Expandindo Horizontes pela Extensão Universitária: contribuições para a formação em Computação e transformação social

Expandindo Horizontes pela Extensão Universitária: contribuições para a formação em Computação e transformação social

Por Débora Abdalla Santos, Josemara Veloso, Juliana Maria Oliveira dos Santos e Solon Luis Dutra Junior

A partir dos anos 2000, houve a popularização da Internet e o avanço da Computação na vida das pessoas. O que antes era restrito às Universidades Públicas e Centros de Pesquisa passou a ser meio estruturante da vida em sociedade.  Estabeleceu-se no tecido social mais um elemento com o potencial de dignificar a vida humana, mas subjugado aos interesses de poder e domínio social, trouxe em si agravamentos das desigualdades sociais: o sujeito sem habilidades digitais no século XXI está condenado à exclusão e ao ostracismo cidadão.

Presenciamos grandes movimentos do governo brasileiro, com marco no ano 2000, ao ser lançado o documento “Sociedade da informação no Brasil:  livro Verde” (Tadao, 2000), contendo as diretrizes de um programa de ações rumo à Sociedade da Informação no Brasil.  Várias instituições da sociedade civil também começaram a desenvolver projetos e ações para inclusão digital. E as Universidades, propulsoras dos grandes avanços científicos e tecnológicos dos meios digitais, como atuam nos esforços de tornar essa nova tecnologia acessível e democrática?

Podemos pensar: não faz parte da responsabilidade universitária cuidar do social, pois a comunidade universitária já contribui com os estudos e inteligência, gerando essas tecnologias; que governos e organizações não-governamentais cuidem do acesso e educação do povo.  Tal pensamento se torna equivocado ao entender que o desenvolvimento científico se fortalece em servir ao desenvolvimento da dignidade humana e da natureza.

Compreendendo a importância do conhecimento científico ancorado nos saberes e realidades sociais, valorizamos a Constituição Federal de 1988, que estabelece a relação simbiótica da extensão com o ensino e a pesquisa.

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. (Brasil, 1988)

A extensão universitária, que aqui vamos compartilhar, inspira-se nas reflexões de Paulo Freire em seu livro “Extensão ou Comunicação?”, onde traz o fazer extensionista como propulsor de um aprendizado significativo e amplo para todos os envolvidos nas ações.

Por isto mesmo é que, no processo de aprendizagem, só aprende verdadeiramente aquele que se apropria do aprendido, transformando-o em apreendido, com o que pode, por isto mesmo, reinventá-lo; aquele que é capaz de aplicar o aprendido-apreendido a situações existenciais concretas. (Freire, 2015)

Programa Onda Digital – movimento de inclusão sociodigital

Em 2004, concebemos o Programa Onda Digital (POD) como ação permanente de extensão associada à formação dos estudantes da área de Computação, vinculado ao Departamento de Computação Interdisciplinar (DCI) do Instituto de Computação (IC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Iniciamos motivados por um grupo de estudantes do Bacharelado em Ciência da Computação da UFBA – preocupados em participar dos movimentos de inclusão digital – com cursos de Informática Básica para jovens de comunidades. Avançamos ao longo dos anos e nos deparamos com uma diversidade de possibilidades de ações de extensão, que nos foram mostrando, cada vez mais, caminhos de realizar extensão, ensino e pesquisa em sociabilidade.

Agregando a dimensão da pesquisa às atividades desenvolvidas desde 2004 pelo POD, dez anos depois, em dezembro de 2014, constituímos o Grupo de Pesquisa e Extensão em Informática, Educação e Sociedade, mantendo o nome do grupo Onda Digital. Citaremos alguns projetos que realizamos como forma de expressar a riqueza de possibilidades de realização de ações de extensão na Computação.

O Projeto Onda Solidária de Inclusão Digital (POSID), iniciado em 2006, é realizado por meio de cursos de extensão nas categorias de Informática Básica, com uso de software livre, programação, audiovisual e hardware, além de Oficinas Itinerantes com temas que propiciam a criação de um espaço para a discussão e aprofundamento de temas sociais atuais e relevantes. As capacitações em educação digital foram expandidas em parceria com diversas organizações sociais.

