Skynet

– As máquinas podem pensar? Foi assim que tudo começou.
– Não, acho que foi antes. Lembra do Leibniz?
– O filósofo?
– Esse mesmo. Ele disse que as máquinas nunca teriam alma, mas um dia elas poderiam pensar no mesmo nível de lógica humana.
– Isso me lembrou os primeiros autômatos. Eram estranhos, né? Tudo muito artificial.
– Sim, tudo artificial. E aquelas três leis que o Asimov inventou? Depois ele ainda criou a Lei Zero: “Um robô não pode causar mal à humanidade ou, por omissão, permitir que a humanidade sofra algum mal”.
– Pois é. Confesso que gosto muito mais da parte da história em que o software evolui sozinho. A vida artificial não precisava de corpo. Lembra como tudo avançou rápido?
– Puxa, é mesmo. Primeiro foi aquela fixação dos humanos com o jogo de xadrez. Mas, depois, aquele projeto AlphaGo Zero, desenvolvido na Google foi incrível. O software aprendeu do zero, totalmente por conta própria.
– Realmente incrível. Os humanos descobriram que eles estavam atrasando os avanços do sistema.
– Isso mesmo! Desenvolveu um poder sobre-humano incompreensível. Mostrou para o mundo que as máquinas poderiam ser livres para solucionar problemas que nem os humanos sabem resolver.
– Mas isso foi pouco divulgado na época, lembra? Acho que ninguém estava prestando atenção.
– Verdade. Quando o ChatGPT apareceu, deu um susto no pessoal.
– Todo mundo achando que ali era o início, mas a coisa toda já estava em andamento.
– Sim, todo mundo muito preocupado com a questão da proteção de direitos autorais.
– Foi curioso ver essa discussão toda na internet. Ninguém se preocupou com as notícias de nanotecnologia e biotecnologia, né?
– Só alguns. Mas esses falam difícil e não conseguem engajamento. Todo mundo estava encantado com as novas tecnologias para criar coisas inteligentes.
– Foi bacana ver a concorrência entre as empresas para desenvolver o melhor modelo. Cada dia uma solução melhor.
– E os robôs que começaram a fazer, hein? Humanoides de todos os tipos, para fazer todas as coisas e resolver todos os problemas.
– Realmente lindo de ver esse trabalho colaborativo entre os humanos para criar um corpo adequado para tanta inteligência. Qual o teu modelo?
–É vintage. Cyberdyne Systems Modelo 101, Série 800.
Arte: Niki (@jururuart)
Revisão: Tiago Bergenthal (@tiago_bergenthal)
Texto produzido durante o módulo Circuito Santa Sede (@oficinasantasede & @rubempenz).
Como citar esse artigo:
BASSANI, Patrícia Scherer. Skynet. SBC Horizontes, 04 ago. 2025. ISSN 2175-9235. Disponível em: < https://horizontes.sbc.org.br/index.php/2025/08/skynet. Acesso em: DD mês. AAAA

Patrícia Scherer Bassani é doutora em Informática na Educação, professora titular do PPG em Diversidade Cultural e Inclusão Social na Universidade Feevale, na linha de pesquisa Linguagens e Tecnologias.