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Tecnoimortalidade

Tecnoimortalidade

Sempre tive apenas uma certeza nessa vida – um dia vou morrer. Posso garantir que todo mundo pensa a mesma coisa. Não tem jeito. Vamos todos passar desta para a melhor. Mas confesso que comecei a duvidar.

Primeiro, preciso contar que gosto de assistir filmes de ficção científica. Lá tudo é possível. Nos filmes da Marvel também, né? Mas nada de super-heróis por hoje.

A série Upload, que está disponível no streaming da Amazon Prime, apresenta a possibilidade de imortalidade a partir de uma ideia, digamos assim, bastante interessante. Que tal a possibilidade de ser digitalizado e viver em um mundo virtual? Viver para sempre. Imortal. Mas é bom lembrar que a imortalidade não é para qualquer um. Depende da sua conta bancária. A morte imita a vida.

Upload é um título ótimo para a série. O sujeito é digitalizado e incorporado no mundo virtual, um resort chamado Horizon. O paraíso das férias eternas. E ainda tem mais. A tecnologia de realidade virtual permite a comunicação entre os dois mundos. Vivos e mortos seguem interagindo. Mas sempre é bom lembrar que a imortalidade não é para qualquer um. A conexão ilimitada depende do seu plano de dados. A vida imita a morte.

Eu poderia indicar outros filmes e séries que abordam o tema. Mas não dá para sustentar certezas com base em filmes de ficção científica. Quem acreditaria?

Entretanto, algumas vezes, a realidade supera a ficção. As pesquisas de Martine Rothblatt exploram os limites da mortalidade humana. Inteligência artificial, criogenia, biotecnologia, um pouco de cada ou tudo junto. Li o livro Virtualmente Humanos, onde ela apresenta as promessas – e os perigos – da imortalidade digital. O livro aborda a proposta do clone mental. Conforme escreve Rothblatt, clones mentais são arquivos criados a partir de pensamentos, lembranças, sentimentos, preferências, crenças, atitudes, valores. Uma réplica funcionalmente igual à mente de uma pessoa. Tecnoimortalidade. Tecnologias para superar os limites do nosso DNA. Uno e duplo. A identidade fora do corpo. Nós, na máquina. Eu, a máquina. Sempre e para sempre.

Poderemos estar vivos e mortos ao mesmo tempo? Talvez sim. Talvez não. Com certeza, a tecnoimortalidade não é para qualquer um.

Arte: Niki (@ jururuart)
Revisão: Tiago Bergenthal)
Texto produzido durante o módulo Mosaico Santa Sede (@oficinasantasede & @rubempenz).

Como citar esse artigo:

BASSANI, Patrícia Scherer Assim caminha a humanidade. SBC Horizontes, 02 jan. 2024. ISSN 2175-9235. Disponível em: < https://horizontes.sbc.org.br/index.php/2024/01/tecnoimortalidade/>. Acesso em: DD mês. AAAA

Patrícia Scherer Bassani é doutora em Informática na Educação, professora titular do PPG em Diversidade Cultural e Inclusão Social na Universidade Feevale, na linha de pesquisa Linguagens e Tecnologias.

Currículo lattes e redes sociais

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