Desde 2009, as ações do POSID também têm recebido apoio da Atividade Curricular em Comunidade e em Sociedade (ACCS) – MATC53 – Onda Solidária de Inclusão Digital: tecnologia a serviço da cidadania, disciplina oferecida pelo DCI/IC da UFBA.  Com a ACCS fortalecemos a nossa capacidade de intervenção social, incentivando os estudantes, não apenas dos cursos de Computação, mas de diversos outros cursos da UFBA a realizarem trocas entre o conhecimento interdisciplinar e os saberes populares.  Um painel contendo imagens que mostram a diversidade do público que é atendido nas atividades das turmas do primeiro semestre letivo de 2019, está publicado no perfil do Instagram do Onda Digital, mostra a diversidade de público atendido.

A diversidade tem sido o elemento de grande entusiasmo em nossas ações. Várias parcerias são realizadas, o que nos permite adentrar em camadas da sociedade que são muito marginalizadas, como pessoas em situação de rua, que são atendidas pelo Centro de Atenção Psicossocial para tratamento de usuários de álcool e outras drogas – CAPS AD Gregório de Matos.  A riqueza de aprendizados que a atividade proporciona está documentada no vídeo “Onda Digital – Inclusão Digital ao CAPSad Gregório de Matos“, produzido pelo estudante de Medicina da UFBA e aluno da disciplina ACCS, Lincoln Aramaiko e publicado em seu canal do Youtube (Aramaico, 2018).

Fundo azul com letras brancas: “Onda Digital – Turma do CAPS AD Gregório de Matos 2018.2”, ilustrando capa do vídeo documentário.
Capa do vídeo “Onda Digital – Inclusão Digital ao CAPSad Gregório de Matos”, produzido pelo aluno da disciplina ACCS, Lincoln Aramaiko, no semestre 2018.2.

Com força total estão chegando as ações com comunidades indígenas e quilombolas. Em junho de 2023, realizamos oficinas na Tenda da Juventude do 5º Acampamento Terra Livre – ATL Bahia, pelo projeto Caminhos Digitais: Encontro de Educação e Tecnologia Digital para Indígenas, com 33 participantes de variadas etnias. O objetivo foi  introduzir grupos indígenas às ferramentas básicas de Computação, como o uso do pacote LibreOffice, ferramentas de pesquisa online e comandos básicos no manuseio das máquinas, além de realizar uma conversa sobre Inteligência Artificial.

Todas as atividades de extensão são certificadas e experiências surpreendentes são contadas a partir dessas atividades. Entre os cursos ministrados, estão o  curso de Iniciação à programação para mulheres em parceria com o projeto Meninas Digitais – Regional Bahia (www.instagram.com/meninasdigitaisba/) desde 2016 e a turma de Internet e Tecnologias Abertas, voltada para alunos do ensino médio, em parceria com os projetos UFBA Mostra sua Cara e Soluções de Aprendizagem e Projetos para Entidades Relacionadas ao Cuidado das Crianças e Adolescentes (SAPECA), iniciada em 2018.

Sete mulheres jovens com aparências diversas e sorrindo, posam para foto. Quatro delas seguram seus certificados de conclusão do curso de Iniciação à Programação de Computadores, realizado na ACCS em parceria com o Programa Onda Digital.
Cursos realizados no semestre 2023.2 pelo projeto Onda Solidária de Inclusão Digital e a ACCS MATC53.  Fonte – acervo Onda Digital. Dezembro 2023.

No final do segundo semestre de 2023, a parceria POD e ACCS MATC53 viabilizou cursos que oportunizaram conhecimento e inclusão digital, culminando com a entrega de 211 certificados de conclusão. Os cursos foram totalmente gratuitos, voltados para jovens, adultos e idosos com turmas temáticas sobre iniciação em Informática; criação de conteúdo e segurança em mídias digitais; iniciação à programação de computadores e Internet e tecnologias abertas.

Além de estreitar o vínculo entre a Universidade e a população em seu entorno, as atividades configuram-se como uma possibilidade de desenvolvimento para estudantes de diversos cursos de graduação da Universidade, pois são eles que atuam como instrutores. Chegamos ao ponto em que atividade de extensão realizada pelo POD torna-se relevante tanto para o público interno – seus estudantes em formação – quanto para a sociedade, que é a comunidade externa beneficiada.

Uma oportunidade em que todos os envolvidos se integram: os que orientam e os que obtêm o conhecimento participam satisfatoriamente, culminando no cumprimento prático de um compromisso social, principalmente nas universidades públicas, que são financiadas por recursos públicos.

Oito rapazes jovens com aparências diversas posam para foto  em que seis deles seguram certificados de conclusão de cursos. A maioria deles são negros, vestem bermudas, calças jeans e usam sandálias e tênis.
Jovens recebem certificados de conclusão dos cursos de extensão do Programa Onda Digital, em dezembro de 2023. Fonte: Edgar Digital /UFBA, dezembro de 2023).

