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Vina Systems admite problemas com testes do “Vestível Controlador”


por Jade Scobri
| Curitiba, Brasil

As últimas informações obtidas em exclusividade pela SBC Horizontes confirmaram que a Vina Systems estava ciente de problemas no projeto do sistema “Vestível Controlador”, que resultou na paralisação da piloto Alberta Dumont em agosto passado.

Diferentes fontes ligadas ao processo de desenvolvimento do sistema forneceram evidências de problemas em diferentes etapas do processo. Especialistas que analisaram os desdobramentos do caso confirmaram que esses problemas poderiam estar entre os fatores que levaram à falha do dispositivo de relaxamento motor que causou a paralisia da piloto e resultou na queda do avião DX486 com 113 pessoas a bordo.

Na noite de ontem, Hélio Musk, diretor de negócios na Vina Systems e porta-voz da empresa sobre o caso, reconheceu a existência de deficiências nos testes do sistema. O reconhecimento veio depois que nossa fonte forneceu evidências de que os testes do sistema foram sistematicamente negligenciados.

O iWear é um sistema composto por vários dispositivos e subsistemas de software e hardware. Era impossível prever todos os possíveis impactos de uma modificação no sistema. O problema maior é que nunca houve uma equipe dedicada a testes que cobrisse todos os subsistemas do iWear. Os testes eram feitos pelas próprias equipes que trabalhavam no desenvolvimento de cada parte do sistema. Simplesmente não havia tempo e condições de testar todas as unidades do sistema exaustivamente e de forma integrada”, revelou a fonte.

Nossa fonte revelou que essa era uma estratégia da empresa: “Restringir os testes a atividades feitas localmente, em cada unidade pelas próprias equipes de desenvolvimento, era uma estratégia da empresa para evitar o vazamento do código e da arquitetura do sistema. Era uma medida de segurança para preservar sua vantagem competitiva. Como não tínhamos uma visão do todo, isso acabava sendo uma piada interna. Dizíamos que nossa estratégia de desenvolvimento era baseada em POG – Programação Orientada a Gambiarra, e que o nosso processo era o eXtreme Go Horse. Teoricamente, haveria uma equipe responsável pelos testes de integração de todos os subsistemas. Mas parece que alguns testes foram suprimidos porque o tempo acabou e eles tinha que entregar logo o iWear.”  

A reportagem procurou a Professora Leticia Mara Peres, da UFPR, para comentar o caso. Letícia, que é doutora e tem extensa experiência na área de testes de software, explicou sobre a necessidade de estratégias de Verificação e Validação (V&V). Isso significa: 1. verificar se o sistema está sendo desenvolvido corretamente, ou seja: se os envolvidos no projeto estão implementando corretamente os requisitos e funcionalidades levantados; e 2: validar se o sistema correto está sendo construído, ou seja: se o que está sendo construído realmente atende as necessidades e expectativas que deveria atender, resolve os problemas que deveria resolver e faz o que deveria fazer. A professora destaca que diferentes tipos de testes deveriam ter sido conduzidos; os testes de unidade deveriam ter usado técnicas de caixa-preta e caixa-branca, bem como os testes de integração que não foram feitos. Ainda deveriam ter sido realizados testes de interface, de performance, stress, configuração e segurança, para citar alguns exemplos.

A Professora também explicou à reportagem que mesmo se houvesse uma equipe de testes conduzindo testes exaustivos ao final do processo, isso não resolveria completamente a questão. Atividades de garantia de qualidade de software, como as de testes, devem permear todo o processo. Quando você levanta requisitos, você precisa validar esses requisitos. Quando você cria um diagrama de casos de uso, você precisa validar esse diagrama. E assim, por diante.” Letícia foi enfática ao criticar a estratégia da empresa:

Essa estratégia era fadada ao fracasso. O iWear é composto por vários subsistemas de software que operam em diferentes dispositivos físicos  e interagem entre si. Os contextos de uso do iWear são muito variados, assim como os perfis de usuários. Há muitos fatores que precisam ser considerados para a garantia da qualidade do sistema. A negligência com os testes é inaceitável, ainda mais em sistemas como o iWear, cujos impactos de eventuais falhas podem ser irreversíveis.” 

