Um pequeno recorte do caminho para a vacina: mulheres fundamentais para o desenvolvimento de um imunizante em tempo recorde

Florence nasceu a mais de 200 anos atrás, em 12 de maio de 1820. Como enfermeira, implementou medidas de higiene novas na época, como lavar as mãos e higienizar e ventilar ambientes. Com estas medidas salvou a vida de incontáveis soldados na década de 1850 (Silveira, 2020).

Florence publicou um livro entitulado “Notas sobre Enfermagem”, em 1860, onde afirma que “toda enfermeira ou enfermermeiro, deve ter o cuidado de lavar suas mãos muito frequentemente ao longo do dia. Se lavar o rosto, também, ainda melhor” (Florence, 2010). Lavar as mãos é uma das principais medidas de higiene amplamente divulgadas e usadas como forma de se combater a pandemia de covid19. Suas ideias, revolucionárias para a época, são usadas até hoje e seu livro já ganhou versões atualizadas.

Rosalind, nasceu em 1920, contrariando sua família, que acreditava que mulheres não deveriam frequentar a universidade, formou-se em química e fez doutorado em físico-química. Rosalind realizava suas pesquisas em raios-x, utilizando esta técnica obteve a primeira imagem de uma molécula de DNA. A descoberta da DNA, como conhecemos hoje, em dupla hélice, é creditada a James Watson , Francis Crick e Maurice Wilkins (Silveira, 2020). Franklin nunca confrontou os colegas de pesquisa e sua contribuição só veio à tona graças a comentários negativos que James Watson profere, ao chamar Rosalind de “agressiva”, em seu livro A dupla hélice: Como descobri a estrutura do DNA, escrito em 1968 (Galastri, 2014).

O primeiro coronavírus foi identificado, em 1964 por June Almeida. June nasceu em 1930, na Escócia. Apesar de não ter acesso facilitado a educação, ela conseguiu um trabalho como técnica de laboratório em histopatologia na Royal Infirmary.  (Silveira, 2020). A descoberta do primeiro coronavírus humano foi realizada analisando amostras de lavagem nasal, em um estudo sobre influenza. A descoberta foi publicada no British Medical Journal em 1967 (Almeida, Tyrrell 1967). June teve um papel fundamental na captura da imagem do primeiro coronavirus humano.

Ester é pesquisadora do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IMT-FM-USP) e liderou a equipe que sequenciou o genoma do novo coronavírus em tempo recorde. Foram 48h para que a equipe obtivesse o genoma do vírus usando a técnica de metagenômica ( Silveira, 2020).

Uma pesquisadora preta, como gosta de ser chamada, pois o termo negro remete a um ser sem luz. É pesquisadora na faculdade de medicina da USP e é uma das jovens do grupo liderado por Ester Sabino (Silveura, 2020). 

Coordenadora de pesquisas , no Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), na área de reposicionamento de fármacos para o tratamento da Covid-19. O grupo usa o superlaboratório de luz Síncroton, para entender como o vírus se comporta (Lira, 2020).

 Liderou o desenvolvimento da vacina da Moderna. Kizzmekia é uma cientista afro americana, possui doutorado em microbiologia e imunologia (Silveira, 2020).

Sara trabalha no Laboratório Nacional Los Alamos, utilizando modelos matemáticos e computacionais para dispersão de doenças infecciosas, especialmente os vírus de malária, HIV e influenza (Silveira, 2020). 

Atualmente, Sara está usando modelos computacionais, para simular diversos possíveis cenários de distribuição das vacinas, considerando os movimentos de migração, a fim de encontrar qual a abordagem mais eficiente (Del Valle e McMahon, 2021).

Mariana Carmin

Informata Biomédica formada pela UFPR. Mestranda do programada PPGINF/UFPR no laboratório de pesquisa HIPES.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/4973263323953650