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EDIÇÃO Dezembro 2011

Nova Era na Gestão da Informação da SBC

Um relato dos alunos envolvidos no desenvolvimento dos novos sistemas da SBC

Este artigo apresenta um breve relato dos alunos que participaram do projeto de desenvolvimento dos novos sistemas da SBC. A intenção é contar a história do projeto e compartilhar com a comunidade algumas experiências adquiridas pelos alunos nesse período. Além disso, são destacadas algumas das novas funcionalidades que foram implementadas nos sistemas que elevaram a qualidade dos serviços da SBC a um novo patamar.

Foi no final do ano de 2009 quando a diretoria da SBC decidiu modernizar alguns dos seus sistemas de controle interno e de prestação de serviços para a comunidade de computação em geral. Na época, o então diretor administrativo o professor Luciano Paschoal Gaspary da UFRGS aceitou o desafio e reuniu aquela que seria a primeira “versão” da equipe de desenvolvimento dos sistemas da SBC, que dali para frente somente viria crescer. Inicialmente, a equipe contava com o aluno Juliano Araujo Wickboldt (na ocasião aluno de mestrado) da UFRGS, como líder do desenvolvimento projeto, e com a professora Renata Galante da mesma instituição, como responsável pelo projeto. Do lado da SBC, foram designadas para fornecer informações sobre os processos da SBC e acompanhar o andamento do projeto as funcionárias Adriana Leandro Nowicki e Fernanda dos Santos Jorge.

Inicialmente, o principal requisito era que os sistemas deveriam ser desenvolvidos “em casa”, visto que muitos processos internos da SBC, como manutenção de sócios e coordenação de eventos, possuem muitas particularidades que requerem uma proximidade grande entre a equipe de desenvolvimento e o dia a dia da operação da SBC. Como um projeto piloto, o primeiro sistema a ser desenvolvido seria então o sistema de controle de inscrições em eventos promovidos pela SBC. Sistema este que por si só já é bastante complexo dadas as particularidades de cada evento promovido, incluindo interfaces que são utilizadas tanto pelos inscritos, quando pelos coordenadores de eventos e pela equipe de administrativa da SBC.

Lançado o desafio, foi em dezembro daquele mesmo ano que demos início a fase de planejamento do projeto. Foram alguns meses de levantamentos, preparação e seleção de um outro aluno para integrar a equipe. Em abril de 2010 foi selecionado o aluno da graduação da UFRGS Luís Armando Bianchin como novo membro da equipe de desenvolvimento. Desde o princípio decidimos pela utilização de ferramentas de código aberto e por um desenvolvimento o mais modular possível, a fim de permitir a evolução gradual dos sistemas no futuro.

Após alguns meses de desenvolvimento nosso próximo marco estava definido. Precisaríamos, fazer uma primeira demonstração pública do sistema no Congresso da SBC de 2010 em Belo Horizonte, MG. Foi então que finalmente batizamos o sistema de ECOS (Event registration and COordination Sistem) e preparamos uma primeira versão com todas as funcionalidades de inscrição completas (seleção de categorias, extras e pagamento). O sistema foi apresentado pela professora Renata Galante durante a reunião da diretoria no congresso e fez muito sucesso. Tanto é que recebemos o aval para iniciar o próximo projeto e desenvolver também o sistema de controle de sócios da SBC.

O ECOS entrou oficialmente no ar no início de 2011 e foram selecionados 5 eventos como piloto para a fase de implantação do sistema: a XI Escola Regional de Alto Desempenho (ERAD 2011) em Porto Alegre/RS, VII a Escola Regional de Banco de Dados (ERBD 2011) em Novo Hamburgo/RS, II Escola Regional de Informática do Rio de Janeiro (ERI-RJ 2011) no Rio de Janeiro/RJ e dois dos maiores eventos (em número de participantes) promovidos pela SBC, o XXIX Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos (SBRC 2011) em Campo Grande/MS e o XXXI Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC 2011) em Natal/RN. A partir de 2012 todos os eventos promovidos pela SBC deverão utilizar exclusivamente o ECOS.

Segunda Fase

Após o sucesso do ECOS, recebemos uma nova e igualmente difícil missão: desenvolver um novo e moderno sistema de gerenciamento de sócios da SBC. Em janeiro de 2011 começou então um novo projeto para tal desenvolvimento. Sabendo que o ECOS ainda estava em fase de implantação a primeira providência foi aumentar a força de trabalho. Dois novos alunos integraram a equipe de desenvolvimento, Pedro Arthur Duarte e Ricardo Luís dos Santos, ambos alunos de mestrado da UFRGS na época.

