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Software, Cidadania e Liberdade: o C3SL em 18 anos de conhecimento compartilhado

Software, Cidadania e Liberdade: o C3SL em 18 anos de conhecimento compartilhado

As universidades públicas brasileiras têm papel chave como promotoras do desenvolvimento econômico, tecnológico e social do país. Diversas instituições de ensino e pesquisa, com seus laboratórios e grupos, têm contribuído fortemente não apenas com a formação de recursos humanos de alta qualidade, mas também com o desenvolvimento científico e tecnológico, com a formulação de políticas públicas, e com o oferecimento de serviços para a sociedade. Nesta matéria, convidamos os pesquisadores do grupo C3SL, da Universidade Federal do Paraná, a falar sobre seu histórico de pesquisa e desenvolvimento aliados a contribuição tecnológica e social.

Criado em 2002 no Departamento de Informática da UFPR, O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) é um grupo de pesquisa que atua como um centro de desenvolvimento de soluções computacionais para problemas complexos cujos projetos são relacionados ao acompanhamento de políticas públicas. 

logo C3SLAtualmente estão em andamento projetos nas áreas de Educação, Inclusão Digital e Saúde. O grupo já realizou atividades de pesquisa e desenvolvimento em diversas especialidades, tais como acompanhamento de políticas de inclusão racial, mobilização social, logística, biologia, geologia e distribuição de energia elétrica. Os projetos desenvolvidos têm grande impacto social e geralmente atingem grande parte da sociedade brasileira, como foi o caso do Linux Educacional, instalado em 1.500.000 computadores de escolas públicas brasileiras no projeto PROINFO/MEC.

A complexidade dos projetos se dá devido às suas soluções requererem diversas subáreas do conhecimento, a fim de serem robustas, escaláveis e terem uma vida útil longa. Para lidar com esse tipo de problema, o C3SL conta com uma equipe multidisciplinar na Ciência da Computação. O grupo é formado por 14 docentes pesquisadores com experiência diversificada, em áreas como banco de dados, engenharia de software, redes e sistemas distribuídos, inteligência artificial, segurança computacional, IHC, visão computacional, sistemas embarcados e informática na educação.

O movimento de software livre apareceu como oposição ao crescimento do modelo de negócios baseado em software proprietário que dominava o cenário econômico da época, até o início dos anos 2000. As empresas com maior faturamento eram aquelas ligadas à bancos de dados, tais como Oracle, ou sistemas operacionais para computadores pessoais, como Microsoft ou Apple. Um tema recorrente na época era o downsizing, que procurava diminuir as plataformas que rodavam (e rodam ainda) nos grandes mainframes. Esses últimos ainda faturavam (e faturam) sobre sistemas operacionais, linguagens de programação e bancos de dados especializados próprios.

Por outro lado, as Universidades públicas recebiam parcos recursos financeiros e, contraditoriamente,  sofriam uma imensa pressão, tanto dos alunos quanto do mercado, para se adaptarem à ordem vigente.

O C3SL surgiu como consequência natural desse contexto político/econômico a partir da atuação de seus pesquisadores. O laboratório foi criado na efervescência desse debate e teve sucesso ao aliar eficiência administrativa à eficiência de ensino e pesquisa. Medidas consideradas radicais na ocasião foram tomadas, tais como reaproveitamento de hardware antigo ou obsoleto, compra de hardware barato, quando possível, uso de soluções abertas de software com forte base em Linux e nenhuma compra de software proprietário. Foi adotado um modelo de gestão de informática que está descrito em (CARMO et al. 2001).

Vídeo da TV UFPR sobre o Centro de Computação Científica e Software Livre com seus pesquisadores.

Preocupação com o ensino e a formação

A atuação dos pesquisadores do C3SL contribuiu diretamente com a melhoria no ensino e na qualidade da formação oferecida aos alunos de Graduação e Pós-Graduação. Com algumas ações simples e que consistiram na formação de pessoal especializado em software livre, o grupo viabilizou que se pudesse formar excelentes administradores de sistemas e, também, adotar software livre nas diversas disciplinas de graduação. 