A realização de atividades de extensão também pode contribuir para a redução da evasão acadêmica, como constatou a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), no seminário “A Extensão e o compromisso público da Universidade”, realizado no Congresso dos 70 anos da Universidade Federal da Bahia, em 2016.

As atividades de extensão têm uma função que vão além de aproximar a universidade da comunidade, reduz a evasão dos estudantes. A extensão é capaz de dar sentido ao conhecimento obtido pelos estudantes na sala de aula, pois os aproxima do mundo real, à medida em que praticam o que aprenderam e, também, beneficiam pessoas da comunidade. Eles aprendem muito mais e por isso, avançam em seus cursos. (UFBA, 2016)

Diversidade na Extensão

No intuito de mostrar possibilidades de atividades de extensão que vão além de cursos e oficinas, apresentamos um breve relato sobre projetos desenvolvidos pelo nosso grupo de pesquisa e extensão Onda Digital.

Meninas Digitais Regional Bahia (MD-BA)

O projeto Meninas Digitais – Regional Bahia é um dos polos de atuação do programa nacional chancelado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), o Programa Meninas Digitais. A Regional Bahia nasceu em meados de 2016 e tem como foco a inclusão de meninas e mulheres negras e/ou oriundas da rede de ensino público como forma de oportunizar para essas minorias o contato com a ciência e tecnologia.

A principal ação de fomento à participação de mulheres na Computação realizada pelo MD-BA é o Curso de Iniciação à Programação de Computadores (CIPROG) com turmas exclusivas para mulheres que tem sido ofertado semestralmente em parceria com a ACCS MATC53. As turmas exclusivas para mulheres criam um ambiente mais seguro, onde as mulheres se sentem mais confortáveis para perguntar e não se sentir julgadas por errar, além de desenvolver a autoconfiança (Santos, Pereira e Santos, 2018).

Outras ações são desenvolvidas como minicursos e oficinas sobre Arduíno, programação para dispositivos móveis e softwares livres de edição multimídia; participação em mesas redondas e palestras tanto na Universidade quanto em escolas, realização de pesquisas e desenvolvimento de artigos científicos, produção de vídeos e lives temática e campanhas para as redes sociais. Essas atividades, além do aspecto técnico, possibilitam melhoria do arcabouço teórico, superação da timidez, amplia a rede de contatos e prepara para a carreira acadêmica.

#TBT Meninas Digitais – Episódio 01: 100 dias de novos horizontes

NNC – Negras e Negros na Computação

Criado em 2016, o projeto de pesquisa e extensão tem como objetivo estabelecer espaço de formação político-racial, por meio do diálogo com grupos e comunidades, para ampliação do letramento racial nas tecnologias e Computação. Por meio de palestras e mesas redondas em universidades e escolas, estabelecimento de parcerias, realização de oficinas de audiovisual, leitura e discussão de livros, o projeto é executado. Uma das produções de destaque refere-se à produção de um documentário que aborda as soluções de permanência e de sucesso acadêmico e profissional de pessoas negras na área da Computação, com depoimentos disponíveis em vídeo e em podcast no site http://eunaosoudecomputacao.com/.

NuSOL – Núcleo de Difusão e Desenvolvimento do Software

NuSoL é uma iniciativa que visa o desenvolvimento de um ecossistema de produção de Software Livre (SL), focado em aplicações de interesse social para benefício das comunidades interna e externa à UFBA. O NuSoL visa aproximar a sociedade da discussão sobre SL e seus benefícios produtivos, financeiros, tecnológicos e sociais, além de realizar a oferta de cursos e oficinas para comunidade sobre publicação de software livre, conteúdos abertos, padrões abertos, dados abertos, direitos autorais e licenças.

Um dos primeiros resultados do NuSol foi o desenvolvimento de um aplicativo com característica web, a partir da filosofia do software livre, para apoio no processo de caracterização da qualidade de amostras de água, por meio de Índice de Qualidade da Água, de formulação específica e pré-estabelecida, o e-IQUAS (Almeida et al., 2021).