O primeiro desafio foi prover um mecanismo de integração entre os sistemas, evitando a existência de múltiplas bases de dados. Assim surgiu o Accounts, sistema base, responsável pela manutenção de dados cadastrais de ambos sócios e não sócios, e também responsável pela autenticação dos usuários em todos os outros sistemas. Essa integração permitiu unificar as contas de usuários em um só local evitando repetição de dados de usuário e, principalmente, eventuais inconsistências cadastrais. No futuro, os novos sistemas da SBC que vierem a ser desenvolvidos deverão ser sempre conectados ao Accounts para fins de cadastro e autenticação de usuários.

O desenvolvimento do sistema de gerência de sócios, futuramente batizado de MoM (Management of Members), consistiu então no reprojeto das funcionalidades e do modelo de dados do sistema legado, além da implementação de novos requisitos, elaborados em conjunto a equipe administrativa da SBC. Já considerados essenciais no dia-a-dia da sede, entre os novos requisitos constam os módulos de relacionamentos (amplamente utilizado durante a campanha de renovação 2012), gráficos de associações, baixas de pagamentos automatizadas, dentre outros.

Após validação dos requisitos por parte da equipe administrativa e dos testes de integração, os três novos sistemas, Accounts, ECOS e MoM, entraram em operação na segunda semana de outubro de 2011. Além da implantação em si, essa fase de transição demandou a exportação e adaptação dos dados dos sistemas legados para a nova plataforma, e, é claro, uma vistoria minuciosa visando capturar eventuais inconsistências que poderiam surgir durante a migração dos dados. Logo em seguida, os sistemas passaram por testes controlados em ambiente de produção objetivando capturar um feedback mais detalhado por partes dos usuários. Atualmente, o sistema MoM já está em pleno funcionamento para a campanha de renovação da SBC em 2012.

Principais Novidades dos Sistemas

A partir do mês de outubro de 2011, o novo sistema de sócios (MoM) foi integrado ao sistema de inscrições (ECOS). Essa integração permitiu que unificar o sistema de contas. Agora um usuário efetua o cadastro uma única vez e com a mesma conta (e-mail e senha) pode se associar na SBC e se inscrever em diversos de eventos. Isso é um grande avanço, comparado com o que que havia a pouco menos de um ano atrás: era necessário criar uma conta e informar os dados pessoais a cada inscrição em eventos, além da associação na SBC.

Com base na premissa do uso de ferramentas de código aberto, os novos sistemas da SBC foram construídos sobre o framework Cake PHP. Esse framework segue a risca o padrão de arquitetura MVC (Model-View-Controller) e possui fortes influências do Ruby on Rails, porém na linguagem PHP. Nossa implementação buscou manter os princípios de modularidade e reuso de código. Isso se refletiu em módulos e extensões do framework que são compartilhados por ambos sistemas. Assim conseguimos focar tanto na robustez como no aspecto visual do sistema. Um exemplo dos gráficos para acompanhamento das inscrições em tempo real disponível na interface administrativa do ECOS pode ser visto na figura a seguir.

Screenshot da interface administrativa do ECOS

A proximidade com a sede e a interação entre a equipe de desenvolvimento e o pessoal da SBC são fatores que contribuíram e contribuem muito para o desenvolvimento de um sistema que realmente está em linha com os processos da instituição. Em caso de eventuais falhas no sistema, a equipe da SBC é contatada pelos coordenadores de evento ou pelos próprios usuários finais e informa diretamente aos desenvolvedores as dificuldades encontradas. Geralmente, devido a modularidade do sistema, falhas são rapidamente identificadas e tratadas.

As interfaces de administração, tanto para o pessoal da SBC como para coordenadores, foi planejada para possuir menus para acesso aos diversos cadastros do sistema além de estatísticas adicionais. Essas estatísticas cobrem maior parte da tela e maioria foram feitas usando-se a API Google Chart. No ECOS, com essas informações é possível rapidamente saber a evolução das inscrições a cada dia, a distribuição de inscritos por categoria, a lotação de atividades e extras, além de informar os últimos inscritos e a situação dos inscritos. Esse tipo de informação é muito útil para coordenadores de eventos pois auxilia a identificar as demandas das inscrições possibilitando identificar o perfil dos inscritos e no que eles se interessam pelo evento.