Em meados dos anos 2000, por exemplo, a disciplina de Banco de Dados passou a adotar Postgres, um sistema gerenciador de banco de dados gratuito e com a vantagem de se ter acesso ao seu código-fonte. Pouco tempo depois, os estudantes do C3SL estavam escrevendo código que foi incorporado como colaboração ao  próprio Postgres (GUTTOSKI et al, 2007), além de tornarem-se desenvolvedores internacionais do sistema XOrg por meio da criação do inovador sistema multiterminal.

Em outras palavras, foi possível apresentar desafios aos alunos que não seriam possíveis em ambientes proprietários. Os discentes passaram a ter a sensação de domínio e criação da tecnologia e não mais a de serem meros usuários dela.

Além de trazer os resultados de volta para a sala de aula, o C3SL também passou a oferecer serviços e expertise para atender demandas externas, tais como:

  • Prover meios para físicos, matemáticos, engenheiros e biólogos poderem pesquisar problemas de computação científica com soluções de baixo custo;
  • Migrar plataformas proprietárias para software livre, como CINDACTA-II, Pastoral da Criança e Rede Paranaense de Comunicação (afiliada da Rede Globo no Paraná);
  • Viabilizar, dentro do modelo que já tinha adquirido bastante sucesso, a implantação do Projeto Paraná Digital, que levou 44.000 computadores para todas as 2.100 escolas públicas estaduais do Paraná com uma solução inovadora e econômica (CASTILHO et al., 2008; BONA et al., 2009).

Assim, desenvolvemos um modelo consolidado de pesquisa aplicada, segundo o qual nossos alunos podem entender e praticar a Ciência da Computação para resolver grandes desafios sociais. Conceitos como ética e responsabilidade passam naturalmente a integrar a formação dos alunos, ao mesmo tempo em que viabilizam-se possíveis startups para os formandos dos cursos de graduação.

Responsabilidade e Pesquisa

A pesquisa desenvolvida no C3SL tem como fundamento o fato de que a ciência é neutra mas a Universidade e seus laboratórios precisam cumprir um papel social e transformador, tanto ao resolver problemas que surgem, muitas das vezes para atendimento de políticas públicas, quanto como agente ativo para a própria definição e construção destas políticas.

O C3SL foi criado para a aplicação da Ciência da Computação em problemas não triviais e ao mesmo tempo como agente transformador e influenciador do que entende que possa vir a ser os rumos para uma sociedade mais justa e equilibrada. Em paralelo, o Centro tem por missão o desenvolvimento de pesquisa de ponta em áreas relevantes da computação, mas que ultrapasse suas fronteiras de modo a atingir um caráter inter e multidisciplinar, que é exatamente um dos grandes desafios que a Sociedade Brasileira de Computação estabeleceu em 2006. Para além destes desafios, outros pontos são fundamentais:

  • A responsabilidade social da computação na era da Internet;
  • Acesso dos cidadãos brasileiros ao conhecimento através da Internet;
  • Atendimento de políticas públicas para ampliação em massa do acesso ao conhecimento;
  • Sistemas governamentais de apoio à gestão e ampliação do conhecimento;
  • Independência tecnológica, tanto de hardware quanto de software.

Estes desafios só podem serem vencidos com uma pesquisa diferenciada, aquela que prima pela multidisciplinaridade e pela interdisciplinaridade.

Entretanto, os grupos tradicionais de pesquisa têm a tendência de estudar assuntos cada vez mais específicos da computação, o que certamente não implica em falta de qualidade e relevância. Porém, tais estudos por si só, não são capazes de enfrentar as grandes demandas que o mundo moderno impõe.

