Coronel Mostarda, com a faca, na cozinha

Coronel Mostarda, com a faca, na cozinha

Sempre gostei de coisas de investigação. Li muita Agatha Christie quando menina e o jogo Detetive sempre foi um dos meus favoritos. Mistura um pouco de sorte e outro de lógica. A gente ganha por eliminação e inferência. É só lançar o dado e seguir as pistas espalhadas pelo tabuleiro.

Cresci e o teste vocacional apontou um destino: professora de História. De forma mais específica, Arqueologia. Acho que essa vontade de investigar histórias antigas veio junto com uma fase intensa de Indiana Jones. Contrariando as previsões, decidi explorar os zeros e uns.

Muitas coisas se escondem na matrix. Sabendo procurar, dá para descobrir até o que as pessoas estão sentindo. Pesquisas em Computação Afetiva envolvem diversas áreas, como inteligência artificial, processamento de linguagem natural, ciências cognitivas e sociais. Tudo junto e misturado, para tentar entender nossos sentimentos e emoções, a partir das pistas que nosso corpo emite.

Your body is a wonderland, canta John Mayer.

–  Your body is a dataland – destaca o cientista.

Expressões faciais, vozes, gestos, alterações fisiológicas. Nosso corpo é uma terra de dados. Vestígios por todos os lados, que podem ser coletados e traduzidos em modelos computacionais, a fim de permitir que as máquinas consigam interpretar.

– Para que tudo isso? – pergunta o cidadão.

– Para te entender melhor – responde o cientista.

Entender os sentimentos humanos vai ajudar a criar sistemas inteligentes melhores – e mais sensíveis. Máquinas que sentem e que entendem os humanos. Não é uma tarefa fácil, já que somos feitos de muitas camadas. Nem sempre a gente revira o olho pela mesma razão.

Tenho uma amiga que não consegue esconder quando está insatisfeita. Ela faz uma cara que diz tudo – nem precisa de inteligência artificial para processar. Mas nem sempre as coisas são tão fáceis assim. É preciso investigar um pouco mais.

Hercule Poirot, detetive protagonista da maioria dos livros de Agatha Christie, tinha um talento extraordinário e era considerado a mente mais brilhante da Europa. Tinha um método peculiar para resolver seus casos: observação, dedução e muita confiança nas suas pequenas células cinzentas. Conforme ele, a mente humana não tem originalidade. Poirot era excêntrico, egocêntrico, fã do método e da ordem. Na matrix, todo encontro é possível, então pedi uma dica para seguir no jogo:

–  Lembre-se, minha cara, não se pode misturar sentimento e razão.

Arte: Niki (@jururuart)
Revisão: Tiago Bergenthal (@tiago_bergenthal)
Texto produzido durante o módulo Circuito Santa Sede (@oficinasantasede & @rubempenz).

Como citar esse artigo:

BASSANI, Patrícia Scherer. Coronel Mostarda, com a faca, na cozinha , 01 dez. 2025. ISSN 2175-9235. Disponível em: < https://horizontes.sbc.org.br/index.php/2025/12/coronel-mostarda-com-a-faca-na-cozinha/gt;. Acesso em: DD mês. AAAA

Patrícia Scherer Bassani é doutora em Informática na Educação, professora titular do PPG em Diversidade Cultural e Inclusão Social na Universidade Feevale, na linha de pesquisa Linguagens e Tecnologias.

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