Ferramentas do usuário

Ferramentas do site


Barra lateral

DEZEMBRO / 2008

Capa

Chamada

Prefácio

Primeira Edição

Corpo Editorial

[BETWEEN] -1

[BETWEEN] -2

[BITS, BYTES& BATOM]

[E AGORA, JOSÉ?]

[EM DESTAQUE]

[EM DEBATE]

[EM SOCIEDADE]

[INDÚSTRIA]

[HOW TO]

[LÁ DE FORA]

[O2] - 1

[O2] - 2

[ETC & TAL]

[EVENTOS]

FIM

v01n01:26

E AGORA, JOSÉ?

EDIÇÃO Dezembro 2008

Do Brasil para o Vale do Silício e a volta ao Brasil

Neste artigo relato como foi a oportunidade de trabalhar no Vale do Silício, após o mestrado, assim como a minha volta ao Brasil e a minha atual ocupação na IBM como funcionária remota.

A oportunidade de estagiar no Vale do Silício surgiu quando, durante o período de mestrado na UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, circulou entre os professores a notícia de que o IBM Silicon Valley Laboratory estava selecionando estudantes de diversas universidades do país para participar do IBM Student Internship Program, programa de estágio da IBM que chegava ao Brasil através do incentivo do brasileiro Nelson Mattos, um alto executivo da IBM na época. Um dos principais requisitos do programa era que os selecionados fossem mestres ou estivessem em fase de conclusão do curso.

O programa previa um período inicial de nove meses, com possibilidade de extensão para até dezoito meses, e exigia bom conhecimento de banco de dados e SQL. Inicialmente o estagiário trabalharia com testes. Após o período de adaptação, passaria a integrar a equipe de desenvolvimento com foco em implementação. O laboratório, que foi construído nos anos setenta e cujo nome original era IBM Santa Tereza Lab, situa-se numa região predominantemente agrícola, no extremo sul da cidade de San Jose, conhecida como capital do Vale do Silício, no estado da Califórnia. Esta característica dava ao local um clima quase surreal, onde a alta tecnologia dividia o espaço com coiotes, guaxinins, plantações de cereja, milho e flores. Diariamente era possível ver, refletidas nas janelas de vidro do prédio, a imagem de vacas e lebres que habitavam as redondezas do local.

A chegada aos Estados Unidos

Enviei a documentação em Fevereiro de 2000 (currículo, certificados de conclusão do mestrado e carta de recomendação do orientador, entre outros documentos). A resposta veio em abril, através de um email anunciando que eu fora selecionada para participar do programa. Agendei o início para o final do mesmo ano. Cheguei a San Jose, juntamente com meu marido, dia 9 de dezembro de 2000.

O momento vivido pela capital mundial das startups era de extrema euforia. Nos ônibus, anúncios de empresas chamavam os profissionais para fazer parte de seus quadros. A Intel perguntava: “Sua empresa lhe oferece horário flexível, um dia livre por semana e chef internacional no refeitório? Não? Então venha para a Intel.” A Cisco brincava anunciando que quem passasse a pé na frente da empresa seria contratado. Secretárias de empresas dirigiam porsches após venderem suas ações e executivos se aposentavam aos 40 anos… Era realmente uma fantasia. Mas tudo viria abaixo um ano depois com o fim da bolha da Internet.

Na IBM

Quando cheguei já havia dois brasileiros participando do programa de estágio, uma ex-aluna da UFRGS e um ex-aluno da UNICAMP. O clima de descontração era impressionante. No laboratório, encontrei pessoas de diversas partes do mundo, mas predominavam os chineses e os indianos. O laboratório é composto de vários prédios que circundam um grande espaço central chamado de Plaza. Neste espaço aconteciam freqüentes comemorações e brincadeiras. Uma delas, chamada de “Beer and Banter”, era uma espécie de festinha à tarde para todos os funcionários do laboratório, onde se tomava cerveja e comia petiscos. O Halloween, dia 31 de outubro, também era algo curioso para os brasileiros. Além do concurso de fantasias, era muito engraçado chegar ao trabalho pela manhã e cruzar com um Drácula pelo corredor ou ver uma bruxa sentada diante do seu computador.

Comecei o estágio trabalhando com testes no DB2 Datalinks. Fui recepcionada no primeiro dia pelo meu gerente, que era super simpático e até já sabia alguns detalhes do Brasil. No time, além de mim e do gerente, que era americano, havia um chinês e vários indianos. O DB2 é o banco de dados desenvolvido pela IBM. Após um ano como estagiária ou intern como se chamava lá, recebi uma proposta para ser efetivada e me tornar “regular”. Me tornei funcionária regular em fevereiro de 2002. Após algum tempo, mudei de grupo, mas também dentro do desenvolvimento do DB2. Comecei a trabalhar com o compilador do DB2, mais precisamente com DB2 XML. Desenvolvi o suporte a XML Namespaces no DB2, trabalhando com C++. Participei do projeto, implementação e testes desta nova funcionalidade, o que foi muito enriquecedor. Fiquei neste grupo até o final de 2005, quando decidimos voltar para o Brasil. Apesar de difícil, foi uma decisão tranquila para mim e meu marido, pois, passados cinco anos, achávamos que era tempo de retornar ao Brasil.

A volta

A minha volta foi planejada alguns meses antes de sair de lá em definitivo. Ainda nos EUA, fiquei sabendo através de uma antiga colega da IBM americana que havia vagas para trabalhar na IBM Brasil com DB2, mas como administrador de bancos de dados – DBA. Chegando ao Brasil, enviei meu currículo para a IBM Hortolândia, São Paulo. Fiz uma entrevista por telefone em Inglês e outra entrevista presencial em Hortolândia. Fui contratada em maio de 2006 para trabalhar via home office.

O meu trabalho hoje

Trabalho remotamente da minha casa em Porto Alegre. É um emprego de outsourcing, ou seja, prestamos um serviço à IBM americana. Trabalho como DBA de produção, onde além de dar suporte a bancos de dados de diversas contas, também participo de projetos de implantação de novos bancos de dados. Sou contratada pela IBM Brasil, mas trabalho com americanos, chineses, indianos e brasileiros. A língua oficial é o Inglês. São várias teleconferências por semana e um grande volume de chats e emails. Como o grupo é formado por pessoas de diferentes países seguindo diferentes fusos horários, existe sempre alguém conectado, nas 24 horas do dia.

Concluindo

Tudo foi e é uma experiência realmente incrível. Trabalhar em um time com pessoas de diversas partes do mundo, sem ter que enfrentar o trânsito e ainda poder acompanhar de perto o dia-a-dia do meu filhinho que está com um aninho agora. Impressiona saber que tudo isto não seria possível há alguns anos atrás, antes da popularização da Internet e das diversas ferramentas e recursos que existem hoje e que tornam nosso mundo cada vez mais plano.

Recursos

Para os interessados no programa de estágio da IBM, é possível encontrar informações na página http://www-03.ibm.com/employment/ ou enviar um email para Patrícia Ropelato - propela@us.ibm.com

Sobre a autora

Graziela Flores Kunde possui mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e graduação em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Trabalhou no time de desenvolvimento do DB2 no IBM Silicon Valley Laboratory e atualmente trabalha como DBA na IBM Brasil.


»Esta é uma publicação eletrônica da Sociedade Brasileira de Computação – SBC. Qualquer opinião pessoal não pode ser atribuída como da SBC. A responsabilidade sobre o seu conteúdo e a sua autoria é inteiramente dos autores de cada artigo.

v01n01/26.txt · Última modificação: 2020/09/22 02:31 (edição externa)

Ferramentas da página