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EDIÇÃO ABRIL 2010

Criação de grupos de estudos na graduação

Uma alternativa de aprendizado extra-curricular.

Com o objetivo de aprofundar o conhecimento dos alunos com relação às disciplinas cursadas, a formação de grupos de estudos é uma prática cada vez mais rotineira nas universidades, principalmente quando os assuntos estudados não fazem parte da grade curricular obrigatória do curso. Esse artigo discute os principais benefícios que o engajamento em um grupo de estudo traz para o graduando tanto durante como após a graduação.

Por que criar os grupos? Quais os principais benefícios?

O principal objetivo na criação de um grupo de estudos é focar a busca de conhecimento em algum domínio. Para os estudantes de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), exemplos de focos de estudo incluem uma linguagem de programação, um tipo de SGBD (Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados), um protocolo de redes, dentre outros tópicos. Um segundo objetivo na criação de um grupo de estudos na universidade é fomentar a troca de conhecimento. Sim, porque quem ensina aprende por ensinar e quem aprende ensina ao aprender, ou seja, para criar um grupo de estudos é muito importante que as pessoas envolvidas estejam empenhadas em aprender e dispostas a ensinar quem esteja aprendendo.

A formação de grupos de estudos auxilia muito na hora de enfrentar os desafios do mercado de trabalho, pois essa prática requer o desenvolvimento de muita negociação e argumentação entre os integrantes do grupo. Além disso, saber trabalhar em grupo é uma habilidade que a maioria das empresas procura. A discussão em grupo ajuda os estudantes a aprender melhor: além de ter mais chances de sanar as dúvidas e quem mais aprende é quem ensina, ensinar ajuda a absorver melhor o assunto. Outro benefício, é que muitas vezes a linguagem usada pelos integrantes do grupo (normalmente jovens na mesma faixa etária) é mais fácil de ser compreendida do que a linguagem utilizada pelo professor.

Uma vez que o grupo esteja formado e motivado a aprender, o ideal é ter reuniões semanais e considerar uma série de pontos importantes, incluindo: *Estabelecer um cronograma para o grupo de estudos, preestabelecendo os temas/assuntos que serão focados, além da data na qual serão discutidos tais assuntos, havendo assim a possibilidade de formar equipes que se responsabilizem por lecionar o tema, ou assunto. *O local de encontro deve ser um ambiente onde todos os integrantes do grupo tenham fácil acesso. No caso dos estudantes de computação, o local ideal seria um laboratório com computadores para todos os integrantes além de um projetor (data show) que serviria para apresentações de slides. *Verificar se o dia da semana escolhido para o encontro é interessante para todos os membros do grupo. *Determinar um limite de tempo para apresentar um determinado tema, assim evitando apresentações demoradas e cansativas. O tempo ideal para apresentação, exemplos práticos e exercícios para um tema é de uma a duas horas, sendo que estudar dois assuntos é um bom tamanho para um dia, levando a um total de três ou quatro horas. *Criar regras para a organização do grupo, evitando que os integrantes percam o foco. A participação de um integrante no grupo pode ser discutida, caso as regras não sejam aceitas. *No caso de grupos de estudo na graduação, o convite para professores fazerem parte do grupo é uma boa opção, pois os mesmos são uma importante fonte de orientação e auxilio para os estudantes, além de deixar o grupo mais bem visto no curso e na universidade. Sem dúvida a criação de um grupo de estudos é uma ótima forma de absorver conhecimentos que não estão na grade curricular obrigatória dos cursos de computação. Estudos na área de software livre como Linux e FreeBSD, programação web em geral como as linguagens PHP, JSP e Ruby on Rails, ferramentas como o blender, flash, DRUPAL, Joomla, Moodle são exemplos de temas/assuntos para um grupo de estudos numa graduação de Ciência da Computação se empenhar.

GELU – Grupo de Estudos Linux UESC

Para exemplificar o funcionamento de um grupo de estudos, essa seção apresenta o GELU: Grupo de Estudos Linux UESC. Esse grupo de estudos existe desde 2005 na nossa universidade e desde a sua fundação o número de estudantes que entram nesse grupo só vem aumentando. Eu ingressei no início de 2007 e faço parte até hoje, sendo que me tornei aluno-coordenador em 2009. O que me fez ingressar no GELU foi a vontade de aprender Linux. Além disso, meus quatro anos de graduação foram suficientes para concluir que o conhecimento em Linux é importante para a nossa carreira tanto no meio acadêmico (muito utilizado em pesquisa e extensão) quanto no meio profissional (muito utilizado em redes e servidores). Logo, a experiência adquirida nos três anos de participação no grupo torna-se um diferencial numa entrevista de emprego ou seleção de mestrado.

No GELU acontecem reuniões uma vez por semana. Em cada reunião, dois trios de alunos são responsáveis pela apresentação de dois temas diferentes (um tema para cada trio). A escolha do trio/tema é feita nas nossas reuniões semanais e as tarefas do trio são divididas da seguinte maneira: um integrante fica responsável pela apresentação do assunto, outro pelo exemplo prático e o outro por exercícios que serão resolvidos com todos os integrantes do grupo. Além disso, existem regras que os integrantes devem seguir, por exemplo, caso algum integrante do trio que irá fazer a apresentação não apareça e não dê nenhuma justificativa plausível, ele será banido do grupo. Isso é necessário para não haver indisciplina dos integrantes, pois como se trata de um grupo, todos dependem de todos.

Hoje, o GELU é um projeto de extensão da nossa universidade, possuindo um docente do nosso curso que é responsável pela organização e estrutura do grupo.

Concluindo

A experiência de fazer parte do GELU me fez crescer tanto como acadêmico, pois adquiri grandes conhecimentos na área de redes e servidores Linux, quanto como pessoa, pois no trabalho em grupo aprendi a lidar com valores humanos, respeitar o espaço do próximo e a promover a ajuda mútua. Não perca a oportunidade de ingressar em algum grupo de estudos do seu curso, você só tem a ganhar. Uma das grandes lições que aprendemos ao estudar em grupo é que devemos aprender a fazer o difícil, pois o que é fácil todos sabem fazer; dessa forma, compreendemos a importância de nos destacarmos no mercado de trabalho. Se no seu curso não houver grupos de estudos, não desanime; com boas idéias e força de vontade é possível criá-los. Afinal, é preciso que alguém dê o primeiro passo.

Sobre o autor

Thiago Fernandes de Oliveira. Graduando em Ciência da Computação na Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, localizada em Ilhéus, na Bahia. Integrante/Coordenador do GELU – Grupo de Estudos Linux UESC. Bolsista de Iniciação Científica no projeto “Desenvolvimento de uma interface web para uma ferramenta de auxílio à identificação de formigas Ponerinae” junto ao laboratório de Mirmecologia da CEPLAC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira. Tem experiência na área de Ciência da Computação em Servidores Linux, Programação web e Banco de dados.


»Esta é uma publicação eletrônica da Sociedade Brasileira de Computação – SBC. Qualquer opinião pessoal não pode ser atribuída como da SBC. A responsabilidade sobre o seu conteúdo e a sua autoria é inteiramente dos autores de cada artigo.

v03n01/12.txt · Última modificação: 2020/09/22 02:31 (edição externa)

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