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EDIÇÃO Dezembro 2011

Final Brasileira da Maratona de Programação

Goiânia, 3 a 6 de novembro de 2011

A Maratona de Programação é uma competição de programação promovida pela SBC em parceria com a Fundação Carlos Chagas, e os melhores times classificam-se para participar da final mundial do ICPC, que no próximo ano ocorrerá em

Varsóvia, Polônia. A final brasileira da Maratona de Programação aconteceu entre os dias 4 e 5 de novembro na cidade de Goiânia. A Universidade Federal de Goiás foi a universidade organizadora da final, e o diretor foi o Prof. Humberto Longo. O evento ocorreu no magnífico Centro de Convenções da UFG, onde todas as atividades foram realizadas. Nesta final participaram os 50 melhores times da primeira fase, ocorrida em 17 de setembro, quando 536 times de 191 instituições competiram em várias sedes espalhadas pelo país.

Sobre a Maratona

Quinta-feira, 3 de novembro de 2011, saguão do hotel Umuarama, em Goiânia. Qualquer um que passasse por ali via que algo diferente estava acontecendo. Grupos animados de alunos se encontravam, invariavelmente munidos de computadores de que não desgrudavam de jeito nenhum. Eram os participantes da Final Brasileira da XVI Maratona de Programação da SBC (http://maratona.ime.usp.br). A Maratona de Programação é a competição classificatória no Brasil para as finais mundiais do ICPC (International Collegiate Programming Contest http://icpc.baylor.edu) organizado em todo mundo pela ACM (Association for Computer Machinery) e patrocinado pela IBM. No Brasil a competição ocorre desde o ano de 1996, e é promovida pela SBC desde o ano 2000. Desde 2006 é patrocinada no país pela Fundação Carlos Chagas. Aliás, o Diretor Presidente da FCC, Dr. Fernando Freire, esteve presente durante a competição em Goiânia.

Primeira Fase

Cerca de dois meses atrás ocorreu a primeira fase da Maratona de Programação. No dia 17 de setembro 536 times de 191 escolas espalhadas por todo o país competiram em 44 sedes localizadas em vários estados da união pelas 50 vagas da Final Brasileira. Esta competição foi acirradíssima, e estar entre os 50 melhores times do Brasil já é um enorme feito. Mas, as equipes em Goiânia queriam mais. Foram para lá disputar as poucas vagas disponíveis na final mundial da competição, que ocorrerá em Varsóvia, Polônia, de 14 a 18 de maio de 2012. Apenas 100 times de todo o mundo poderão participar da final mundial, e estar entre eles é um enorme privilégio. Basta dizer que mais de 8000 times competem no mundo todo por isso!!

Fase Final

O evento começou na sexta-feira, 4/11, com as boas vindas do diretor da final, Prof. Humberto Longo da UFG e do diretor da competição no Brasil, Prof. Carlos E. Ferreira, do IME-USP. Durante a tarde da sexta-feira os times participaram do aquecimento em que tomaram contato com o ambiente computacional em que a competição seria disputada. Este aquecimento é sempre disputado num clima muito alegre e com a presença dos técnicos. Foi possível ver de perto a excelente infra-estrutura preparada pela UFG para a competição. O Centro de Convenções da UFG é um espaço amplo que pôde ser usado para todas as atividades: palestras na frente do palco, refeições do lado direito do palco e a competição, no centro do ambiente. Ficou excelente! O Prof. Humberto e sua equipe estão de parabéns pela organização do evento.

Participantes da Final Brasileira de 2011

Atividades de Integração

Depois do aquecimento houve várias atividades de integração entre as equipes, que puderam conhecer melhor o belo campus da UFG, além de estabelecer contatos com outras equipes de universidades de todo o país. Entre as 50 finalistas tínhamos 2 times do Centro-Oeste, 4 times da região Norte, 8 times da região sul, 11 do Nordeste e 25 times do Sudeste. Times de 20 estados do país estavam lá representados, mostrando que os talentos estão espalhados por todo o país. Enquanto os competidores se conheciam melhor, seus técnicos participavam de uma reunião com o diretor da competição para discutir novos rumos para o evento. Ideias interessantes surgiram que devem tornar a Maratona mais dinâmica nos próximos anos.

Atividade de Integração

A Competição!

A competição em si ocorreu no sábado, com início às 10:30. Este horário inusitado aconteceu devido à infeliz coincidência da data da final da Maratona com a da prova do Enade, que ocorreu neste último domingo. Vários competidores tiveram de, terminada a Maratona, retornar às suas cidades de origem para fazer aquela prova. Na chegada ao Centro de Convenções da UFG o nervosismo era palpável até que às 10:30 a competição começou. Os times, formados por três estudantes de cursos de computação de no máximo 24 anos, receberam 11 problemas de computação para resolver, isto é, preparar programas escritos em C, C++ ou Java que recebem as entradas dos juízes e produzem a saída esperada. Para isso, cada time tem à sua disposição apenas um computador que deve ser compartilhado pelos três componentes do time. Com isso, os competidores exercitam sua capacidade de trabalhar em grupo, organização, capacidade de resolver problemas, modelagem, etc.