Musk, porém, transferiu para Elisa Ventura a responsabilidade dos problemas com os testes do iWear. Ele acusou Elisa de autorizar o uso do chat-gpt para gerar Casos de Testes do iWear. Elisa nega, e diz que sua conta de email foi invadida. Ela apresentou provas de que as mensagens foram enviadas em horários que ela estava ausente da empresa em função do seu tratamento: “podem verificar que os horários batem. Se aproveitaram da minha ausência durante a quimioterapia para usar minhas credenciais e disparar emails autorizando ações que eu nunca autorizei“, disse Elisa por mensagem de voz.  

A SBC Horizontes confirmou que o envio das mensagens coincidiam com as datas e horários do tratamento de Elisa, e solicitou à Vina Systems informações adicionais sobre as mensagens, como a localização e o IP do dispositivo utilizado para envio. Em nota, a Vina Systems respondeu que essas informações eram sigilosas, mas lançou dúvidas sobre a versão de Elisa: “Nossos colaboradores recebem os mais sofisticados recursos de segurança e o devido treinamento para operá-los, não apenas nos domínios da Vina Systems, mas também fora da empresa quando utilizando seus dispositivos móveis. Todo colaborador da empresa está ciente de suas responsabilidades ao acessar ou permitir acesso aos sistemas da empresa.

Questionada sobre uma possível sugestão implícita de que teria acessado ou concedido acesso aos sistemas da Vina Systems quando estava fora da empresa, Elisa disse que preferia não opinar sobre a nota.

Com os desdobramentos do caso do “Vestível Controlador”, agora há muitas especulações sobre o que ocorrerá com o indiciamento do programador Malcom Pila, e se outras pessoas serão indiciadas. A defesa do programador disse ter elementos suficientes para provar que seu cliente não é o culpado pela falha, e prometeu entrar com ação contra a Vina Systems. 

A SBC Horizontes tem acompanhado o caso e trazido informações com exclusividade! Assine nosso feed para receber as informações em tempo real.

 ** UPDATE **

Após o fechamento da reportagem, a SBC Horizontes foi contactada por uma pessoa que atua na parte estratégica da Vina Systems. Essa pessoa, que por razões de segurança não revelou sua identidade, informou que a empresa estava usando o iWear para habilitar, em escala global, um tipo de sistema chamado de “socioenativo”. Esse sistema seria o resultado do acoplamento de sistemas humanos e técnicos, de forma indissociável e coletiva. 

O iWear recebe uma grande variedade de dados como entrada, não apenas o que uma pessoa fala, seus dados fisiológicos e atividade cerebral, mas também dados de outras pessoas, dados do ambiente em que as pessoas estão, obtidos e compartilhados com outros dispositivos físicos via internet das coisas. Esses dados alimentam o iWear, que aprende com eles e atua sobre o usuário e sobre o ambiente. O iWear não atua isoladamente. Até agora ninguém explicou o porquê do copiloto e toda a equipe do voo não terem reagido para evitar a queda do avião e nenhuma alteração ter sido registrada pelos seus dispositivos. Eu diria que houve uma atuação orquestrada dos sistemas, talvez como forma de evitar uma situação de estresse generalizado, ou para equilibrar as entradas e saídas geradas pelo coletivo. Os problemas revelados até agora são apenas a ponta do iceberg. Se minhas percepções estiverem corretas, estamos na iminência de uma tragédia em escala mundial!

 A SBC Horizontes tentou contatar a diretoria da Vina Systems e pediu confirmações às nossas fontes, porém não obtivemos nenhum retorno. Ao final desta atualização, os canais de atendimento da Vina Systems estavam fora do ar. 

A Reportagem está investigando se o iWear possui relação com outros desastres que começaram a ocorrer simultaneamente ao redor do mundo, incluindo os desastres em Angra e na Hidrelétrica de Itaipú.

Jade Scobri, Jornalista Científica
Especialista em Tecnologias Computacionais

 


O Caso do Vestível Controlador © 2022 by Roberto Pereira, Fabiano Silva and Leticia Mara Peres is licensed under CC BY-NC-SA 4.0.