Programa MinasCoders! Competições Científicas para Promover a Participação Feminina na TI
Um dos caminhos para promover a participação feminina na área de Tecnologia da Informação é por meio de eventos. Nesta matéria da coluna Eventologia, Estela, Thais e Gláucia da Universidade Federal de Viçosa – Campus-Florestal apresentam suas conquistas e experiências de sucesso no programa MinasCoders. Neste programa, a participação em competições científicas foi uma forma de promover a entrada e permanência de meninas em cursos de TI.
Por Estela Miranda Batista, Thais Regina de Moura Braga Silva e Gláucia Braga e Silva – UFV-Campus Florestal
Edição e Revisão: Deógenes Silva Junior
O programa MinasCoders busca promover ações para atrair, motivar e fixar meninas da comunidade da UFV – campus Florestal nos cursos de informática e computação, visando aproximar a tecnologia do universo feminino, reduzir as desigualdades de gênero no mercado de trabalho e potencializar a participação feminina nessas áreas.
História do Programa MinasCoders
O programa começou em 2014, com a criação dos projetos PinkBits e ++meninasComp. Desde lá, houve muitas participações nas Semanas da Computação da UFV e na condução de eventos para promover a participação feminina, como minicursos e oficinas oferecidas para meninas do ensino médio/técnico e superior.
Em 2017 foi criado oficialmente o programa MinasCoders, também virando um parceiro do Programa “Meninas Digitais” da SBC. Em 2017, o programa começou sua atuação no treinamento para Competições Científicas para discentes do curso de Ciência da Computação e Técnico em Informática, com participação destes nas competições de programação regionais e nacionais.
Em 2019, o MinasCoders também abriu uma atuação de treinamento de estudantes para as Competições de Tecnologia e Empreendedorismo! Essas competições promovem habilidades como o trabalho em equipe, o desenvolvimento de software, prototipação, apresentação e pensar em soluções para problemas sociais relevantes!
Juntando competições de programação, tecnologia e empreendedorismo, o MinasCoders tem apoiado equipes de estudantes em diversas Competições diferentes:
- Technovation Girls,
- Maratonas de programação (Mineira e SBC),
- Olimpíada Brasileira de Informática,
- Change the Game
- e Campus Mobile.
Em 2020, por exemplo, foram 10 equipes relacionadas ao MinasCoders participando da Maratona de Programação da SBC!
Projetos e Subgrupos do MinasCoders
O programa MinasCoders organiza sua atuação com os projetos Pinkprograma MinasCoders organiza sua atuação com dois projetos voltados para questões específicas:
PINKBITS. Projeto voltado a acolher, motivar e apoiar alunas do curso de Ciência da Computação. Nesse projeto, há três subgrupos:
- BOTZ: Treinamentos para Maratonas de Programação.
- CODELOURES: Acolhimento de caloures e apoio ao Ensino da Programação.
- FULLSTACKMINAS: Estudos sobre tecnologias do mercado, com aplicação em desenvolvimento de projetos.
++MENINASCOMP. Projeto dedicado às estudantes do ensino médio/técnico com o objetivo de atrair e motivar mais meninas para as áreas de informática e computação. Nesse projeto, há um subgrupo:
- HIGHSCHOOLMINAS: Treinamento de meninas do ensino médio/técnico para competições de tecnologia e empreendedorismo
Somando a atuação dos subgrupos, foram muitas ações e conquistas em relação às competições científicas!
Participação do MinasCoders em Competições Científicas
Destacamos a seguir algumas das competições em que o MinasCoders tem participado!
Maratona de Programação – Mineira e SBC
Em 2018 e 2019, uma conquista foi conseguir enviar para a Maratona Mineira de Programação um time formado apenas por participantes e coach todas meninas!
No anos de 2022 e 2023, com o retorno da maratona após a pandemia da COVID-19, o MinasCoders continuou marcando presença novamente com uma equipe formada apenas por alunas do curso de Ciência da Computação da UFV-campus Florestal, recebendo o prêmio de Melhor Equipe Feminina. Em 2022 a equipe contava com Ana Clara Antunes, Melissa Araújo e Estela Miranda, e em 2023 contando com Ana Clara Antunes, Melissa Araújo e Júlia Costa de Faria.