As instâncias de entrada dos juízes não são conhecidas pelos competidores. Apenas um ou dois casos de testes são apresentados na descrição dos problemas (que é entregue em inglês, uma exigência da organização do ICPC). Os problemas podem ser resolvidos em qualquer ordem e em qualquer uma daquelas linguagens de programação. Quando o time acha que resolveu o problema, submete sua solução aos juízes, que a executam com sua bateria de testes. Se o programa do time dá a resposta correta para todas as instâncias testadas, o time recebe uma mensagem de que resolveu o problema e um balão colorido que marca este seu feito. Caso o programa falhe para qualquer um dos testes, o time recebe uma mensagem de que sua submissão não foi aceita, e pode continuar tentando resolver este problema. Nenhuma outra informação é dada.

A Comissão de Juízes é formada por ex-competidores, técnicos e professores de diversas universidades latino-americanas (uma vez que a Maratona de Programação é parte da regional latino americana da competição), e é capitaneada pelo Prof. Ricardo de Oliveira Anido, do IC Unicamp. Alguns destes juízes estavam na final brasileira e faziam a correção das submissões “on line”.

Concentração durante a competição

A competição dura 5 horas. Nas primeiras 4 horas os técnicos têm acesso ao placar atualizado do evento, mas na última hora o placar é congelado a fim de aumentar o suspense para o final. Nos últimos 15 minutos, inclusive, os times não recebem mais as mensagens de resposta às suas submissões, de forma que nem mesmo eles sabem se resolveram ou não os problemas com as submissões enviadas no finalzinho. Durante a competição foi oferecido um lanche para os competidores, que mal notaram isso. Era raro ver alguém levantar de sua cadeira e desocupar seu posto. No máximo saíam correndo até o banheiro ou para pegar água e voltavam para continuar a trabalhar. Até os últimos segundos todos os times trabalhavam duro para ganhar mais um balão.

Emoções Finais e Resultados

Terminadas as 5 horas de competição, iniciou-se a divulgação dos resultados. Até este momento o time do ITA estava em primeiro, a UFPE em segundo e UFPR em terceiro. Mas, restavam as submissões enviadas nos últimos 15 minutos, que tinham sido corrigidas, mas os times não tinham conhecimento do resultado. A apresentação dos resultados então foi feita a partir dos times que, no momento em que o placar foi congelado, estavam nas últimas posições.

Os dez primeiros colocados recebem medalhas por seu desempenho: os três primeiros recebem medalha de ouro, do quarto ao sexto, medalha de prata, e do sétimo ao décimo, medalha de bronze. Aos poucos a divulgação dos resultados foi chegando às primeiras posições, medalhadas e candidatas às vagas para representar o país em Varsóvia.

Em décimo lugar, o time da Unicamp. Em nono, UFRGS. Em oitavo o time do IME-USP e em sétimo o time “Fulano, Beltrano e Sicrano” da UFPE completaram os ganhadores de medalhas de bronze. O time da UFPE resolveu 6, e os outros resolveram 5 dos 11 problemas propostos. Vale a pena notar que apenas 15 times dos 50 participantes resolveram 4 ou mais problemas da prova que foi considerada de excelente nível pelos competidores. Em sexto lugar, resolvendo 6 problemas, ficou o time “InkognITA” do ITA. A UFRJ ficou em quinto, também com 6 problemas. Faltando apenas 4 minutos para o fim da competição o time da UFCG resolveu mais um problema, deixando o quarto lugar e a medalha de prata para o time da UFPR.

Faltavam poucos minutos para conhecermos os melhores do Brasil. Em terceiro lugar, e medalha de ouro, o time da UFCG. Vale lembrar que o time conta com a participação do Felipe Abella, recentemente premiado na IOI também com medalha de ouro na competição: a primeira que o Brasil conquistou na história do evento. Restavam um time do ITA e um time da UFPE para decidir quem ganharia a competição. O Dr. Fernando Freire, diretor presidente da Fundação Carlos Chagas, ofereceu então 4 ipads para o time campeão. Um belo prêmio oferecido de improviso! O time da UFPE submeteu 10 vezes um dos problemas nos últimos 15 minutos, e, faltando apenas 1 minuto para o fim da competição, resolveu o problema! O ITA ficou com o segundo lugar, com 7 problemas, e o time da UFPE foi o grande campeão da Maratona, com 8, faturando os ipads.

