (1979), doutorado em Computer Science - University of Waterloo (1985) e livre docência em Bancos de Dados (UNICAMP, 1992). Membro da Cooordenação de Área de Ciência e Engenharia de Computação da FAPESP (2004-), foi coordenadora do Comitê Assessor de Computação do CNPq (2001-2002), vice-coordenadora do Comitê de Computação da CAPES (1998-2000). Trabalhando na UNICAMP desde 1985, desenvolve pesquisas em bancos de dados científicos, workflows científicos e sistemas de informação para biodiversidade e planejamento agro-ambiental. Recebeu o prêmio Newton Faller (SBC), o prêmio Change Agent (ACM e Anita Borg Institute) e por 2 vezes o Prêmio de Excelência Acadêmica Zeferino Vaz (UNICAMP). Em 2007, recebeu o titulo de Doctor Honoris Causa pela Universidad Antenor Orrego, Trujillo, Peru e em 2008 foi admitida na Ordem Nacional do Mérito Científico, como comendadora. Sócia da SBC desde 1986, foi presidente da Sociedade por 4 anos (2003-2007), além de várias vezes conselheira e diretora. Além de suas atividades científicas, tem muito interesse em iniciativas para atrair mais jovens para a Computação.


»Esta é uma publicação eletrônica da Sociedade Brasileira de Computação – SBC. Qualquer opinião pessoal não pode ser atribuída como da SBC. A responsabilidade sobre o seu conteúdo e a sua autoria é inteiramente dos autores de cada artigo.

v01n01/22.txt · Última modificação: 2020/09/22 02:31 (edição externa)

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