O C3SL, por sua vez, desenvolve pesquisas em parcerias com diversos outras áreas, tais como: biologia (genoma), saúde (sistemas hospitalares, monitoramento de grandes equipamentos do SUS, tais como tomógrafos e aparelhos de ressonância magnética), engenharia (estudo para dimensionamento do sistema elétrico brasileiro), logística (melhoria do sistema de transporte ferroviário) e comunicações (monitoramento do programa Cidades Digitais do Ministério das Comunicações).

Cobrindo diferentes eixos temáticos, os projetos conduzidos pelo C3SL e seus pesquisadores têm como valor e propósito produzir conhecimento livre, com base em software livre, compromisso social, liberdade de escolha de software e contra o aprisionamento tecnológico. 

Os temas dos projetos envolvem:

  • Inteligência artificial aplicada,
  • Medicina assistida por computação científica,
  • Preservação digital,
  • Sistemas computacionais avançados,
  • Sistemas para informática na educação,
  • Big data e dados abertos,
  • Computação forense e segurança computacional.

Em todos os projetos há uma preocupação com a escalabilidade das soluções, principalmente quando atinge níveis governamentais, pelo volume. Estes projetos necessitam a especialidade não de uma área da computação, mas do arranjo de diversas áreas, e isso influencia particularmente na formação de cientistas da computação, desde os níveis de graduação até o pós-doutorado, pois melhora sensivelmente a qualidade do ensino prestado.

Responsabilidade e Otimização de Recursos

A existência de um ambiente computacional de alta qualidade é um fator chave para o desenvolvimento dos projetos com sucesso. O laboratório possui data center mantido sob proteção elétrica de no-breaks e um grupo gerador que permite que os sistemas operem 24 horas, 7 dias da semana, sem interrupção.

Existe à disposição uma nuvem computacional contendo um PetaByte de armazenamento, dois mil núcleos de processamento e conexão direta à RNP com fibra própria em 20 Gbps, suportando aproximadamente 90% do fluxo de upload da UFPR inteira. Essa nuvem viabiliza projetos de longa duração com alta disponibilidade, dando suporte à computação de alto desempenho e grande escalabilidade. Isto permite que se possa experimentar novas tecnologias, avaliar a qualidade e o impacto de cada uma delas e tomar as melhores decisões em relação às necessidades de cada novo projeto que surge.

O C3SL também disponibiliza um cluster de alto desempenho que é compartilhado com pesquisadores parceiros. Montado e administrado pelos pesquisadores do grupo a partir de componentes de hardware genéricos individuais e software livre, o ambiente computacional oferece soluções muito mais baratas e flexíveis que as disponíveis comercialmente para processamento de alto desempenho e armazenamento e busca de informações. Assim, é feito uso racional da verba pública através de uma administração moderna aliada ao domínio tecnológico.

Há grande quantidade de hardware para disco e processamento, sem necessidade de se adquirir soluções “caixas pretas”, fechadas e caras. A administração é feita com base em máquinas virtuais que proveem serviços específicos, sendo que para cada máquina em produção existem outras de desenvolvimento, homologação e também de prospecção. Desta forma, mesmo que uma tecnologia esteja em uso, outras tecnologias melhores podem ser investigadas e experimentadas pelos pesquisadores em paralelo à disponibilização dos serviços.

Cada tecnologia escolhida tem base em pesquisa do que melhor existe disponível em forma de software livre, mas também e principalmente, no estado de evolução e continuidade dos pacotes de software usados. Não se adota nenhuma tecnologia que não seja promissora e que não tenha grupos de mantenedores espalhados pelo mundo. Projetos com comunidades pequenas ou desativadas não são considerados como boas opções. A escolha das tecnologias depende do potencial, não da moda.

Sempre que possível os serviços rodam em vários hardware diferentes, com redundância para evitar falhas. Os indicadores uptime dos equipamentos chegam a um ano costumeiramente. Os discos também são distribuídos em várias máquinas, incluindo dois backups localizados em locais físicos diferentes.