Campeões da Final Brasileira de 2011
Da esquerda para direita: Carlos E. Ferreira (IME-USP), os alunos Luiz Afonso, Filipe Melo e Davi Duarte da
UFPE, coach Liliane Salgado (UFPE) e Fernando Freire (presidente da Fundação Carlos Chagas)

Na Torcida para a Final Mundial

A UFPE ganhou pela sétima vez a Maratona de Programação da SBC, e esta é a quarta vez em seguida que eles vencem. Sem dúvida será um representante de peso do país na final mundial da competição em maio do próximo ano. O Brasil será mais uma vez representado por 6 times: UFPE, ITA, UFCG, UFPR, UFRJ e IME-USP. Pelas regras da competição cada instituição pode enviar apenas um time para a final, o que acabou beneficiando o time do IME-USP que ficou atrás dos times da UFPE e ITA. Em janeiro e fevereiro do próximo ano estes times farão um treinamento na Unicamp, oferecido por ex-competidores e técnicos. Temos certeza de que farão um excelente papel na final mundial!!

Visibilidade e Carreira

A Maratona vem atraindo a atenção de várias empresas do mercado. É muito comum que competidores recebam ofertas das melhores empresas de computação do mundo, como a Google, Facebook, Microsoft, IBM, etc. Este fato atraiu a atenção da revista “Época Negócios” que esteve presente na final brasileira para registrar o evento e finalizar uma reportagem sobre como a Maratona de Programação é um celeiro de “craques” em computação. Esta reportagem deve sair num dos próximos números da revista.

Assistindo à competição, fica claro por que as melhores empresas dão tanto valor aos ex-maratonistas. O time da UFPE que estava em segundo batalhou e não desistiu e, literalmente no último minuto, resolveu o desafio. Eu contrataria qualquer um deles, sem dúvida.

Prof. Humberto Longo (UFG, diretor da edição de 2011) e prof. Jacques Brancher
(UEL, diretor da próxima edição da maratona)

Concluindo

Os times que receberam medalhas foram:

  • Medalha de ouro
    • UFPE - Challenge Accepted: Davi Pinheiro, Filipe Melo, Luiz Silva, coach Liliane Salgado. Classificado para a Final Mundial
    • ITA - Comp-Ele Error: Fernando Fonseca, Gabriel Dalalio, Diogo Holanda, coach Armando Gouveia. Classificado para a Final Mundial
    • UFCG - Modus Ponens Malditos: Diogo Silva, Felipe Abella, Phyllipe Medeiros, coach Rohit Gheyi. Classificado para a Final Mundial
  • Medalha de prata
    • UFPR - * da Trypanossoma: Ricardo Oliveira, Flavio H. de Bittencourt Zavan, Vinicius K. Ruoso, coach Bruno Ribas. Classificado para a Final Mundial
    • UFRJ - double cheeseburger: Leonardo Inacio Lima de Oliveira, Pedro Veras Bezerra da Silva, Mauricio Collares Neto, coach Douglas Cardoso. Classificado para a Final Mundial
    • ITA - InkognITA: Felipe Freitas, Luca Moller, Walter Filho, coach Armando Gouveia.
  • Medalha de bronze
    • UFPE - Fulano, Beltrano e Sicrano: Israel Silva, Pedro Silvestre, Marcio Filho, coach Liliane Salgado.
    • IME-USP - Up: Leonardo Marchetti, Cesar Gamboa Machado, Lucas Piva Rocha Correa, coach Marcio Oshiro. Classificado para a Final Mundial
    • UFRGS - GCV: Cristiano Medeiros Dalbem, Gabriel Marques Portal, Bruno Fiss, coach João Comba.
    • Unicamp Alfa: Marcelo Galvão Povoa, Douglas Oliveira Santos, Bruno Espinosa Crespaldi, coach Mario Cesar San Felice.

Antes das finais mundiais de Varsóvia, em maio de 2012, com o apoio da Fundação Carlos Chagas, haverá de janeiro a fevereiro um treinamento para as equipes classificadas em Campinas, como preparação para a final mundial.

Recursos

Sobre o autor

Carlos E. Ferreira possui graduação em Bacharelado Em Ciência da Computação pela Universidade de São Paulo (1986) , mestrado em Matemática Aplicada pela Universidade de São Paulo (1989) e doutorado em Matemática pela Technische Universität Berlin (1994) . Atualmente é Professor Titular da Universidade de São Paulo. Desde o ano 2000 o Prof. Ferreira é o responsável pela Maratona de Programação no Brasil


Esta é uma publicação eletrônica da Sociedade Brasileira de Computação – SBC. Qualquer opinião pessoal não pode ser atribuída como da SBC. A responsabilidade sobre o seu conteúdo e a sua autoria é inteiramente dos autores de cada artigo.
v04n03/24.txt · Última modificação: 2020/09/22 02:27 (edição externa)

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