De onde vêm as ideias?

De onde vêm as ideias?

Penso que todo mundo, pelo menos alguma vez na vida, já ficou parado na frente de uma página em branco. Travou. Tanta ideia flutuando na cabeça e nada na ponta dos dedos. Um desperdício ver tanto espaço inutilizado.

Descobri que até o Stephen King passa por isso. Ele disse que gosta de escrever pelas manhãs. Tem como meta dez páginas por dia. Não levanta da escrivaninha enquanto não escreve duas mil palavras. Alguns dias, as dez páginas vêm com facilidade antes das onze. Mas em outros, o processo se prolonga até o meio da tarde. “Não espere pela musa”, diz o mestre do suspense, “é apenas um trabalho, como consertar canos ou dirigir carretas”.

Mas isso não resolve o problema – o que escrever? Resolvi pesquisar e acho que encontrei a resposta em um livro. Steven Johnson é autor do best-seller “De onde vêm as boas ideias: uma breve história da inovação”, publicado em 2011, pela editora Zahar. Para começar, Johnson afirma que alguns ambientes sufocam as novas ideias, enquanto outros parecem fazê-las surgir sem esforço. Para os leitores atentos, o segredo é revelado na introdução – conectar ideias. Aos que gostam de receitas, ele apresenta uma proposta para ajudar a acender a lâmpada, aquela que sempre aparece acima da cabeça do inventor.

Primeiro, as ideias não surgem do nada – mas acho que isso a gente já sabe, né? Elas partem de coisas já existentes, é preciso juntar as peças. Uma boa ideia é uma rede, e as conexões são a chave. Anote tudo. Relaxe um pouco, tome um café e explore outros caminhos. Permita-se errar e refazer sob diferentes perspectivas. Pense novos usos para as coisas, novas possibilidades. Por fim, construa plataformas, ou seja, crie o espaço para que as coisas aconteçam. Depois de seis horas de leitura registradas no Kindle, um recado final: recicle, reinvente.

Um dia qualquer acionei o comando do smartwatch para contagem dos batimentos cardíacos. Fiquei olhando aquele coração vermelho pulsando junto com a palavra medindo. Medindo o que? O pulso? A intensidade do meu amor? Tem relação? Excitação? Calmaria?
Medição do eu. Lembrei da internet dos corpos. Lembrei do Robocop, do Homem de Ferro, do livro Neuromancer, da cirurgia plástica. Misturei tudo, gostei do resultado. Pelo jeito o pessoal também. A crônica Taquicardia é destaque no Prêmio Off Flip 2024 de literatura. Quem diria? Minutos antes de nascer era apenas um espaço vazio também.

Arte: Niki (@ jururuart)
Revisão: Tiago Bergenthal
Texto produzido durante o módulo Circuito Santa Sede (@oficinasantasede & @rubempenz).

Como citar esse artigo:

BASSANI, Patrícia Scherer. De onde vêm as ideias?. SBC Horizontes, 16 set. 2024. ISSN 2175-9235. Disponível em: < https://horizontes.sbc.org.br/index.php/2024/09/de-onde-vem-as-ideias/>. Acesso em: DD mês. AAAA

Patrícia Scherer Bassani é doutora em Informática na Educação, professora titular do PPG em Diversidade Cultural e Inclusão Social na Universidade Feevale, na linha de pesquisa Linguagens e Tecnologias.

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