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Dragões, centauros e ciborgues

Dragões, centauros e ciborgues

Ele tinha seis anos. Lembro, com saudade, do tempo em que aquele quadro fez parte da decoração da cozinha. Vinte e nove de novembro de 2008. Um artista sempre registra a data de sua obra. Um dragão, mas parecia um robô lança-chamas. Cada um com a sua imaginação.

Dragões fazem parte do nosso imaginário. Robôs também. Com uma diferença: os robôs existem. Saíram dos livros e filmes de ficção científica e começaram lentamente a habitar o nosso mundo.

Vocês já viram a destreza dos robôs da Boston Dynamics? E o design do Optimus Gen 2 da Tesla? Tem ainda a Sophia the Robot, da Hanson Robotics. Essa tem até um perfil no Instagram. É uma figura pública.

Sophia é um robô do tipo human-like. É um humanoide. Aparência humana. Fala como nós. É a primeira cidadã robótica do mundo e também a primeira embaixadora da Inovação Robótica do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Impressionante. Robótica e inteligência artificial, combinando o melhor da ciência, engenharia e arte.

— Pense em mim como uma personificação dos nossos sonhos para o futuro da IA, diz Sophia.

Se a Sophia é o futuro da inteligência artificial, o ChatGPT é o cara do presente. Tipo celebridade. Assim como um dragão, ele existe e não existe. Ninguém vê por onde ele se esconde. Um pouco de imaginação. Outra metade é código. Código robusto, que mexeu nas estruturas da matrix e agora ninguém sabe muito bem como as coisas vão funcionar daqui para a frente.

Dizem que a nossa inteligência de nascença não é mais suficiente. Vamos ter que trabalhar junto com a inteligência artificial. Isso vai melhorar a nossa produtividade. Tipo um plus a mais. Desculpa a redundância. Inteligência nunca é demais. Mas o que eu gosto mesmo é da criatividade humana. A gente inventa cada coisa…

Dias atrás, li um artigo afirmando que humanos que usam inteligência artificial no trabalho aumentam a sua performance. Mas depende do jeito de usar. Eles classificaram os humanos em duas categorias: ciborgues e centauros. Ciborgues são híbridos, meio orgânico, meio máquina. São aqueles que trabalham de forma interconectada com a inteligência artificial. Os centauros são seres mitológicos antigos, metade homem, metade cavalo. Representam os que fazem um pouco de cada – intercalam atividades humanas com outras, usando a inteligência artificial.

Estranha mistura entre mitologia e ficção científica. Mas cada um com a sua imaginação.

Se eu tiver que escolher? Com certeza o dragão volta para a cozinha.

Arte: Niki (@ jururuart)
Revisão: Tiago Bergenthal

Como citar esse artigo:

BASSANI, Patrícia Scherer. Dragões, centauros e ciborgues. SBC Horizontes, 01 abr. 2024. ISSN 2175-9235. Disponível em: < http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2024/04/dragoes-centauros-e-ciborgues/>. Acesso em: DD mês. AAAA

Patrícia Scherer Bassani é doutora em Informática na Educação, professora titular do PPG em Diversidade Cultural e Inclusão Social na Universidade Feevale, na linha de pesquisa Linguagens e Tecnologias.

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