O clone

O clone

Dolly, a ovelha, foi o primeiro mamífero a ser clonado. A notícia apareceu na TV em fevereiro de 1997. Nesses vinte e sete anos, muita coisa mudou, mas ainda não conseguiram clonar a gente.

O processo de clonagem envolve a produção de indivíduos geneticamente iguais. Não assisti aquela novela da Globo, mas vi Carbono Alterado na Netflix, uma série de ficção científica que mistura clonagem com imortalidade. Na série, os mais ricos são conhecidos como Matusas, clara referência ao patriarca bíblico, que viveu mais de novecentos anos. Os ricos têm vida eterna por meio de clones infinitos. A morte é só um pequeno inconveniente. De clone em clone, como Teletubbies, “de novo, de novo”. Mas só um de cada vez.

Lembrei agora daquele filme mais antigo com o Michael Keaton: Eu, minha mulher e minhas cópias. Mas aqui são tantos clones, que chega a dar confusão. Penso que o ideal seria só eu e mais um.

Li na internet que os gêmeos idênticos, aqueles chamados de univitelinos, são clones um do outro, porque têm o mesmo genoma. Não tive a oportunidade de ter um clone físico pra chamar de meu. Mas acho que eu posso ter um clone digital.

A moda agora é ter um gêmeo digital. Um digital twin. Falar em inglês sempre deixa tudo mais importante. Meu eu biológico clonado em um modelo igualzinho em formato digital. Já fiquei imaginando as maravilhas. Eu, tomando sol na praia, enquanto meu twin fica em home-office. Eu, tranquilamente esticada no sofá lendo um livro, enquanto meu twin fica horas e mais horas esperando durante o check up médico anual.

Resolvi pesquisar mais sobre o tema. Descobri que dá para clonar objetos e processos. Um twin é relevante porque permite simular possibilidades. Bom para os negócios e promessa para avanços na área da saúde. Já se fala em human digital twin, mas ainda só na teoria. Clonar gente é bem complicado. Dizem que somos muito peculiares e imprevisíveis.

Penso que vou ter que me contentar com um avatar.

Arte: colagem digital by Niki (@jururuart)
Revisão: Tiago Bergenthal
Texto produzido durante o módulo Circuito Santa Sede (@oficinasantasede & @rubempenz).

Como citar esse artigo:

BASSANI, Patrícia Scherer. O clone. SBC Horizontes, 27 mai. 2024. ISSN 2175-9235. Disponível em: < http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2024/05/o-clone/>. Acesso em: DD mês. AAAA

Patrícia Scherer Bassani é doutora em Informática na Educação, professora titular do PPG em Diversidade Cultural e Inclusão Social na Universidade Feevale, na linha de pesquisa Linguagens e Tecnologias.

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