Assim, a grande característica dos serviços é a base em Software e Hardware livres, bem como a opção pela adoção dos conceitos de Dados Abertos e Independência Tecnológica com alta qualidade e baixo custo.

 O C3SL se especializou em aquisição de hardware de alta qualidade e baixo custo, o que permite disponibilizar sistemas de processamento e armazenamento eficientes e eficazes muito mais econômicos que os de mercado. Com isso, diversos grupos de pesquisa solicitam auxílio na resolução de problemas computacionais, gerando mais pesquisas inter e multidisciplinares.

Há também casos de sucesso em prospecção tecnológica. Algumas delas são hoje adotadas em larga escala por grandes empresas como Google e Facebook. O melhor exemplo disso foi a adoção do protocolo XMCP (Jabber), base do sistema de Xadrez onLine, desenvolvido em 2005.

Pesquisa e Desenvolvimento andando juntos

O modelo de atuação do C3SL é aplicado internamente no Departamento de Informática da UFPR, bem como dentro da própria Universidade. Exemplos de serviços prestados pelo C3SL para a comunidade da UFPR:

  • Implantação e manutenção da Biblioteca Digital da UFPR (desde 2004);
  • Criação e suporte de contas para mais de 2.000 usuários (desde 2005);
  • Hospedagem de infraestrutura computacional para diversos departamentos;
  • Administração do maior espelho de software livre do hemisfério sul e um dos maiores do mundo;
  • Disponibilização de aplicações para os usuários da rede da UFPR, tais como sharelatex, git, moodle, atribuição de salas de aula e outros.

Uma parceria com o Sistema de Bibliotecas da UFPR viabilizou, de forma pioneira ainda em 2002, alguns resultados bastante relevantes para a visibilidade dos dados de sua produção, o que colocou a UFPR entre as principais produtoras de conteúdos dentre as Universidades Públicas Brasileiras:

  • Biblioteca de Teses e Dissertações (2004-): primeira biblioteca digital de Teses & Dissertações brasileira com protocolo internacional de intercâmbio de dados, antes da CAPES tornar isso obrigatório;
  • RDI – Repositório Digital Institucional (2005-): pioneiro no uso do OJS como portal facilitador para editores de revistas científicas;
  • BDC – Base de Dados Científicos (2018-): disponibilidade de Dados Científicos. É preciso não apenas publicar artigos, mas disponibilizar dados que permitam que os experimentos possam ser reproduzidos.

Com forte atuação na educação pública, além do já mencionado projeto Paraná Digital, outros projetos de apoio à educação, foram o Projeto Linux Educacional (MEC e FNDE) que é uma customização de distribuição Linux que foi instalada em 1.500.000 computadores em escolas públicas de todo o Brasil (TODT e AMERICO, 2018), juntamente com o PROINFODATA (MEC e RNP) que monitora estes equipamentos (POSSAMAI et al., 2014).

O C3SL participou do projeto UCA TOTAL (MEC e FNDE) no projeto “Um Computador Por Aluno” no estado do Paraná, e produziu conteúdos digitais para uso em sala de aula no projeto Condigital (MEC, FNDE e Secretaria de Educação do Paraná) (DIRENE et al., 2010). No projeto  SIMCAQ (MEC), monitorou o custo qualidade das escolas  (ALVES et al., 2019). Este projetos levaram à implantação do Laboratório de Dados Educacionais LDE (MEC) com censo escolar e de ensino superior. Também mantém até hoje o Xadrez livre (MEC, Centro de Excelência em Xadrez) que é uma plataforma para ensino de xadrez online (DIRENE et al., 2004).

Em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o C3SL tem liderado a construção do portal de conteúdos educacionais do MEC que provê serviços de armazenamento e distribuição de conteúdos educacionais, com propriedades como busca simples e avançada, ranqueamento de resultados levando em consideração métricas como similaridade de palavras chave, pontuação de autores, quantidade de downloads e recomendações de outros usuários. O Portal é uma contribuição direta para disseminar e democratizar o acesso a conteúdos de qualidade para professores de todo o país.

