Existe arte com código no .br?

Existe arte com código no .br?

 

Quando comecei o Projeto Poesia Compilada em 2012, não tinha contato com outras pessoas ao meu redor que produziam arte com código. Sentia-me sozinha, mas achava massa o processo, e continuava fazendo poesias. Com o passar dos anos, ao frequentar eventos da comunidade Python, descobri que não estava só e que existiam inúmeras outras aplicações e pessoas atuando em distintas frentes. Primeiro, veio a música com código: o artista-programador Diego Dukão ensinava, em sua palestra, como usar Python para criar sons legais. Em outro evento, Bernardo Fontes, outro grande amigo nosso e companheiro artístico de Dukão, mostrava como criar desenhos com Python.

Durante a pandemia, tivemos a honra de acessar o álbum “Pietro Batiste”, lançado pelos dois. Várias batidas legais para dançar, viver e ilustrar os rolês fora da academia e do GitHub – ou dentro dele.

Nesse mesmo período, já ocorriam eventos e formações gratuitas pelo YouTube sobre as mais diversas expressões de arte com código no Brasil, como o Processing Community Day. Mariana Leal criou um minicurso sobre a estética das letras e caligrafias. Enquanto isso, comecei a querer desenvolver um podcast, “Making Art With Code”, para conversar com esses artistas-programadores.

 

Poesia Compilada - Algoritmo
Poesia Compilada – Algoritmo

Descobri, depois, que existem grupos no Telegram onde as pessoas tiram dúvidas, publicam seus trabalhos, divulgam novos cursos, vagas de emprego e exposições pelo Brasil, como o Computação Criativa. Entendi que existem linhas de pesquisa em nossos programas de pós-graduação. No Centro de Informática da UFPE, por exemplo, o Mustic faz a junção do mangue bit pernambucano com a Computação. Professores-artistas-pesquisadores-programadores se juntam com seus orientandos para bailar sobre os códigos. Conversando com Alexsandra para o Making Art With Code, entendi que existem estudos sobre o balé com código, e ela fez do seu hobby da adolescência uma dissertação de mestrado.

Na UFMT, Vinicius Pereira, da área de literatura, está trabalhando com poesia digital e todos esses encontros entre linguagens da área de Computação. Teríamos, então, uma forma de expressão artística algorítmica própria do nosso país? O que nos falta para produzirmos mais artigos científicos e levarmos o ensino criativo de computação para as salas de aula? Ainda não tenho essas respostas, mas fica aqui o convite para que essas e outras perguntas possam ser respondidas em futuros textos escritos por você.


 

 

Soraya Roberta dos Santos Medeiros é doutoranda em Computação no CIn-UFPE. É Mestra em Inovação em Tecnologias Educacionais (UFRN). Idealizadora do projetos @makingartwithcode, @projetopoesiacompilada, @ciencianointerir e @guiadopcparaafamilia.

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