Cibersegurança: Lições de Alexandre, o Grande, para Proteger Nossos Dados no Ciberespaço
Não permita ser a próxima vítima!
É lamentável que, frequentemente, nos encontramos em situações onde indivíduos mal-intencionados tentam nos chantagear, seja por chamadas de voz ou mensagens de texto, na esperança de nos induzir a compartilhar nossos dados, expondo-nos ao risco de sermos vítimas de golpes diversos. Em 2021, as plataformas de mídia social já representavam um dos principais pontos fracos para as empresas e pessoas, com as violações de dados nas redes sociais representando 41% de todos os registros vazados em todo o mundo. Este é um desafio sério e generalizado na sociedade atual, especialmente para aqueles que não têm acesso a informações sólidas sobre medidas de segurança cibernética antes de se aventurarem no ciberespaço.
O que muitos usuários da Internet desconhecem é que as táticas de manipulação e coleta de dados e informações, muitas das quais se baseiam em questões psicológicas, não são algo novo; apenas o tempo mudou, enquanto as artimanhas permanecem históricas. Uma prova disso pode ser encontrada no livro “Vidas Paralelas” de Plutarco. Nesta obra, encontramos uma passagem esclarecedora sobre segurança de dados, em uma experiência vivida por Alexandre, o Grande, durante seus planos de conquistar Atenas. O que podemos aprender com ele?
Em uma parte da narrativa, Plutarco descreve Demóstenes, um influente orador grego, enviando uma carta ao rei Alexandre da Macedônia, provocando-o e esperando incitar uma reação emocional que levasse à divulgação de informações sobre a guerra iminente. Surpreendentemente, Alexandre opta pelo silêncio diante das provocações de Demóstenes. Enquanto este último desperdiça suas energias em tentar atingir Alexandre, o rei prepara-se com calma para a guerra que eventualmente o levaria à conquista de Atenas.
É interessante notar como o silêncio pode ser uma estratégia valiosa quando se trata da segurança de dados. Se Alexandre tivesse cedido à provocação e agido precipitadamente, sua campanha militar poderia ter sido comprometida. Isso nos faz refletir sobre a importância de gerenciar cuidadosamente as informações que compartilhamos, especialmente no ciberespaço.
Atualmente, nas redes sociais, os usuários muitas vezes são encorajados a participar de brincadeiras aparentemente inofensivas. No entanto, essas atividades frequentemente resultam em uma exposição excessiva de informações pessoais e de suas empresas que podem ser usadas em ataques. Este comportamento é o oposto do que Alexandre nos ensina em sua abordagem estratégica. Observa-se que as plataformas de redes sociais continuam a ser a forma mais fácil para os hackers obterem acesso aos dados das empresas e pessoas, com um único incidente de violação de dados numa das principais redes de redes sociais resultando potencialmente no roubo de milhões de registos de uma organização. Em algumas situações, nem é necessário de fato um incidente de segurança para que os hackers tenham acesso aos dados, uma vez que os próprios usuários expõem várias informações nessas plataformas.
Além disso, a carta de Demóstenes é um exemplo claro de como as vulnerabilidades humanas podem ser exploradas. Ao apelar para o orgulho e o medo de Alexandre, Demóstenes tentou manipular o rei macedônio. Esta tática é semelhante às estratégias usadas por indivíduos mal-intencionados no ciberespaço, que exploram nossas fraquezas em busca de ganhos pessoais. Essa tática é muitas vezes usada em ações de engenharia social em que por telefonemas ou emails os atacantes tentam obter informações importantes dos usuários e empresas.
Portanto, este texto busca convidá-lo a refletir sobre sua própria exposição de dados na Internet que pode inclusive expor a empresa em que trabalha. Assim como Alexandre se preparou cuidadosamente antes de agir, é crucial que avaliemos o que compartilhamos online. Evitar responder a mensagens suspeitas ou participar de atividades duvidosas podem ser cruciais para proteger nossos dados pessoais e empresariais.
Este convite visa a uma reflexão sobre a importância da segurança cibernética e da gestão responsável das informações pessoais no mundo digital. Juntos, podemos criar um ambiente mais seguro e protegido no ciberespaço.
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Este artigo foi escrito por Lucas Tavares, aluno do Curso de Bacharelado em Ciência de Dados do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, e editado por Profa. Dra. Michele Nogueira, Cientista da Computação trabalhando nas áreas de Segurança de Redes, Privacidade e Resiliência e professora associada do DCC/UFMG. Nosso compromisso é continuar avançando nas áreas de cibersegurança e redes sem fio, buscando promover um mundo digital mais seguro e resiliente.