Tela inicial do portal MEC
Portal MEC RED oferece recursos de armazenamento e distribuição de conteúdos educacionais a professores de todas as regiões do país.

Resposta às demandas da sociedade 

Os projetos do C3SL também se estenderam por outros setores, apoiando governos estadual e federal em diferentes ministérios. O monitoramento dos projetos Cidades Digitais, GESAC e Telecentros do então Ministério das Comunicações (SIMMC) (Weingaertner, 2017) foi um projeto que recebeu o prêmio de Melhor Projeto de Transparência Ativa da CGU, em 2018. Outros projetos foram o PINSIS, que monitora equipamentos de alto custo para suporte ao plano de expansão do SUS (ALEO et al., 2018), e o SMPPIR, que monitora as políticas de igualdade racial (Ehrenfried et al., 2019), e o Agendador, projeto de pesquisa realizado em parceria com o Ministério das Comunicações no âmbito do programa Cidades Digitais para disponibilizar uma aplicação de apoio ao agendamento de serviços públicos.

Uma linha de pesquisa e desenvolvimento relacionada a dados abertos tem sido de especial importância, tais como o Portal da transparência, que visa uma melhor visualização dos dados do portal da transparência do Ministério do Planejamento (DIRENE et al., 2016), e o Blended Integrated Open Data (BIOD), que viabiliza a consulta de dados abertos de forma eficiente.

O grupo contribuiu na especificação de editais públicos e na priorização de novas tecnologias. Com isto, reduziu-se o risco de investimento em tecnologias pouco consolidadas ou sem perspectivas, o que poderia ter incorrido em projetos sem qualidade e custosos aos órgãos públicos envolvidos. Alguns exemplos deste tipo de pesquisa foram a Preservação Digital  (sistemas distribuídos, bancos distribuídos); Análise de desempenho (banco de dados, cluster, nuvem, redes de alta velocidade); Processamento massivamente paralelo (arquiteturas heterogêneas de processamento); Informática baseada em dispositivos móveis (UCA, tablets, netbooks, smartphones, raspberry-pi).

A experiência do C3SL permitiu que, recentemente, fosse criado um grupo interdisciplinar com estudos sobre o COVID-19, envolvendo pesquisadores das diversas áreas das exatas, como computação, estatística, matemática e expressão gráfica, além de pesquisadores da biologia, enfermagem e design. O portal COVID tem por objetivo agregar informações atualizadas, modelos estatísticos, visualizações de dados e links úteis sobre a pandemia COVID19 no Brasil, mais especialmente no Estado do Paraná. O portal conta com voluntários e bolsistas de graduação, mestrado e doutorado, que realizam desde atividades de administração do servidor até ciência de dados.

Imagem do portal COVID-19 com gráficos sobre a incidência em diferentes estados.
Portal COVID19. O conteúdo disponibilizado é um esforço conjunto de pesquisadores dos Departamentos de Estatística, Informática, Física, Matemática, Design e Saúde da Universidade Federal do Paraná e pesquisador do Insper-SP, com o apoio da Direção do Setor de Ciências Exatas da UFPR.

Contribuição continuada

O C3SL, enquanto grupo de P&D responsável socialmente, publicou artigos científicos sobre seus projetos, divulgando os resultados alcançados e o conhecimento adquirido. Os projetos realizados viabilizaram a formação de recursos humanos de excelência e, em decorrência disso, trabalhos de graduação, mestrados, doutorados e pós-doutorados. 