Em 2023, essa equipe de meninas se classificou em 18º no ranking, recebendo medalha de melhor equipe feminina e equipe com melhor nome, “O Diabo Veste Java”. Tivemos também uma outra equipe, a “/**/” (que se lê, “Sem Comentários”), classificada em 22º lugar no ranking, sendo premiada como a melhor equipe com duas meninas.
Outro destaque para a edição 2023 da Maratona Mineira foi o “Minas de Minas”, uma iniciativa da Crishna Irion, ao observar a baixa participação de meninas nos cursos de TI e nas maratonas no geral. Essa iniciativa objetiva incentivar a participação das meninas através da criação de vagas extras, exclusivas para mulheres, e premiação tanto para as melhores equipes exclusivamente femininas quanto para as melhores equipes com participação de meninas. MinasCoders teve a honra de participar desse momento histórico para a competição.
Em 2021, 2022 e 2023, as líderes do subgrupo BOTz atuaram no treinamento de equipes que participaram da Maratona de Programação da SBC.
Uma das líderes, a Estela Miranda, também atuou como coach das equipes na competição. Uma conquista importante nessas duas edições foi a classificação, pela primeira vez, de um time da UFV-Florestal para a etapa nacional.
TechnovationGirls
Como uma das principais atividades do subgrupo HighSchoolMinas, ocorrem treinamentos semanais para a competição Technovation Girls, que desafia meninas de 8 a 18 anos a criarem um aplicativo para dispositivos móveis para resolver problemas em suas comunidades.
O MinasCoders apoia a participação de equipes nesta competição, desde a inscrição até o treinamento e suporte para o desenvolvimento dos projetos.
Nas duas últimas temporadas, duas equipes apoiadas pelo MinasCoders estiveram entre as 10 equipes brasileiras classificadas para a semifinal, Youth&Media (em 2022) e MinasCoders Grace Hopper (2021). No ano de 2023, o grupo inscreveu três equipes para a competição, que começaram a se preparar em novembro de 2022.
Campus Mobile
O Campus Mobile é um concurso nacional de desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis com um impacto social, voltado para estudantes universitários.
Em 2021, uma equipe do MinasCoders composta pelas alunas Júlia Faria e Melissa Araújo foi selecionada na categoria Smart Cities. Elas fizeram parte da 3ª etapa, onde puderam participar de palestras, oficinas, painéis, mentorias além de outras atividades que as auxiliaram a desenvolver o projeto e elaborar um protótipo.
Em 2022, o MinasCoders teve a participação de três equipes, sendo todas elas selecionadas para a 3ª etapa na categoria games, onde puderam participar de uma semana imersiva no Instituto Claro em São Paulo. Ao final, a equipe que desenvolveu o jogo “Emily Is Afterlife”, formada pelos alunos Tássia Martins e Igor Braz, foram classificados para a final, e declarados como vencedores na categoria Games. Como prêmio, os alunos receberam uma viagem imersiva para o Vale do Silício, em São Francisco (CA), nos Estados Unidos, onde eles visitarão diversas empresas de tecnologia e instituições de pesquisa.
Change the Game
Essa é uma maratona 100% online, só para meninas, voltada ao desenvolvimento de jogos. A competição tem como objetivo incentivar e apoiar a presença feminina na indústria de games.
Com o apoio da equipe de mentoras do MinasCoders, a aluna Melissa Alanis, do IFMG de Ribeirão das Neves foi uma das finalistas na 3ª edição desta competição, ficando em 2º lugar na categoria Ensino Médio.
Alanis desenvolveu o jogo Forgotten, que tem como objetivo destacar a importância das invenções criadas pelas mulheres durante a história, principalmente as mulheres negras, fazendo com que o jogador conheça mais sobre a trajetória dessas mulheres e suas revoluções, que tem impacto até hoje na sociedade.
Hoje, Melissa é aluna do 2º período do curso de Ciência da Computação da UFV-campus Florestal, reforçando o poder de atração do programa MinasCoders.
MinasCoders: Extensão e Pesquisa
A atuação do grupo MinasCoders abrange não só as competições científicas, mas também eventos científios, de forma a compartilhar com a comunidade os resultados obtidos com suas ações!