Outra evolução significativa atingida nesse projeto foi a automatização das formas de pagamento. O módulo de pagamentos inicialmente desenvolvido para o ECOS continha as mesmas formas de pagamento dos sistemas antigos – débito em conta, boleto bancário e nota de empenho. Já na primeira versão do ECOS que foi para o ar estava disponível o pagamento online por cartão de crédito utilizando o gateway de pagamentos do iPagare. Esse último método, não presente nos antigos sistemas, permitiu muito mais comodidade aos inscritos em eventos e, agora, também aos sócios. Atualmente todas as formas de pagamento estão completamente automatizadas, como baixa de boletos e débitos em conta. Inclusive para os pagamentos por nota de empenho o usuário pode escanear a nota e enviar via sistema, evitando o uso de fax ou telefone para confirmar esse tipo de pagamento.

O módulo de relacionamento permitiu a SBC maior flexibilidade à campanha de renovação. Agora, a equipe administrativa SBC é capaz de detalhadamente selecionar subconjuntos de sócios e direcionar esforços com base no perfil desses sócios, abordando cada qual de maneira específica. Esse módulo também está sendo responsável por uma diminuição consideravelmente no esforço administrativo empreendido durante a campanha.

Apesar de seu pouco tempo de operação, a nova plataforma de sistema da SBC já tem mostrado seu valor. A automatização de processos antes executados manualmente, tais como as baixa de pagamentos e o relacionamento entre a SBC e seus sócios, tem impactado no trabalho da equipe administrativa, permitindo-os maior agilidade em suas tarefas diárias e no atendimento à comunidade.

Concluindo

Como relatado neste artigo, fazer parte dessa equipe de desenvolvimento foi uma aventura. E como tal, teve seus altos e baixo, momentos de descontração e trabalho árduo, noites mal dormidas, cronogramas atrasados, etc. No fim das contas acreditamos que o saldo foi positivo. Os novos sistemas estão no ar e sendo aprimorados a cada dia. A equipe de desenvolvimento está sendo reformulada e novos sistemas podem estar por vir em um futuro não muito distante, mas isso já é uma outra história.

Por fim, nós da equipe de desenvolvimento, gostaríamos de agradecer aos envolvidos no projeto dos sistemas da SBC, em especial aos professores Luciano e Renata pela confiança. A todo o pessoal da sede da SBC, alguns já mencionados, mas particularmente a Pâmela, o Eduardo, o Tiago e o Guilherme que sempre participaram ativamente do projeto relatando precisamente e pacientemente os nossos bugs. Finalmente, aos coordenadores de eventos, principalmente dos 5 primeiros eventos piloto do ECOS, que tiveram a coragem de aceitar fazer parte dessa nova etapa da gestão da SBC.

Recursos

Sobre os autores

Juliano Araujo Wickboldt é estudante do segundo ano de doutorado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele possui graduação em ciência da computação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e mestrado na mesma área pela UFRGS. Atualmente sua pesquisa de doutorado é focada em gerenciamento de redes e serviços da Futura Internet. Adicionalmente, talvez obviamente, Juliano possui também interesse pelas áreas de desenvolvimento de sistemas e gerenciamento de projetos.
Luís Armando Bianchin é estudante de oitavo semestre de Ciência da Computação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No último ano participou de intercâmbio acadêmico na Techinische Universität Berlin. Possui interesse nas áreas de desenvolvimento de sistemas e gerenciamento de redes.
Pedro Arthur P. R. Duarte é Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Atualmente é pesquisador em nível de mestrado no Grupo de Redes de Computadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e desenvolvedor de sistemas na Sociedade Brasileira de Computação. Nas horas vagas, Pedro é entusiasta, evangelizador e desenvolvedor de tecnologias livres.
Ricardo Luis dos Santos é estudante do primeiro ano de doutorado e está em fase de conclusão de mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele possui graduação em sistemas de informação pela Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI). Atualmente sua pesquisa de doutorado é focada em prover a programabilidade em redes de computadores virtualizadas. Adicionalmente, seus interesses são na área de desenvolvimento de sistemas, Internet do futuro, virtualização e programabilidade de redes.


Esta é uma publicação eletrônica da Sociedade Brasileira de Computação – SBC. Qualquer opinião pessoal não pode ser atribuída como da SBC. A responsabilidade sobre o seu conteúdo e a sua autoria é inteiramente dos autores de cada artigo.
v04n03/07.txt · Última modificação: 2020/09/22 02:27 (edição externa)

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