Projetos de desenvolvimento em software livre também podem ser considerados extensão, desde que tragam uma relação direta com a sociedade. Atualmente estamos desenvolvendo o Projeto  Plataforma Livre Nação Yuxibu. O projeto consiste no desenvolvimento de uma plataforma online, na modalidade software livre, cujo propósito é ajudar a superar as dificuldade que indígenas das etnias da Floresta Amazônica, em especial os  Huni Kuī,  enfrentam no movimento de compartilhamento da cosmovisão de seu povo em relação a forma de viver humana e dos direitos da natureza.

A plataforma está sendo concebida de forma a servir de base para que outros povos tradicionais possam utilizar do modelo desenvolvido com o mesmo propósito de difusão de suas cosmovisões.

Ciclo de palestras – Computação e Ética na Sociedade Contemporânea

O Ciclo de Palestras é uma atividade de extensão composta de palestras e mesas redondas com o objetivo de despertar uma consciência crítica e responsável sobre os diversos aspectos associados aos desenvolvimentos tecnológicos que vêm modificando a face da sociedade. Essa ação é realizada em regime de colaboração com o componente curricular da graduação MATA68 – Computador, Ética e Sociedade, ofertado pelo DCI/IC da UFBA.

A cada semestre são debatidos temas que estão em grande repercussão na sociedade e que influenciam na formação do estudante da área de Computação e afins. Discutimos a ética na perspectiva de que ela perpassa por todas as ações dos humanos enquanto seres sociais, portanto aprender conceitos éticos nos permite transitar em todos os aspectos da vida, incluindo o profissional, de forma correta e íntegra. São trazidos temas como: Ética, Tecnologia e Controle; Software Livre e Controle Social; Dados Abertos, Pandemia e LGPD; Fake News e os caminhos para informação em rede; Inteligência Artificial, Democracia e desafios regulatórios; Saúde emocional nas redes; Diversidade na Computação. Todas as palestras são transmitidas pelo canal do Youtube do Programa Onda Digital,  como por exemplo a palestra sobre ChatGPT realizada no semestre 2023.1 ChatGPT – COMPUSOC 2023.1.

Considerações finais

Ao longo de 20 anos de atividades desenvolvidas pelo grupo Onda Digital, tivemos a oportunidade de observar de perto o impacto positivo que essa atividade de extensão têm na formação superior dos estudantes universitários, em especial aos vinculados aos cursos de Computação (Santos e Santos, 2014; Santos et al., 2016). A participação nesses projetos oferece aos estudantes uma série de benefícios que vão além da sala de aula.

Em primeiro lugar, a aplicação prática do conhecimento adquirido em sua formação. Os estudantes têm a chance de aplicar conceitos de Computação e tecnologia em situações reais, o que enriquece sua compreensão e solidifica sua aprendizagem, influenciando em uma atuação profissional mais cidadã e conectada com a realidade do seu país.

Diante das diretrizes e recomendações curriculares sobre a importância e necessidade de uma formação humanística e social aos estudantes egressos dos cursos de Computação e dos relatos de estudantes mostrando o quão benéfico é participar de atividades que possibilitam uma rica troca de experiências, aprendizados e conhecimentos entre Universidade e Sociedade, enxergamos que as práticas de ensino engessadas — muito focadas em conhecimentos técnico e científico — devem ser revistas, pois apesar de necessários para o exercício profissional, estes conhecimentos devem atuar em conjunto com outras habilidades formando, assim, o perfil do profissional do mundo contemporâneo, um profissional que seja capaz de tomar decisões e criar soluções de maneira rápida e preparado para atuar de maneira holística, levando em consideração aspectos culturais, políticos, econômicos e sociais envolvidos. (Santos et al., 2017).

Além disso, as habilidades desenvolvidas durante os projetos são inestimáveis. Trabalho em equipe, liderança, comunicação e resolução de problemas são competências essenciais no mundo profissional, e os estudantes as aprimoram ao participar das atividades do Onda Digital. A rede de contatos que construímos durante os projetos é um recurso valioso. Interagimos com profissionais da área, organizações parceiras e membros da comunidade, ampliando nossas conexões e abrindo portas para oportunidades futuras.

O impacto social dos projetos também é um aspecto que chamamos atenção. É inspirador ver os estudantes se engajando em questões relacionadas à inclusão digital e tecnológica, contribuindo para a redução da desigualdade de acesso às tecnologias, promovendo a educação digital na comunidade e influenciando jovens com realidades em vulnerabilidade socioeconômica a ingressarem na Universidade.

O Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, instituído pela Lei nº 13.005/2014, apresenta uma lista de 20 metas a serem cumpridas. A Meta 12, que diz respeito à elevação da taxa de matrículas na educação superior, estabelece, para alcançar esse objetivo, a estratégia da curricularização da extensão.