Na parte de obtenção de recursos financeiros, o C3SL captou mais de 10 milhões nos últimos três anos, colaborando com a sociedade em geral e com a manutenção da UFPR ao mesmo tempo. Neste sentido, investiu na infraestrutura de rede do Departamento de Informática da UFPR. Também investiu 1 milhão de Reais no data center, gerador, no-breaks e sistema de backup e outros 430 mil Reais na reforma dos laboratórios do andar superior do DInf. Também de suma importância, viabilizou quase uma centena de bolsas para alunos de vários cursos da UFPR (incluindo outros campi) nos últimos anos.

O C3SL foi pioneiro da adoção do software livre de maneira generalizada, quando este tema ainda era assunto outrora classificado como hobby de alguns poucos geeks. Ao mesmo tempo, apoia a comunidade, não só com a disponibilização de dezenas de espelhos de software livre. A infraestrutura do C3SL permite que a sociedade brasileira, e em particular os discentes de computação, mantenham o domínio tecnológico fundamental para a soberania de um país.

Foto de integrantes do C3SL
Foto de integrantes do C3SL em frente ao mural do artista paranaense Poty Lazzarotto no Centro Politécnico da UFPR.

A integração e o compartilhamento da informação são valores de importância extrema para o C3SL. Seus pesquisadores atuam também em outros grupos de pesquisa especializados, coordenando projetos específicos e gerando produção científica correspondente. Os projetos do C3SL, por sua vez, devido às suas demandas complexas e requisitos de integração e cooperação transdisciplinar, tornam o grupo diferenciado e bem sucedido em suas empreitadas. De todas elas, a que mais se almeja é aplicar a computação na área em que esta for necessária, contribuindo assim para a construção de uma sociedade mais inclusiva, justa e livre para pensar sem amarras.

Referências

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Como citar este artigo:

CASTILHO, M.; et al. Software, Cidadania e Liberdade: o C3SL em 18 anos de conhecimento compartilhado. SBC Horizontes, jun. 2020. ISSN 2175-9235. Disponível em: <http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/06/05/software-cidadania-e-liberdade-o-c3sl-em-18-anos-de-conhecimento-compartilhado/>. Acesso em: DD mês. AAAA.

Sobre os autores

Marcos Castilho é professor Titular do Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná. Tem doutorado em informática pela Université Paul Sabatier, Toulouse (França), mestrado em computação pelo DCC/UFMG e é bacharel em Matemática pelo IBILCE/UNESP. Suas principais áreas de atuação são (1) Inteligência Artificial, notadamente em representação do conhecimento em lógica e (2) Software Livre, notadamente em projetos de inclusão digital para atendimento de políticas públicas. Foi membro da COSIT – Comissão dos Sistemas de Informação e Telecomunicações do Estado do Paraná. 

Marcos Sunyé é diretor do Setor de Ciências Exatas desde 2013. Doutor em Banco de dados pela Université de Bourgogne (1993), realizou Pós Doutorado no Laboratório de Informática de Paris VI (LIP6) da Université Paris VI (Jussieu). Professor Titular da Universidade Federal do Paraná, tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Banco de Dados, atuando principalmente nos seguintes temas: banco de dados, integração, análise de desempenho e bibliotecas digitais. Coordenou uma série de projetos de pesquisa e desenvolvimento e é membro do Conselho Universitário da UFPR.

Luis Bona é professor associado da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Engenharia Elétrica e Informática Industrial pela UTFPR, realizou Pós-Doutorado no Barcelona Supercomputing Center BSC em 2013. Foi Chefe do Departamento de Informática entre 2008 e 2012, e atualmente é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Informática da UFPR (PPGInf). Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Sistemas Distribuídos, atuando principalmente nos seguintes temas: Sistemas Operacionais com foco em Armazenamento, Cloud Computing, Redes Definidas por Software e Sistemas Distribuídos de Larga Escala.

André Grégio é Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (2012), com sanduíche na UCSB – University of California, Santa Barbara. Professor Adjunto do Departamento de Informática na Universidade Federal do Paraná, foi Tecnologista Pleno do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI/MCTI) em Campinas/SP entre 2009 e 2016. Áreas e interesses de pesquisa: Segurança Computacional em geral; Comportamento de malware; Sistemas para análise de malware; Visualização, análise e mineração de dados de segurança; Segurança em SDN e IoT.