Nas edições de 2022 e 2023 do Congresso da SBC (CSBC), o MinasCoders marcou presença na apresentação e premiação de Melhor Artigo Curto do evento Women in Information Technology (WIT). O artigo premiado em 2022 foi “Diversidade de Gênero em Projetos Open Source: um Estudo da Relevância dos Comentários Postados em Issues do GitHub”, de autoria da aluna Estela e das professoras Thais e Gláucia. E o artigo premiado em 2023 foi “Maratonando! Inspirando e capacitando programadores com diversidade de gênero e variedade de competições”, de autoria das professoras Thais, Gláucia e Maria Amélia e da aluna Melissa Araújo.
Como resultado da premiação do artigo em 2022 no WIT, as autoras foram convidadas em 2023 a escrever um artigo estendido no Journal on Interactive Systems (JIS). O artigo tem como título “Gender Diversity on GitHub Issue Tracking: What’s the Difference?”, mantendo a mesma autoria do trabalho publicado no WIT, da aluna Estela e das professoras Thais e Gláucia.
Em 2023 o grupo também marcou presença no evento Computer on the Beach,, onde foi apresentado, e premiado como Melhor Artigo Completo. O artigo tem como título “Diversidade de Gênero em Projetos Open Source no GitHub: um Estudo sobre a Relevância Temática dos Comentários das Issues”, de autoria da aluna Estela e das professoras Thais e Gláucia.
Essas participações e premiações levaram a criação de um subgrupo, o MinasCoders Pesquisa, voltado a apoiar pesquisas envolvendo questões de gênero nas diversas áreas da Computação.
Se você quiser saber mais sobre o programa MinasCoders, acesse o site: https://minascoders.caf.ufv.br/
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Sobre as Autoras
Estela Miranda Batista é formada em Ciência da Computação pela UFV Campus Florestal (2022), atualmente cursando o mestrado em Ciência da Computação pela UFV, com foco em Diversidade de Gênero em Jogos Indie. Desde 2018, participa do projeto de extensão MinasCoders da UFV, onde atuou como treinadora de maratonas de programação, e atualmente como pesquisadora. Em 2020, também começou a participar do NuPESSC (Núcleo de Pesquisa em Engenharia de Software Social e Colaborativa), onde atuou no desenvolvimento da biblioteca RIT e aplicações dos dados extraídos pela biblioteca em diversidade de gênero.
Thais Regina de Moura Braga Silva: possui graduação (2004), mestrado (2006) e doutorado (2010) em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É professora associada da Universidade Federal de Viçosa – Campus Florestal (UFV-Campus Florestal) e tem atuado, desde 2001, em projetos de pesquisa, desenvolvimento e extensão nas áreas de sistemas distribuídos, redes de sensores sem fio, Internet das Coisas e computação ciente de contexto. Na UFV integra a coordenação do NesPED (Núcleo de Estudos em Sistemas Pervasivos e Distribuídos), além de ser uma das fundadoras e coordenadoras do programa de extensão e desenvolvimento MinasCoders, que visa atrair e engajar meninas para a área de tecnologia. Coordena, dentro do MinasCoders, o projeto PinkBits, responsável pelo treinamento e engajamento de meninas em competições de programação locais, regionais e nacionais. Acredita que a equidade de gêneros pode transformar o mundo em um lugar melhor!
Gláucia Braga e Silva: possui graduação em Ciência da Computação (2002) pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), mestrado (2007) e doutorado (2013), também em Computação, pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). É professora associada do curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Viçosa – Campus Florestal (UFV-Campus Florestal). Tem atuado, como coordenadora do NuPESSC (Núcleo de Pesquisa em Engenharia de Software Social e Colaborativa), em projetos de pesquisa e desenvolvimento nas seguintes linhas de pesquisa: Aspectos humanos, sociais e colaborativos da Engenharia de Software, Mineração de Repositórios de Software, Diversidade nos projetos de software. Na UFV, é uma das fundadoras e coordenadoras do programa de extensão e desenvolvimento MinasCoders, que visa atrair e engajar meninas para a área de tecnologia. Dentro do MinasCoders, coordena o projeto ++meninasComp, que vem realizando ações com alunas do ensino médio/técnico da comunidade de Florestal como forma de atrair mais meninas para as áreas de Informática e Computação.
Como citar este artigo
Batista, Estela Miranda; Silva, Thais Regina de Moura Braga; e Silva, Gláucia Braga. Programa MinasCoders! Competições Científicas para Promover a Participação Feminina na TI. SBC Horizontes, setembro. 2023. ISSN 2175-9235. Disponível em: http://horizontes.sbc.org.br/. Acesso em: DD mês. AAAA.