(item 12.7 do texto anexo ao PNE) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total de créditos curriculares exigidos para a graduação em programas e projetos de extensão universitária, orientando sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência social; (Brasil, 2014)

É interessante entender a perspectiva de ampliar o acesso à educação superior por meio da extensão universitária. Quem mergulha nesse caminho tem acesso a vários movimentos que levam a sociedade a se conectar com a universidade e indivíduos passam a desejar e valorizar o ingresso no ensino superior. Com as ações do Onda Digital, tivemos a grata surpresa de encontrar vários jovens de comunidades presentes no campus universitário, por influência de nossas ações.

As Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e a normatização do disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/201 se estabelece na Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018, do Conselho Nacional de Educação, fornecendo os direcionamentos para a curricularização da extensão que, entre outras coisas, estabelece a obrigatoriedade de 10% do total da carga horária curricular de um curso de graduação deve ser realizada como atividades de extensão.

Art. 4º As atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10% (dez por cento) do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação, as quais deverão fazer parte da matriz curricular dos cursos; (Brasil, 2018)

Para além da obrigatoriedade, a resolução traz em suas diretrizes os princípios norteadores da   extensão como amálgama de uma educação superior que promove ensino e pesquisa integrada a sociedade e realidades culturais.

Art. 3º A Extensão na Educação Superior Brasileira é a atividade que se integra à matriz curricular e à organização da pesquisa, constituindo-se em processo interdisciplinar, político educacional, cultural, científico, tecnológico, que promove a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade, por meio da produção e da aplicação do conhecimento, em articulação permanente com o ensino e a pesquisa. (Brasil, 2018)

Ao compartilhar um pouco das atividades que desenvolvemos no grupo de pesquisa e extensão Onda Digital, esperamos ter mostrado que existem diversas maneiras de engajar os estudantes e professores da Computação em atividades de extensão e que as experiências adquiridas trazem um diferencial significativo na formação superior,  tanto no âmbito pessoal quanto profissional.  Que esse compartilhar possibilite expandir horizontes para a implementação da curricularização da extensão, em especial para os cursos de Computação.

Nós valorizamos profundamente as atividades de extensão, reconhecendo sua importância na formação acadêmica, desenvolvimento de habilidades e contribuição social. E você nos acompanha nessa jornada?

Referências 

ALMEIDA, R. A. S. de, ALMEIDA, C. S. de B., SOUZA, L. dos S., & SANTOS, D. A. (2021). Aplicativo web para caracterizar a qualidade da água. Holos Environment, 21(1), 1–22. https://doi.org/10.14295/holos.v21i1.12408

ARAMAICO, Lincoln. Onda Digital – Inclusão Digital ao CAPSad Gregório de Matos.  Youtube, 12 de dezembro de 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=i7fjzvn2BGk>. Acesso: 20 de abril 2024.

BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Plano Nacional de Educação – PNE. Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso: 07 de maio 2024.

BRASIL. Resolução CNE/CES nº 7, de 18 de dezembro de 2018 –  Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e regimento disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação – PNE 2014-2024 e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=104251-rces007-18&category_slug=dezembro-2018-pdf&Itemid=30192. Acesso: 07 de maio 2024.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>  Acesso em: 11 mar 2023.

SANTOS, J. M. O; SOUZA, C. M.; SANTOS, T. A.; ALVES, P. M. B. F.; SANTOS, D. A. Contribuições da Extensão Universitária na formação social, acadêmica e profissional dos estudantes de Computação. In: Workshop Sobre Educação em Computação (WEI), 25. 2017, São Paulo. Anais […]. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2017 . ISSN 2595-6175. DOI: https://doi.org/10.5753/wei.2017.3554.

FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação? 17. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2015.

SANTOS, J. M. O; PEREIRA, K. A. S. ; SANTOS, D. A. O uso da programação para atração de mulheres à computação: relatos de experiência. In: XII Women in Information Technology, 2018, Natal – RN. Anais do XXXVIII Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, 2018. Disponível em: https://sol.sbc.org.br/index.php/wit/article/view/3386. Acesso em: 04 mar 2024.

SANTOS, J. M. O;  SANTOS, D. A. Contribuição da Extensão na Formação Social, Acadêmica e Profissional do Estudante Universitário: O Caso do Programa Onda Digital. In: VI Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2014, Belém – PA. Anais do 6º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2014. p. 338-342.