Fabiano Silva é doutor em Engenharia Elétrica e Informática Industrial pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2005). Atualmente é chefe do Departamento de Informática e professor associado da Universidade Federal do Paraná. Suas áreas de interesse são: lógica, inteligência artificial, sistemas de alto desempenho e software livre.

Leticia Mara Peres é professora associada do Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná e pesquisadora no Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL,UFPR), no Laboratório de Inteligência Artificial e Métodos Formais (LIAMF, UFPR) e no Laboratório de Fundamento e Aplicações em Engenharia de Software (FAES, UFPR). Doutora em Computação pela UFPR, seus interesses são em ensino e pesquisa de fundamentos e aplicações de engenharia de software e de sistemas, com ênfase em verificação e validação de software e de ontologias. É tutora do grupo SeSu/MEC PET-Computação da UFPR desde 2018.

Daniel Weingaertner possui doutorado em Saúde da Criança e do Adolescente – Informática Médica pela Universidade Federal do Paraná (2007). Pós-doutorado na área de Simulação de Sistemas e Computação de Alto Desempenho pela Unversidade de Erlangen-Nürnberg (Alemanha) (2012-2013). Atua principalmente nos seguintes temas: processamento de alto desempenho (processamento paralelo, GPGPU, simulação de sistemas) e software livre (gerência de sistemas, desenvolvimento para Linux, computação científica). 

Eduardo Todt  possui doutorado em Automatización Avanzada y Robótica – Universidad Politécnica de Cataluña (IRI-UPC, 2005), com parceria instituto FZI – Karlsruhe, obtendo título de Doutor Europeu, com Láurea. Desde 2008 é professor no Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e é líder do grupo de pesquisa Visão, Robótica e Imagens. Coordenador de projetos de grande porte envolvendo Linux Educacional, Plataforma de Objetos Educacionais e dispositivos móveis. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica e Engenharia de Computação, no desenvolvimento de produtos e sistemas para automação industrial, bem como gerente de P&D. 

Marcos Didonet del Fabro possuir doutorado em Informática – Universite de Nantes – INRIA (2007), pós-doutorado industrial (2008 – colaboração ILOG/INRIA) e trabalhou como pesquisador na IBM France (Software Group). Atualmente é professor associado na Universidade Federal do Paraná, Departamento de Informática, no grupo de pesquisa C3SL. Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Engenharia de Software (MDE) e Banco de Dados. Linhas de pesquisa: MDE, extração de informação, linguagens específicas de domínio (DSLs), linguagens de negócios, integração de dados abertos (Open Data).

Carlos Carvalho possui doutorado em Física da Matéria Condensada pela Université Pierre et Marie Curie, França (1990). Professor Adjunto da Universidade Federal do Paraná, Brasil.

Eduardo Cunha de Almeida recebeu seu título de doutor em Informática em 2009 pela Université de Nantes (equipe INRIA-GDD), França. Atualmente serve como Professor Associado na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e seus interesses de pesquisa são principalmente: sistemas de bancos de dados, qualidade de dados, perfil de dados e limpeza de dados. Trabalhou com tecnologias e aplicações de bancos de dados no Banco HSBC (atual Bradesco), na GVT Telecom (atual VIVO) e na Fundação UFPR. Realizou Pós-doutorado na Universidade de Luxemburgo e coordenou projetos nacionais e internacionais, estabelecendo colaborações de pesquisa com universidades e centros de pesquisa, como: COPPE, UFRGS, INRIA, University College Dublin, Université de Nantes, OTH Regensburg, Université de Lyon, Université de Montpellier, Université de Luxembourg, IRISA Rennes, CWI Amsterdam e HPI Berlin.

 

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