SANTOS, J. M. O;  SANTOS, G. F;  SOUZA, C. M; SANTOS, D. A. Um modelo de gestão de programa de extensão universitária como potencializador da capacidade inovadora e de liderança de estudantes de ensino superior: estudo de caso Onda Digital. In: Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2016, Ouro Preto – MG. Anais do 7º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2016.

TADAO, Takahashi. Sociedade da informação no Brasil: livro verde (organizador). Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.

UFBA. Reitores discutem Extensão Universitária no Congresso da UFBA in: UFBA em Pauta, publicado em 16 jun 2016. Disponível em: <https://www.ufba.br/ufba_em_pauta/reitores-discutem-extens%C3%A3o-universit%C3%A1ria-no-congresso-da-ufba> . Acesso em: 07 mar 2024. 

UFBA. Onda Digital promove inclusão digital e aproximação entre UFBA e comunidade.: EdgarDigital, 22 de dezembro de 2023.  Disponível em: <https://www.edgardigital.ufba.br/?p=27771> .  Acesso: 07 mar 2024.

Autoria

O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é Debora-1024x1024.png Débora Abdalla Santos. Professora Titular do Departamento de Computação Interdisciplinar (DCI) do Instituto de Computação (IC) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Difusão do Conhecimento (PPGDC) da UFBA. Possui graduação em Processamento de Dados pela UFBA (1990), mestrado (1993) e doutorado (2000) em Ciência da Computação pela UFPE. Coordena, desde 2004, o Onda Digital, programa permanente de extensão de inclusão sociodigital. Líder e pesquisadora do Grupo de Pesquisa e Extensão em Informática, Educação e Sociedade – Onda Digital, criado em 2014. Tem realizado trabalhos principalmente nos seguintes temas: inclusão sociodigital, informática na educação, educação em computação, computação e sociedade, ontologias, lógicas de descrições e web semântica. Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/0147487762250438
O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é Josemara-1-1024x1024.png Josemara Veloso. Doutoranda em Difusão do Conhecimento pelo Programa de Pós-graduação em Difusão do Conhecimento. Mestre em Administração pelo Núcleo de Pós-Graduação da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia. Graduada em Comunicação Social/Jornalismo pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Pesquisadora em jornalismo científico, mídias sociais digitais e universidades. Como servidora técnico-administrativa na Assessoria de Comunicação da UFBA, trabalha com Jornalismo Científico. Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/6229405427176331
O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é Juliana-1024x1024.png Juliana Maria Oliveira dos Santos. Mulher negra, baiana, mestranda em Ciência da Computação e Bacharela em Sistemas de Informação, ambos pela UFBA. Integrante do Grupo de Pesquisa e Extensão em Informática, Educação e Sociedade – Onda Digital. Extensionista em Computação há 12 anos, com experiência em gestão, execução, avaliação e comunicação da extensão, atuando no SPIDeLab (Semio-Participatory Interaction Design Research Laboratory), no Grupo NEGRÉGORA (UFBA/USP) – Projeto Negras e Negros na Computação, no Projeto Onda Solidária de Inclusão Digital (POSID/UFBA) e na diretoria geral do Projeto Meninas Digitais – Regional Bahia. É membra, desde março de 2023, do GT IDEA/CEduComp/SBC. Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/1942862457809155 
O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é Solon-1024x1024.png Solon Luis Dutra Junior. Solon é um apaixonado por tecnologia e educação, com um pé no mundo digital e outro na rica tradição dos saberes ancestrais, ele se dedica aos indígenas buscando formas inovadoras de integrar conhecimentos milenares com a contemporaneidade. Seu trabalho com educação é uma verdadeira fusão de mundos, mostrando que é possível ser tech e ao mesmo tempo profundamente conectado com as tradições. Se você o procurar, é provável que o encontre no meio de uma conversa animada sobre como a tecnologia pode preservar culturas. Atualmente é membro voluntário do grupo de pesquisa e extensão Onda Digital.

SANTOS, Débora A.; VELOSO, Josemara; DOS SANTOS, Juliana M. O.; DUTRA JÚNIOR, Solon L. Expandindo Horizontes pela Extensão Universitária: contribuições para a formação em Computação e transformação social. SBC Horizontes. ISSN 2175-9235. maio de 2024. Disponível em: https://horizontes.sbc.org.br/index.php/2024/05/expandindo-horizontes-pela-extensao-universitaria-contribuicoes-para-a-formacao-em-computacao-e-transformacao-social/. Acesso em: dd mês aaaa.

Compartilhe: